10/03/2015
Luiz Marinho: Por quem as panelas batem?
Peço licença para parodiar o poeta
maluco beleza, pois essa pergunta martela na minha cabeça desde a noite
do último domingo, 8 de março. Li, naquela mesma noite, em sites de
notícias, que haviam acontecido manifestações em prédios de bairros
nobres de algumas capitais brasileiras no momento em que a presidenta
Dilma fazia se pronunciava pela passagem do Dia Internacional da Mulher e
sobre os ajustes que estão sendo feitos para combater a crise econômica
que atinge nossa economia e de vários países. Manifestações essas
mobilizadas pelas redes sociais no domingo.
Pois bem. Será que essas panelas batem
por que não há carros de luxo para pronta entrega nas concessionárias,
já que a oferta está muito menor do que a demanda? Será que batem por
que as filas de espera em restaurantes de luxo continuam grandes? Ou
será que batem por que as viagens a Miami e os gastos de brasileiros no
exterior continuam crescendo? Talvez seja.
Só tenho certeza que elas não batem
pelos milhões de brasileiros que nos últimos anos, durante os governos
Lula e Dilma, deixaram a linha da pobreza. Ou pelos outros milhões que
chegaram à classe média. Assim como não batem pelos milhões de
brasileiros que, desde a chegada de Lula à presidência, conseguiram
ingressar em um curso superior, seja pela criação de milhares de vagas
em universidades públicas ou beneficiados pelo PROUNI ou FIES.
Sei que elas não batem por aquelas
milhões de famílias que hoje têm um teto para morar graças ao programa
Minha Casa, Minha Vida. Nem pelos milhões que conseguiram comprar o seu
carrinho ou andar de avião pela primeira vez nos últimos anos. Sim,
paradoxalmente as panelas não batem por aqueles que mais precisam do
Estado em nosso País.
Leonardo Boff, em recente artigo intitulado “O que se esconde atrás do ódio ao PT?”, explica bem esse fenômeno.
Entendo como democráticas manifestações
de opiniões contrárias. Pois é com o contraditório que construímos os
melhores caminhos. É pelo confronto de ideias que elaboramos os
consensos necessários à democracia. Contudo, quando manifestações são
instrumentalizadas para a defesa de interesses mesquinhos e externos ao
nosso País, não posso calar-me. Sim, o momento é difícil. Demandará
ajustes duros em alguns casos. Mas nada, absolutamente nada parecido com
que os representantes que articulam hoje essas manifestações fizeram
quando estavam no governo.
Os interesses da imensa maioria dos
brasileiros foram e sempre serão defendidos pelos governos do PT. A
nossa opção pelos mais pobres, pelos trabalhadores e trabalhadoras,
pelos pequenos e microempresários, pelo pequeno agricultor é clara e
manifesta. E desta linha não nos afastaremos.
Aqueles que têm tido seus interesses
contrariados – em especial o grande capital especulativo internacional e
os seus representantes aqui no Brasil, que manifestadamente
instrumentalizam uma falsa crise para mobilizar a classe média alta
brasileira, apostando no ódio contra o PT e a presidenta -, tenham a
certeza de que mais uma vez perderão. Pois a esperança vencerá. E a
esperança estará nas ruas sempre que a construção deste País mais justo,
igualitário e forte for colocada em risco por oportunistas ingênuos ou
mal intencionados.
Luiz Marinho (PT) é prefeito de São Bernardo do Campo
.
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