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26/06/2015
Lula quer ação, não descolamento
Blog Tereza Cruvinel - 24/06/2015

embora esta seja uma obrigação partidária, para qualquer sigla que acredite em sua maior liderança.
Críticas ao governo e a Dilma no enfrentamento dos problemas ele vem fazendo há tempos. Com os religiosos, na semana passada, abriu mais o coração e foi mais certeiro nas metáforas que vazaram, como a do volume morto. Ao PT também já vinha admoestando. Só que na debate com a participação de Felipe González, na segunda-feira, fez críticas públicas. Seu objetivo, com a ofensiva verbal, é sacudir o governo e PT da letargia que os imobiliza desde o início do segundo mandato de Dilma e do avanço da Lava Jato-Lula. É fazer com que resgatem a capacidade de fazer política. Se não fazem, ele faz, ocupando espaço num debate que vem sendo monopolizado pelos adversários.
As discordâncias com o governo na questão econômica não são de fundo. Ele mesmo fez um ajuste em 2003 e foi o tempo todo, em seus oito anos, atento ao equilíbrio fiscal e à inflação, no que é muito grato a seu presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que sugeriu a Dilma colocar na Fazenda mas ela preferiu Levy. A divergência é com a forma de conduzir, a falta de um discurso que justifique o ajuste e diga o que virá depois dele. “Ajuste para que? Dilma precisa dizer isso, precisa oferecer alguma esperança, dizer o que vem depois”, já dizia ele em março, como publicado neste 247. Ele começou não gostando do discurso de posse dela, e de toda a falta de discurso político que se seguiu. No mérito, tem poucas divergências. Achava, por exemplo, que ela não devia ter vetado a fórmula alternativa ao fator previdenciário. E continuar combatendo a terceirização ampla e irrestrita.
Quanto ao PT, não pode entender a timidez, o imobilismo e a incapacidade de defender-se da sigla que se confunde com ele mesmo. Os senadores o defenderam com uma nota no tom correto. Ótimo, Lula agradece, mas ele quer muito mais. Muito mais inerte é a bancada da Câmara, que conseguiu permitir a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, que já era uma pedra cantada.
Não consegue entender que o partido seja espancado por líderes da oposição horas a fio no plenário e não apareça um contendor à altura. Às vezes, são deputados do PT e mesmo do PSOL que tomam a defesa, não do partido, mas de ações do governo ou de bandeiras parlamentares do conjunto da esquerda, que o PT devia liderar. O que ele quer do PT é mais política e mais ação.
O movimento de sua defesa pública está sendo articulado, mas não no Congresso, e sim por algumas regionais do partido, que estudam a realização de alguns atos públicos nos estados em que a situação do PT e do governo é melhor. Se as bancadas se engajarem nisso, tanto melhor.
Pois, apesar da criatividade da tese descolamento, ela não cola.
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