03/07/2015
Com a cumplicidade da mídia, Eduardo Cunha age como se não houvesse acusações gravíssimas contra ele. Por Paulo Nogueira
Vamos voltar alguns meses
Eduardo Cunha apareceu na célebre Lista de Janot.
Depoimentos de gente como o doleiro Youssef – um homem absolutamente
acreditado pela mídia quando cita o PT e ignorado quando fala em amigos
do barões da imprensa – colocaram Cunha numa situação insustentável.
Cunha, numa palavra, achacou.
Uma empresa que regularmente fornecia propina para ele e seu partido, a Mitsui, fechou a torneira.
Youssef disse que, diante disso, Cunha em retaliação mandou uma Comissão no Congresso fazer uma devassa completa na Mitsui.
Repito: a isso se dá o nome pouco edificante, mas certeiro, de achaque.
Não ficou apenas no plano das palavras. Documentos que vazaram mostram que, de fato, aliados de Cunha fizeram “pressão pública” – a expressão é do insuspeito Globo – sobre a Mitsui.
Isto foi em março.
Era presumível que Cunha enfrentasse algum tipo de problema por conta das revelações.
Imagine que ele fosse do PT.
Quantos repórteres estariam envolvidos na investigação do caso? Que espaço a mídia dedicaria ao assunto? Como o Jornal Nacional e a Veja se comportariam?
E a Polícia Federal: quantos vazamentos ela deixaria escapar? E a Justiça, o que faria?
Mas acontece que Cunha é inimigo do PT, o que lhe dá imunidade para cometer qualquer delinquência.
É neste quadro que, num momento em que Cunha deveria estar comprando livros para uma provável temporada na cadeia, ele faz o que quer no Congresso.
Fez uma gambiarra indecente na questão do financiamento privado de campanhas, há pouco tempo, e agora repetiu a trapaça no caso da maioridade penal.
Eduardo Cunha deveria estar brutalmente acossado. Em vez disso, ele acossa – a decência, as regras, tudo.
Até Joaquim Barbosa se escandalizou.
“Matéria constante de proposta de emenda rejeitada (…) NÃO pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”, escreveu JB no Twitter.
(Um internauta, daqueles que tratavam JB como herói, comentou o seguinte neste tuíte: “Cala a boca … SEU DEFENSOR DE BANDIDO”. Barbosa está vendo agora o tipo animalesco de admiradores que construiu com seu comportamento no Mensalão.)
Emergiram denúncias vergonhosas. Um deputado federal que trocou de voto em 24 horas afirmou que ameaçaram mandar “bandidos de 16 e 17 anos” para sua casa.
Algum repórter vai levar essa denúncia adiante? Ora, quem acredita nisso acredita em tudo.
Quem melhor resumiu a esdrúxula situação de Eduardo Cunha foi Luciana Genro.
Também no Twitter, ao comentar o golpe aplicado na questão da maioridade, ela colocou o seguinte: “Cunha criminaliza a juventude para que esqueçam os crimes dele (…). Quer jogar os jovens na cadeia enquanto ele tenta escapar.”
Seria uma definição perfeita não fosse um detalhe.
Para pessoas com o perfil de Cunha, defensores da plutocracia em quaisquer circunstâncias, cadeia simplesmente não existe.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Eduardo Cunha apareceu na célebre Lista de Janot.
Cunha, numa palavra, achacou.
Uma empresa que regularmente fornecia propina para ele e seu partido, a Mitsui, fechou a torneira.
Youssef disse que, diante disso, Cunha em retaliação mandou uma Comissão no Congresso fazer uma devassa completa na Mitsui.
Repito: a isso se dá o nome pouco edificante, mas certeiro, de achaque.
Não ficou apenas no plano das palavras. Documentos que vazaram mostram que, de fato, aliados de Cunha fizeram “pressão pública” – a expressão é do insuspeito Globo – sobre a Mitsui.
Isto foi em março.
Era presumível que Cunha enfrentasse algum tipo de problema por conta das revelações.
Imagine que ele fosse do PT.
Quantos repórteres estariam envolvidos na investigação do caso? Que espaço a mídia dedicaria ao assunto? Como o Jornal Nacional e a Veja se comportariam?
E a Polícia Federal: quantos vazamentos ela deixaria escapar? E a Justiça, o que faria?
Mas acontece que Cunha é inimigo do PT, o que lhe dá imunidade para cometer qualquer delinquência.
É neste quadro que, num momento em que Cunha deveria estar comprando livros para uma provável temporada na cadeia, ele faz o que quer no Congresso.
Fez uma gambiarra indecente na questão do financiamento privado de campanhas, há pouco tempo, e agora repetiu a trapaça no caso da maioridade penal.
Eduardo Cunha deveria estar brutalmente acossado. Em vez disso, ele acossa – a decência, as regras, tudo.
Até Joaquim Barbosa se escandalizou.
“Matéria constante de proposta de emenda rejeitada (…) NÃO pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”, escreveu JB no Twitter.
(Um internauta, daqueles que tratavam JB como herói, comentou o seguinte neste tuíte: “Cala a boca … SEU DEFENSOR DE BANDIDO”. Barbosa está vendo agora o tipo animalesco de admiradores que construiu com seu comportamento no Mensalão.)
Emergiram denúncias vergonhosas. Um deputado federal que trocou de voto em 24 horas afirmou que ameaçaram mandar “bandidos de 16 e 17 anos” para sua casa.
Algum repórter vai levar essa denúncia adiante? Ora, quem acredita nisso acredita em tudo.
Quem melhor resumiu a esdrúxula situação de Eduardo Cunha foi Luciana Genro.
Também no Twitter, ao comentar o golpe aplicado na questão da maioridade, ela colocou o seguinte: “Cunha criminaliza a juventude para que esqueçam os crimes dele (…). Quer jogar os jovens na cadeia enquanto ele tenta escapar.”
Seria uma definição perfeita não fosse um detalhe.
Para pessoas com o perfil de Cunha, defensores da plutocracia em quaisquer circunstâncias, cadeia simplesmente não existe.
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