02/12/2015
Alckmin é a elite que não aceita democracia, inclusão social e fecha escolas
Palavra Livre - 02/12/2015
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Por Davis Sena Filho
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A
repressão aos estudantes de São Paulo é o exemplo pronto e acabado de que a
classe dominante brasileira, especificamente neste caso a paulista, é
antidemocrática, e, portanto, elitista e sectária. A repressão da polícia do
governador do PSDB, Geraldo Alckmin, que fechou quase cem escolas, mas
construiu presídios e transformou o Estado de São Paulo no paraíso dos
pedágios, ou seja, simbolicamente de quem pode pagar para ganhar a vida.
O
governador de São Paulo, juntamente com o do Estado tucano do Paraná, Beto
Richa, está na contramão da história do povo brasileiro. Não negocia com os estudantes
e os professores e, por seu turno, trata as questões sobre a educação como se
fosse caso de polícia, a lembrar, inclusive, o presidente, Washington Luís, da República
Velha, que certa vez afirmou: "A questão social é um caso de
polícia".
Washington
Luís, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — o Príncipe da Privataria
I —, nasceu no Rio de Janeiro, só que na cidade de Macaé, mas foi adotado pela
aristocracia paulista e paulistana, bem como seu partido, o Partido Republicano
Federal (PRF), tal qual ao PSDB, era uma agremiação que defendia os interesses
dos republicanos oligárquicos, que controlavam a Presidência da República por
intermédio da imposição da política do Café com Leite.
Os
revolucionários de 1930, liderados por Getúlio Vargas, destituíram do poder o
presidente Washington Luís, que estava pronto para empossar seu candidato, o
presidente (governador) de São Paulo, Júlio Prestes, como presidente da
República. Prestes foi acusado, juntamente com Washington Luís, de fraudar as
eleições, em um tempo em que os oligarcas podiam tudo, inclusive assassinar
seus adversários políticos e nada acontecer, sem se preocupar com punições.
O
governador Geraldo Alckmin, dentre todos seus correligionários do PSDB
paulista, a exemplo de José Serra e FHC, além de outros tucanos, é o político
conservador que mais se aproxima com os barões da política do Café com Leite.
Alckmin é a própria direita em toda sua essência no que concerne ao seu
pensamento direitista e elitista. Se este político estivesse a viver nas
primeiras três décadas do século XX, ele se sentira tão confortável como um
pato na lagoa ou um peixe no aquário.
Ideologicamente,
filosoficamente e religiosamente conservador, o político direitista,
representante e porta-voz da oligarquia paulista e brasileira, na verdade é um
plutocrata, que deveria ser duramente combatido pelas forças progressistas
deste País. Alckmin expressa a vontade e o desejo de os conservadores romperem
com o Estado de Direito, com as instituições republicanas, que sustentam o
regime democrático, bem como é referência da direita brasileira para que os
avanços sociais e econômicos conquistados até agora não se consolidem.
A
luta da direita de índole escravagista é esta, e muitas pessoas instruídas não
percebem ou fingem que não compreendem as mudanças, porque a verdade é que não
concordam com os avanços no campo político e econômico que aconteceram neste
País, a partir de 2003. Alckmin, por ser governador de uma Estado da Federação
tão poderoso, reage furiosamente e violentamente contra a consciência e os
desejos da maioria, que passou a ter direitos e voz para reivindicá-los, como
tem ocorrido nas milhares de passeatas e protestos que tem acontecido
principalmente nos últimos três anos.
São
estas realidades e estes fatos e fatores que incomodam profundamente a reação,
os que apostam no atraso e no retrocesso, os que lutam contra a inclusão social
e a igualdade de oportunidades. Incomoda-os, e muito, acredite. Causa rancor e
fúria a simples visualização, por parte da classe média paneleira e dos ricos, em
perceber que cidadãos pobres ou remediados estão a frequentar "seus"
espaços, a exemplo de shoppings, universidades, restaurantes, aeroportos, lojas
de todos os ramos, acesso ao consumo e a direitos trabalhistas, como a
obrigatoriedade de assinar as carteiras das empregadas domésticas.
O
governador Geraldo Alckmin e o PSDB são a pura expressão de um desejo de
conotação nostálgica e de uma vontade quase instintiva de manter congelada sem
limite de tempo a ascensão social dos pobres. Tais elites conservadoras não
negociam e, com efeito, recusam-se a descer do pedestal onde se encontram com a
finalidade de dialogar. Simplesmente não cedem nada para a sociedade civil,
que, na verdade, sustenta a riqueza e o status quo dos poderosos e ricos.
Quando
Alckmin e o tucano paranaense quebram a cara, literalmente, de estudantes e
professores por meio de força policial, tal violência se torna simbólica ao
tempo que real. Trata-se da intolerância, da soberba e da evidenciação da face
violenta e sectária da casa grande de alma escravocrata. É seu mais puro DNA,
que move as profundezas da alma de uma das piores elites econômicas do planeta,
em termos históricos.
Em
todas as eras e épocas o poder sofre alternâncias, sendo que os grupos
políticos conservadores, ou seja, de direita, ficam mais tempo no poder por serem
eles próprios o status quo — o establishment. Fechar escolas é a mesma coisa
que negar a vida às pessoas, à sociedade, que, como disse anteriormente, sustenta
o poder político e econômico, por razões que vão desde o analfabetismo político
das elites até a cooptação e a concordância com esse estado de coisas por parte
também de grupos sociais populares.
Quero
explicitar, este é o propósito, que muitos pobres são cúmplices dos interesses
da casa grande por serem ideologicamente de direita, sem, no entanto,
compreenderem que seus posicionamentos não os favorecem, porque simplesmente
basta olhar com lucidez para seus passados, bem como para as situações de vida muito
difíceis que seus pais e avós, enfim, seus antepassados, tiveram de enfrentar,
até porque quase a metade do povo brasileiro é descendente de escravos. Vale
lembrar que o Brasil tem a segunda maior população de negros do mundo, sendo
que a Nigéria, país africano, é a primeira.
Entretanto,
reconheço, que parte do povo brasileiro tem índole e valores conservadores,
porque vivemos em uma sociedade moralmente conservadora, apesar de muitas vezes
se mostrar moralista sem moral. Mesmo assim a luta pelo desenvolvimento do
Brasil e pela emancipação plena do povo brasileiro é um processo longo e
doloroso. Já se conquistou no Brasil muitos avanços, mas ainda falta quebrar,
definitivamente, o muro "invisível" edificado pelas diferentes
burguesias, as classes dominantes, inquilinas da casa grande, que desejam a
felicidade apenas para elas e suas proles, que crescem e se tornam mais
egoístas e intolerantes do que seus próprios pais.
Geraldo
Alckmin, ao contrário de Fernando Henrique — o Neoliberal I — não consegue
disfarçar o que ele verdadeiramente é. Alckmin é o conservadorismo em pedra bruta.
FHC, tal qual a Washington Luís, é fruto do Rio de Janeiro capital da República,
que tinha verniz francês e estava socialmente à frente das províncias
brasileiras, como a de São Paulo, apesar de ser rica.
A resumir: Fernando Henrique
Cardoso é camaleônico e Geraldo Alckmin retrata, literalmente, a violência
paulista dos bandeirantes. Por isto que o governador de São Paulo e a elite
"cafeeira", ainda ancorados no golpe derrotado de 1932 contra Getúlio
Vargas, não negociam com a sociedade, porque, antes de tudo e qualquer coisa, o
status quo é alma e raiz da casa grande.
O ódio ao PT, às suas
lideranças e aos seus eleitores está intrinsecamente ligado à hegemonia que a
direita não quer perder, mesmo a saber que com o Partido dos Trabalhadores no
poder jamais vai perdê-la. O PT é reformista, porque não é revolucionário. O
governador Alckmin representa a elite que não aceita democracia e inclusão
social, e, consequentemente, fecha escolas, a repetir Washington Luís, que
disse: "A questão social é um caso de polícia". É isso aí.
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