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31/05/2016
Cantanhêde, leia Merval. Não é “Brasil, ame-o ou deixe-o” de Temer, mas “deixe Temer e não ame o Brasil”
Por Fernando Brito
O comovente apelo feito hoje pela moça da “massa cheirosa”, Eliane Cantanhêde, ao melhor estilo do “Brasil, ame-o ou deixe-o” do período Médici, é tão “sem-noção” quanto sua autora.
” O esforço para derrubar Temer, neste momento, é trabalhar contra o Brasil.”
Ora, Eliane, quem mais se esforça para derrubar Michel Temer, hoje, do que o grupo governista?
Não foram os servidores da ex-CGU, com suas vassouras e baldes, que arrumaram a crise da vexatória demissão de Fabiano Silveira, ontem.
Como não foram a juventude e os artistas que detonaram a crise do Ministério da Cultura, pesadelo inicial dos 19 dias em que a já escassíssima popularidade de Michel Temer sangra sem descanso.
O problema de Michel Temer é o fato de que um governo que chega ao poder pela conspiração é, sempre, propriedade do grupo que se integrou ao complô.
Todos são donos. E, como acontece nas sociedades – sobretudo na societa celeris – sócios normalmente vivem às intrigas, na “derrubação”, na disputa por espaços de poder e de ganhos.
Por isso, já se viu, Temer é refém de todos eles: Cunha, Renan, “mercado”, Globo, MP, STF…
Não tem, portanto, autonomia de decisão.
Explica-se aí a sua completa imobilidade e as “saias-justas” que enfrenta. Ajudado, claro, por sua completa dessintonia com o Brasil moderno, que exige interlocução própria e não apenas os conchavos de parlamentares e “coronéis” da política (ou da religião) que se expressa na maioria dos políticos.
Por isso é cada vez mais difícil Temer, como pretendia ou pretende
ainda, adiar a explicitação do cumprimento daquilo que o puseram lá para
fazer: suprimir programas sociais e liquidar qualquer veleidade de
soberania nacional.
Mesmo os integrantes mais capazes da trupe de colunistas da direita, como Merval Pereira, já assumem isso claramente, afirmando que “a tibieza que Temer vem revelando, que não se esvai com um tapa alegórico na mesa”.
Não, diz Merval, é preciso assumir que vai fazer “o que tem de ser feito”.
Ceder a um “conjunto de exigências internacionais de investidores que buscam ambientes transparentes e seguros para negócios.”
Aí, sim, Eliane, serão as ruas o problema central de Michel Temer.
Por enquanto, este lugar é dele próprio e de sua associação golpista.
O problema é quando as pessoas descobrirem que este vídeo que viralizou na internet está bem perto de ser a pura verdade.
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