24/05/2016
Para Nicolelis, governo Temer é "mafioso, medieval, medíocre
Jornal GGN – O
neurocientista Miguel Nicolelis esteve presente no Grito pela
Democracia, realizado no último sábado (21) na Casa de Portugal, no
bairro da Liberdade, em São Paulo. Ele afirmou que “o mundo hoje sabe
que é golpe” o processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff e chamou de “mafioso, medieval, medíocre”, o governo interino
de Michel Temer.
"Fui embora do Brasil para perseguir a
minha utopia, ser cientista. Mas a ciência só existe quando vem do
homem. A felicidade de milhões não pode ser subjugada pela ganância de
uma minoria", disse.
"Este Brasil não pertence aos homens
brancos, milionários e alguns deles criminosos, que ocuparam o poder
neste momento", continuou. "Eu quero o meu voto de volta. Eu quero no
Palácio do Planalto a brasileira que foi eleita por 54 milhões de
brasileiros. Eu só aceito a verdadeira presidente do Brasil sentada na
cadeira da Presidência da República".
Da Rede Brasil Atual
Por Vitor Nuzzi
"A ciência só existe quando vem do
homem. A felicidade de milhões não pode ser subjugada pela ganância de
uma minoria", afirma neurocientista. "Quero o meu voto de volta"
São Paulo – "O mundo hoje sabe que é
golpe", disse o cientista Miguel Nicolelis, que ajudo a repercutir
internacionalmente o processo de impeachment no Brasil. No ato Grito
pela Democracia, realizado neste sábado (21) em São Paulo, ele lembrou
de quando foi estudante secundarista e participou de passeatas contra a
ditadura. "Fui embora do Brasil para perseguir a minha utopia, ser
cientista. Mas a ciência só existe quando vem do homem. A felicidade de
milhões não pode ser subjugada pela ganância de uma minoria", afirmou
Nicolelis, atacando o "mafioso, medieval, medíocre" governo interino e
pedindo a volta de Dilma Rousseff.
"Este Brasil não pertence aos homens
brancos, milionários e alguns deles criminosos, que ocuparam o poder
neste momento", acrescentou o cientista. "Eu quero o meu voto de volta.
Eu quero no Palácio do Planalto a brasileira que foi eleita por 54
milhões de brasileiros. Eu só aceito a verdadeira presidente do Brasil
sentada na cadeira da Presidência da República." Para Nicolelis, o golpe
atacou "o coração e a alma" dos brasileiros: a cultura. "Todos somos
artistas, somos poetas."
A cartunista Laerte Coutinho identificou
diferença entre o golpe atual e o de 1964. "Por que fechar o Congresso?
Foi o Congresso que deu o golpe", afirmou. Para ele, os partidos
tradicionais estão em crise e as pessoas são convocadas a participar
politicamente de uma forma difusa. Neste momento, acrescentou, é preciso
se preocupar não apenas em derrotar o golpe, "mas construir o depois do
golpe", para restabelecer a normalidade democrática e retomar as
demandas sociais. "Estamos no meio. Fora Temer", disse Laerte.
Com uma mensagem em vídeo, a cineasta
Tata Amaral, que está em Cannes, destacou o protesto feito por equipe e
elenco do filme Aquarius. "Foi lindo, muito aplaudido", afirmou,
ressaltando a "sensação incrível" de deixar o país com Dilma Rousseff na
presidência e voltar com Michel Temer no poder. "A gente apenas começou
na conquista de direitos. A gente não pode e não vai voltar atrás",
disse Tata. "Sou contra o governo golpista de Temer. Não estamos à
venda. Esse projeto não foi eleito."
Ela também fez referência à extinção do
Ministério da Cultura, que após pressões do meio artístico deverá ser
mantido por Temer. Segundo Tata, é um órgão para estabelecer políticas e
garantir inclusão e democratização, e isso se evidencia pela quantidade
de autores produzindo. "Isso é uma política pública, não acontece à
toa", afirmou, manifestando também contra o fim da Controladoria-Geral
da União e as ameaças ao SUS.
Com uma jaqueta vermelha e um enorme
cachecol branco, o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa comentou
artigo do diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, para quem
a cultura está em coma. "Não é a cultura, é o Estado que está em coma. A
República foi enterrada com esse golpe", disse Zé Celso, aludindo ao
"espetáculo ridículo" de 17 de abril, quando a Câmara aprovou a
admissibilidade do processo de impeachment. "Todos aqueles corruptos se
abrigaram nesse golpe", afirmou o diretor, referindo-se a José Serra
(que lembrou ter sido presidente da União Nacional dos Estudantes) como
"entreguista".
Ao mesmo tempo, Zé Celso que o
fechamento do Ministério da Cultura, agora revogado, sinaliza algo
positivo, uma "revolução cultural da juventude". "Porque cultura é uma
coisa transversal. A cultura é simplesmente a coisa mais importante da
vida. É a infraestrutura da vida." Para o diretor do Oficina,
"resistência" é uma palavra superada. "Você tem de re-existir", afirmou.
Muitos participantes do "Grito" fizeram
referência à mídia tradicional e às ameaças à comunicação pública. O
professor Laurindo Leal Filho, por exemplo, destacou a criação da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que ajudou a "aumentar o patamar
civilizatório da sociedade brasileira". "A Globo é inimiga do povo, da
democracia", acrescentou.
"Não acreditem no que sai na mídia",
disse o jornalista e publicitário Chico Malfitani, um dos fundadores da
torcida organizada Gaviões da Fiel, do Corinthians. "A mesma mídia que
criminaliza a Gaviões e as torcidas organizadas é a mesma que
criminaliza as esquerdas", afirmou, destacando o apoio dado a movimentos
como à greve dos professores estaduais e à ocupação das escolas em São
Paulo. Ele lembrou ainda que há 18 integrantes da Gaviões presos há mais
de um mês", jogados na delegacia e esquecidos", por protestar contra o
desvio de recursos da merenda escolar. Há uma audiência prevista para
esta segunda-feira (23).
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