sábado, 21 de maio de 2016

Nº 19.424 - "Chauí: 'Esgoto da política subiu à tona'; Trajano: 'Mídia esconde reação popular' "


21/05/2016


Grito pela Democracia

Chauí: 'Esgoto da política subiu à tona'; Trajano: 'Mídia esconde reação popular'

 

 por Redação Rede Brasil Atual - publicado 21/05/2016 16:33, última modificação 21/05/2016 16:35  

 

Movimentos sociais, intelectuais, juristas e populares realizam ato em defesa da legalidade democrática e contra os retrocessos do governo interino de Michel Temer. Imprensa é cúmplice do golpe, diz José Trajano
por Redação RBA publicado 21/05/2016 16:33, última modificação 21/05/2016 16:35
 
 
Jornalistas Livres/Facebook
Trajano disse que superou com a reação da sociedade o desânimo que o abateu depois das votações do impeachemnt.

São Paulo – “O esgoto da política brasileira subiu à tona. Temos de lavar e limpar tudo isso aí”, disse a filósofa Marilena Chauí, sobre o afastamento da presidenta Dilma Rousseff por meio de um golpe legislativo conduzido pelo que “há de pior” da política brasileira. A professora da USP participa do Grito pela Democracia, manifestação que acontece agora à tarde em São Paulo.

O evento começou às 14h15 deste sábado (21), na Casa de Portugal, bairro da Liberdade, e é organizado pelo mandato do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), compondo a onda de manifestações desencadeadas desde a posse de Michel Temer como presidente interino, em 12 de maio. O ato é marcado pela diversidade, com intervenções de representantes de diversos setores da sociedade brasileira – como movimento negro, LGBT, intelectuais, jornalistas, estudantes – e por uma sucessão de palavras de ordem como “fora Temer” e “volta Dilma”.

“Em uma canetada, o governo Temer desfaz o trabalho de 15 anos. Simplesmente anula. Mas ele não pode anular aquilo que nós somos. A democracia se caracteriza por uma forma social de criação de direitos, a instituição de novos direitos e a garantia de direitos existentes”, disse Chauí, conclamando à persistência da reação ao golpe.

O jornalista José Trajano, em sua intervenção, admitiu ter ficado “desanimado” pela forma autoritária como a Câmara e o Senado determinaram o afastamento da presidenta Dilma Rousseff. “Eu confesso que desanimei. Mas depois de ver a disposição do nosso povo e de ir às ruas e reagir eu me animei de novo”, completou. Trajano afirmou que o golpe em curso não seria possível sem a cumplicidade da imprensa tradicional no processo. E lembro que essa imprensa continua engajada na operação, ao lembrar que todos os veículos comerciais esconderam a manifestação ocorrida ontem à noite em Belo Horizonte.

Antes de participar da abertura do 5º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas e Ativistas Digitais, a presidenta Dilma Rousseff foi recebida por um ato de solidariedade com a participação de mais de 30 mil pessoas, segundo estimativa da Frente Brasil Popular. “Ninguém deu nada. Somente os blogueiros e veículos alternativos.”

Primeiro a falar no evento, o integrante do coletivo Democracia Corintiana Leandro Bergamim Almeida, demonstrou preocupação com a iminência de um governo repressivo ante o processo de resistência que está em curso. E lembrou a prisão de torcedores que se articularam para protestar contra o escândalo da merenda em São Paulo. Bergamim citou também o cinismo do ex-presidente da Câmara e um dos líderes do golpe, Eduardo Cunha, ao depor na Comissão de Ética da Casa esta semana. “Ele disse que o dinheiro (encontrado em paraísos fiscais) não é dele. É claro que não é. É nosso!”, ironizou o ativista.

A sessão na Câmara ainda presidida por Cunha, em 17 de abril, foi o marco histórico do retrocesso político e ideológico em curso no Brasil, na avaliação de Amelinha Teles, ex-militante do PCdoB, presa pela ditadura nos anos 1970 e fundadora da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. 

“Não podemos abandonar essa luta. A única luta que se perde é a que se abandona. Vamos resistir sempre. Temer jamais”, enfatizou Amelinha.

Com reportagem de Vitor Nuzzi. Em breve novas informações

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