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24/05/2016
O absurdo silêncio do STF sobre Jucá explicita ainda mais o papel da corte no golpe. Por Kiko Nogueira
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A bomba de Romero Jucá repercute mundialmente, expondo a conspiração
que levou ao poder a gangue de Michel Temer e Cunha — e o STF se junta
ao PSDB e a Sergio Moro num silêncio cúmplice e eloquente.
Nenhum pio dos onze ministros, nenhuma nota dura ou mole para contar que eles nunca estiveram abertos a pacto para barrar a Lava Jato, como afirmou Jucá. A conclusão, por enquanto, é de que, sim, eles estavam fechados em torno de um acordo político.
Na gravação a que a Folha teve acesso, Jucá diz a Sérgio Machado, ex-líder tucano no Senado, que conversou “com alguns ministros do Supremo”.
“Os caras dizem ‘ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu?”
Mais adiante, o diálogo é o seguinte:
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto. […]
O golpe se escancara com os dois pesos e duas medidas do Judiciário. Quando Lula chamou a corte de “acovardada” nos famosos grampos — o que é um chamego perto do estupro constitucional em que Jucá a envolveu —, Celso de Mello partiu para cima com virulência no mesmo dia.
“Foi uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes”, acusou o decano, acrescentando que a manifestação de Lula merecia “repulsa”.
“Ninguém, absolutamente ninguém está acima da autoridade das leis e da Constituição de nosso país, a significar que condutas criminosas perpetradas à sombra do poder jamais serão toleradas”.
Ricardo Lewandowski se posicionou com igual rapidez: “Os constituintes atribuíram a essa corte a elevada missão de manter a supremacia da Constituição e a manutenção do Estado Democrático de Direito. Tenho certeza de que os juízes desta casa não faltarão aos cidadãos brasileiros no dever.
Há poucos dias, o falastrão Gilmar Mendes fez questão de, como sempre, responder a Dilma depois que ela afirmou “estranhar” a suspensão das diligências no inquérito que investiga o senador Aécio Neves, que estão sob os cuidados do amigo.
“Posso fazer uma ironia sobre a presidente Dilma? Só vou falar sobre a presidente Dilma nos autos”, ironizou, horas depois.
Ainda que Jucá tenha blefado sobre sua influência no Supremo, o fato é que o que ele prometeu a Machado se concretizou. E o fato de que nenhum dos juízes tenha negado qualquer coisa até agora é mais um sinal de que estava tudo combinado, inclusive com os russos.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Nenhum pio dos onze ministros, nenhuma nota dura ou mole para contar que eles nunca estiveram abertos a pacto para barrar a Lava Jato, como afirmou Jucá. A conclusão, por enquanto, é de que, sim, eles estavam fechados em torno de um acordo político.
Na gravação a que a Folha teve acesso, Jucá diz a Sérgio Machado, ex-líder tucano no Senado, que conversou “com alguns ministros do Supremo”.
“Os caras dizem ‘ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu?”
Mais adiante, o diálogo é o seguinte:
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto. […]
O golpe se escancara com os dois pesos e duas medidas do Judiciário. Quando Lula chamou a corte de “acovardada” nos famosos grampos — o que é um chamego perto do estupro constitucional em que Jucá a envolveu —, Celso de Mello partiu para cima com virulência no mesmo dia.
“Foi uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes”, acusou o decano, acrescentando que a manifestação de Lula merecia “repulsa”.
“Ninguém, absolutamente ninguém está acima da autoridade das leis e da Constituição de nosso país, a significar que condutas criminosas perpetradas à sombra do poder jamais serão toleradas”.
Ricardo Lewandowski se posicionou com igual rapidez: “Os constituintes atribuíram a essa corte a elevada missão de manter a supremacia da Constituição e a manutenção do Estado Democrático de Direito. Tenho certeza de que os juízes desta casa não faltarão aos cidadãos brasileiros no dever.
Há poucos dias, o falastrão Gilmar Mendes fez questão de, como sempre, responder a Dilma depois que ela afirmou “estranhar” a suspensão das diligências no inquérito que investiga o senador Aécio Neves, que estão sob os cuidados do amigo.
“Posso fazer uma ironia sobre a presidente Dilma? Só vou falar sobre a presidente Dilma nos autos”, ironizou, horas depois.
Ainda que Jucá tenha blefado sobre sua influência no Supremo, o fato é que o que ele prometeu a Machado se concretizou. E o fato de que nenhum dos juízes tenha negado qualquer coisa até agora é mais um sinal de que estava tudo combinado, inclusive com os russos.
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