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23/05/2016
Pacto com o Supremo para “estancar sangria” da Lava Jato. Jucá revela o acordo do golpe
Por Fernando Brito
As gravações do diálogo entre o homem forte de Michel Temer, o ministro do Planejamento Romero Jucá, e o ex-ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, são muito mais graves que a feita com o ex-senador Delcídio do Amaral e deveria, se o Supremo Tribunal Federal tivesse ainda um pingo de pudor, levar não só à prisão de Jucá, mas à anulação de todos os atos praticados sob o comando do PMDB para afasta Dilma Mousseff.
“Tem que resolver essa porra. Tem que
mudar o governo para estancar essa sangria”, diz Jucá, um dos
articuladores do impeachment de Dilma. Machado respondeu que era
necessária “uma coisa política e rápida”.
Mas não para aí:
“Jucá acrescentou que um eventual
governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional “com o Supremo,
com tudo”. Machado disse: “aí parava tudo”. “É. Delimitava onde está,
pronto”, respondeu Jucá, a respeito das investigações.
O senador relatou ainda que havia
mantido conversas com “ministros do Supremo”, os quais não nominou. Na
versão de Jucá ao aliado, eles teriam relacionado a saída de Dilma ao
fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das
investigações da Lava Jato.”
JUCÁ – [Em voz baixa]
Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem ‘ó, só
tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a
imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’.
Entendeu? Então… Estou conversando com os generais, comandantes
militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão
monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.
Como é, senhores ministros do Supremo? Quer dizer que o esquema golpista já havia “mantido conversas” com os senhores? Não foi exatamente isso que fez os senhores correrem a prender Delcídio do Amaral, numa gravação igualzinha?
Pior, aliás, porque ali se tratava de livrar uma pessoa e, agora, trata-se de uma conversa para dar um golpe de Estado.
Vão fazer cara de paisagem ou aplicar rigor igual para Jucá?
Pior, porque agora, se as gravações foram obtidas de maneira legal, desde março a PGR tem conhecimento pleno da conspiração.
Que, deixa claro o que diz Jucá, envolveu também os tucanos:
MACHADO – A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado…
JUCÁ – Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com…
MACHADO – Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.
JUCÁ – Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].
MACHADO – Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?
JUCÁ – Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.
Machado, que era do PSDB antes de aderir ao PMDB e entrar na cota do partido dentro do Governo Lula, devasta também Aécio Neves, relata a Folha:
Sérgio Machado, que foi do PSDB antes de se filiar ao PMDB, afirma que “o primeiro a ser comido vai ser o Aécio [Neves (PSDB-MG)”, e acrescenta: “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…”
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“É, a gente viveu tudo”, completa Jucá, sem avançar nos detalhes.
Machado tenta refrescar a memória de
Jucá: “O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger
os deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara?” Não houve
resposta de Jucá. Aécio presidiu a Câmara dos Deputados entre 2001 e
2002.
Inclusive se esta manhã vai terminar com alguém preso, como foi com Delcídio.
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