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19/04/2017
Estreia de nova temporada
O Povo 15/04/2017
Valdemar Menezes
Voltamos ao grande espetáculo depois de meses de ensaio para a nova temporada, dentro de um
roteiro cuidadosamente planejado para gerar o resultado pretendido. Talvez, o relator do processo, o ministro Edson Fachin, tenha estragado um roteiro previamente traçado por alguns, subvertendo os tempos da entrada de cena dos personagens, embaralhando o espetáculo ao fazer entrar no palco personagens e figurantes em horas indevidas, frustrando Curitiba e o próprio procurador-geral. Talvez alguém preferisse o pensamento maquiavélico de se tocar fogo no circo, para que todo o elenco morresse e nascesse um outro, novinho em folha, formando o séquito do “Messias” prometido que, com seu cetro mágico faça nascer “novos céus e novas terras”.EXTERMÍNIO
O certo é que tentam firmar a ideia – alimentada desde o início - de que a “política não presta” e que “todos os políticos são iguais”, como alertou Ciro Gomes, diante da Lista de Janot (validada por Fachin). Com isso, os verdadeiros corruptos, ficam supostamente escondidos na multidão dos acusados - todos igualados - por tempo suficiente para ser programado seu resgate pelos financiadores do espetáculo, desde que, é claro, se comprometam a entregar tudo o que prometeram, quando lhes foi oferecido o script do golpe: mudar o modelo econômico, entregar as riquezas país (sobretudo o pré-sal), destruir a cadeia de gás e óleo, a indústria naval, a indústria nuclear, as grandes empreiteiras brasileiras com atuação no cenário internacional, onde enfrentavam em pé de igualdade as congêneres estrangeira, inviabilização e privatização da Previdência Social, o desmonte da CLT, a extirpação do Partido dos Trabalhadores e de suas lideranças (“exterminar essa raça”) da cena política e, sobretudo, a destruição de Lula, a maior liderança popular brasileira, que encarna o Brasil autônomo, resistente e soberano.
PRÁTICA ANTIGA
Quer dizer que era para deixá-los impunes? Não, a investigação da corrupção é aplaudida por todos cidadãos honestos: a grande queixa é de seu desvio de prumo para atender a uma estratégia política voltada para a mudança na configuração do poder nacional sem se ter mandato para isso. Se era verdadeiramente para combater a corrupção, seu rastreamento deveria ter sido até sua origem. O patriarca da Odebrecht, Emílio Odebrecht, revelou que esse tipo de prática no relacionamento com os políticos vinha há mais de 30 anos.
Na verdade, bem mais: seu pai já agia assim, desde o fim do Estado Novo.
SELETIVIDADE
Em 1998, o jornalista Paulo Francis denunciou, no programa Manhattan Connection, na Globonews, a corrupção de dirigentes da Petrobras no governo FHC. Foi processado por isso e teve um infarto que causou sua morte. Por que a Lava Jato recusou-se em seguir a trilha aberta por Francis e segui-la até sua origem, como seria a lógica de uma investigação verdadeira? Isso teria permitido um resultado provavelmente mais eficaz, sem as suspeitas de seletividade que envenenou e destruiu o País. Por que insistiu em se limitar aos governos petistas? Em 2014, o empresário Ricardo Semler escreveu um artigo na Folha de S. Paulo testemunhando que desde a década de 70 deixou de fazer negócios com a Petrobras porque seria obrigado a pagar propina a intermediários: http://bit.do/dnoeW. Isso na época da “moralizadora” ditadura civil-militar.
DESMORALIZAÇÃO
Tornou-se recorrente na mídia citar a resposta que o juiz Sérgio Moro teria dado, quando indagado sobre a falta de empenho das investigações em relação a políticos suspeitos de outros partidos – que não o PT – sobretudo, eventuais tucanos: “Não vem ao caso”. Foram três anos de fogo cerrado e vazamentos seletivos contra os petistas, até a derrubada do seu governo, numa estratégia que muitos operadores do direito – nacionais e estrangeiros – condenaram severamente como política, fugindo ao esquadro jurídico específico. É claro que quem deve tem de ser punido, mas é preciso provar as acusações. É certo que se forem inocentadas, já terão suas vidas destruídas pelo massacre na mídia. Isso foi uma constante e repetiu-se, ostensivamente, agora, antes da publicação dos nomes dos 98 implicados nas delações da Odebrecht. Nem por isso, a lista de Fachin conseguiu impedir a desmoralização da tese de que o PT era o grande criador e fomentador da corrupção. A liderança tucana foi toda desmoralizada, junto com os demais fomentadores do golpe contra uma mulher digna.
DESMASCARAMENTO
Apesar de ter ficado às claras de onde partiu a trama golpista e a podridão e hipocrisia que cercam seus articuladores, ainda se tenta continuar com a narrativa de que o grande Satã é Lula. Por isso se intensifica a trama para afastá-lo das urnas a qualquer preço, já que as pesquisas de opinião revelam que a estratégia de hipnotização da sociedade brasileira pelos grandes meios de manipulação começa a falhar. Quanto mais manipulam, mais se desmascaram. Responderão por isso perante a História.
VALDEMAR MENEZES. Colunista do Jornal O Povo.
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