domingo, 7 de julho de 2013

Contraponto 11.631 - "Cuba contra-ataca"

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07/07/2013

Cuba contra-ataca

 

Médico natalense formado e radicado na ilha defende a "boa intenção" do governo brasileiro em trazer cubanos

Rafael Duarte
 
DO NOVO JORNAL 3/7/2013


O debate sobre a vinda de médicos ibero-americanos para o Brasil extrapolou a atuação profissional. Embora o governo federal trate de forma igualitária a possibilidade de importação de espanhóis, portugueses e cubanos, as críticas são endereçadas diretamente aos especialistas da ilha caribenha. O potiguar Alberto Campos Ferreira, 37, é dermatologista formado pela Faculdade Latino-americano de Medicina em Cuba. Mora e trabalha na cidade de Matanzas, próximo a Havana, há 13 anos. No terremoto que varreu o Haiti em 2010, Ferreira chefiou um dos quatro hospitais de campana instalados em Porto Príncipe, capital do país. Ele era da brigada Henry, criada desde 2005 em Cuba para socorrer as vítimas do furacão Katrina, que devastou o sul dos EUA naquele ano.


hgFoto: Magnus Nascimento Arq NJ
Alberto Campos Ferreira: dermatologista formado pela 
Faculdade Latino Americana de Medicina de Cuba 


Entre o recolhimento dos mortos e o amparo aos feridos, Alberto coordenou, com colegas cubanos e de outros países, uma das equipes médicas que atuou na contenção da epidemia de dengue na região. Natalense, ele conhece desde pequeno o sistema de saúde pública de Cuba. Alberto é filho do médico Leônidas Ferreira, ex-secretário estadual de Saúde nos governos de Lavoisier Maia e José Agripino Maia. O pai dele foi responsável pela implantação, em Natal, da primeira campanha de vacinação em massa da América Latina.

Leônidas assumiu o cargo com a missão de colocar um médico em cada município potiguar. Já no governo de José Agripino, voltou de Havana trazendo o modelo cubano, pioneiro na América do Sul, de médicos atuando junto às famílias carentes no interior do estado.

O NOVO JORNAL entrou em contato com o médico Alberto Ferreira por email esta semana para saber o que os médicos de Cuba estão achando da polêmica envolvendo a importação dos especialistas da ilha para o Brasil. Para ele, a contribuição seria inegável, pois abriria possibilidade, com a presença de médicos onde antes nunca foi possível, de realizarem análise da situação de saúde em grande escala. Com isso, de acordo com o potiguar radicado em Cuba, seriam identificados os principais problemas e uma estratégia de ação seria montada com a participação da comunidade para promover saúde, prevenir a aparição de doenças e garantir um diagnóstico precoce e oportuno para favorecer um rápido restabelecimento”, afirmou.

“Seria mais plausível e coerente dar alternativas para solucionar esta situação de desamparo (na saúde pública) que está submetida a população mais carente ao invés de criticar a boa intenção do governo brasileiro”, afirmou.

O médico potiguar radicado e formado em Cuba é duro nas críticas endereçadas às entidades de classe do Brasil. Ao Conselho Nacional de Medicina, que aponta a falta de competência nos profissionais formados na ilha, Ferreira rebate lembrando que a maioria das doenças endêmicas no Brasil já foi solucionada pelo sistema de saúde eficaz da ilha.

“Pode ser que os médicos cubanos não contem com prática médica em algumas doenças endêmicas do Brasil, que é facilmente explicável quando se sabe que doenças como malária, sarampo, difteria, tétano, coqueluche, lepra, VIH-sida, febre tifóide, entre outras, deixaram de ser um problema em Cuba ou foram totalmente erradicadas. James Linden disse: ‘Eu não proporei nada ditado meramente pela teoria, mas confirmarei tudo através da experiência e dos fatos, os guias mais confiáveis e infalíveis’”, rebateu.

Aos que classificam as opiniões dele como “parciais e subjetivas”, Alberto pede que chequem as estatísticas da saúde cubana junto aos boletins anuais da Organização Panamericana de Saúde. A expectativa de vida das pessoas que nascem em Cuba, por exemplo, é de 78 anos de idade. Já a mortalidade infantil é de 4,6 por cada mil cubanos nascidos vivos no país. Os números são comparados aos dados do Canadá.

O dermatologista está convencido de que os médicos cubanos podem iniciar uma revolução na saúde pública brasileira. Mas alerta para os perigos. “Estou plenamente seguro. Só não podem cometer a mesma falta de ética dos que representam os médicos brasileiros. Não podem dizer que no Brasil não existe médicos capazes, como se refere o Conselho Nacional de Medicina a respeito dos médicos cubanos e dos graduados nas universidades particulares brasileiras. Os médicos cubanos têm que demonstrar as evidências com o trabalho já realizado em países como Venezuela, Bolívia, Equador, Haiti e muitos do continente africano que com a presença dos cubanos revolucionou os indicadores sociais e de saúde destes respectivos países”, afirmou.

Ferreira questiona a motivação da polêmica criada pelas entidades de medicina brasileira. Para ele, não está claro se a principal causa é a suposta incompetência cubana ou a afetações dos interesses corporativos da categoria. “Seria importante lembrar que os lugares aonde vão trabalhar os médicos cubanos são apartados de precárias condições de vida. Lá moram pessoas despossuídas que jamais poderiam pagar um plano de saúde ou uma consulta médica. Por que negar esta oportunidade?”, encerra indagando.

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2 comentários :

  1. Os médicos brasileiros, salvo exceções, são formados para clinicar em vitrines de shopping Centers e não nas condições estremas dos nossos interiores. Deveriam só receber os diplomas se fizessem 02 (dois) anos de residência médica de extensão urbana ou rural para aprenderem lidar com o povo. Isso até é caso de segurança nacional, para o fato de tivermos que combater um dia um possível inimigo externo, o que por despreparo, nossos médicos mauricinhos e patricinhas, nessas condições, é que seriam atendidos pelos seus clientes.

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