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11/06/2015
Navios-sonda feitos no Brasil: o “errinho” de milhões da Folha e porque é vital para nosso país
Tijolaço - 11 de junho de 2015 | 08:32
Fernando Brito
A notícia de que um acordo entre sócios e credores privados e a Petrobras preservou no Brasil, essencialmente, a construção de navios-sonda de exploração de petróleo é a melhor que o país poderia ter.
E a chave para entender isso está no finalzinho da reportagem da Folha sobre a composição da dívida da empresa, atingida pela ação de um ladrão, Pedro Barusco, com o qual, interesses poderosos tentaram inviabilizar a construção destes equipamentos em território nacional.
Diz a Folha: “A Petrobras também teve de ceder um pouco. A estatal tentou reduzir o valor do aluguel das sondas. No final, acabou concordando em pagar os US$ 465 mil mensais, como estava acertado no projeto original.”
Há um pequeno erro, até compreensível para repórteres leigos – não deveriam ser, aliás – que compromete todo o entendimento da importância da questão.
É que o aluguel de uma sonda de águas ultraprofundas não custa “US$ 465 mil mensais”.
Custa mais de US$ 500 mil por dia!
Repito, não é por mês, é por dia!
E isso porque o preço do aluguel, por causa da baixa – que todos sabem ser transitória – do preço do preço do petróleo, está deprimido.
Veja o que dizem as previsões da Transocean – aquela do Golfo do México e a maior locadora de sondas do mundo:
“Esperamos que as receitas médias diárias diminuam de cerca de 410 mil dólares em 2014 para cerca de 380 mil em 2015, após o que deveria recuperação gradual a níveis superiores a 410 mil dólares americanos. No caso de a demanda por aumento da perfuração offshore, de forma a absorver o excesso de capacidade em todos os segmentos e é utilizada a média de aumentos da taxa de diárias de 20% acima da nossa projeção, isso daria uma valorização de mais 20% à nossa estimativa de ações da Transocean.”
Estes valores são para a média das sondas, contando as de águas mais e menos profundas.
A Transocean fatura, por ano, a bagatela de US$ 7,2 bilhões com o aluguel de sondas.
Será que dá para entender a importância e a magnitude da construção local destas sondas, ainda que em 2/3 da quantidade prevista quando os preços do petróleo estavam “bombando”?
Mesmo em ritmo mais lento, a exploração do pré-sal vai exigir, nos próximos anos, de ao menos 30 delas. E, se os preços do petróleo subirem, pode voltar ao plano original, de 40 sondas.
O preço de construção de uma destas sondas anda na casa de US$ 700 milhões por unidade.
É isto o que se discute quando se avalia a importância de fazê-las no Brasil e isso não pode ser decidido porque um rato andava roendo alguns ratos andaram roendo o queijo.
Tem de exterminar dos ratos, não de entregar o queijo de bilhões de dólares!
Mas por que há desinformação geral sobre isso, até entre os jornalistas, que passam longe de entender o que isso representa para a economia nacional, a ponto de errarem assim?
É que “comando marrom” da mídia, como dizia o velho Brizola, faz justamente o contrário: usa os ratos para isso, entregar o queijo.
Aproveita-se deles para jogar a criança fora junto com a água suja do banho.
Ajudados pela ignorância de quem acha que a indústria do petróleo é “um trocado”.
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