23/11/2015
Dilma fará com Levy o que fez com Mantega ou fará como Lula fez com o “tsunami”?
Por Fernando Brito
Quando eclodiu a crise do subprime, arrastando bancos, empresas e governos por todo o mundo para o buraco, todos ridicularizaram o então presidente Lula por prever que o “tsunami” seria aqui pouco mais que uma “marolinha”.
O que se passou, todos sabem, e o Brasil viveu o maior surto de crescimento da sua história recente.
Havia, como há em qualquer política econômica expansionista, gargalos e armadilhas a vencer e a evitar. Os nossos, de educação, de infraestrutura, de aguda dependência da exportação de commodities e de um crônico artificialismo cambial foram parcamente confrontados e quando o foram, com a ideia de que, com alívios e incentivos fiscais, as empresas iriam investir em modernização, em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência tecnológica.
A ambição da elite econômica brasileira é tática, quase nunca estratégica.
Não sei se por opção própria ou necessidade política – é bom lembrar que, desde 2013, o enfrentamento do Governo chegou ao paroxismo, com um movimento que só os muito ingênuos ainda acham que tinha algo de espontâneo o u progressista, embora certamente amplificado pela “greve de política” a que o Governo se entregou desde a posse de Dilma – Guido Mantega deixou ou precisou deixar de “tirar o pé” suavemente de algumas políticas públicas, sobretudo de desoneração fiscal, cujos benefícios sobre o emprego ainda estão por ser provados.
Ocorre agora o mesmo com o ministro Levy, por incrível que pareça.
Ele tem razão no que disse hoje ao Valor: “o PIB brasileiro não retraiu por conta do ajuste fiscal e sim “porque as pessoas pararam para ver o que ia acontecer”
Na política, é obvio que isso aconteceu, desde a “pauta-bomba” até a onda pelo impeachment.
Mas na administração da economia, é evidente que se parou por duas razões: a primeira, pela histeria lavajatista – ver, a propósito, a reportagem do Estadão, sobre as empreiteiras não terem fechado um contrato novo sequer em 2015 – e a segunda, seu próprio discurso e prática recessivos, que reduziu ou aniquilou as expectativas de expansão da economia.
Houve outros erros, como o reajuste dos preços administrados – energia elétrica, sobretudo – que, se foi represado erroneamente, não poderia ter sido liberado como foi a barragem da Samarco, com aumento de 52% este ano. Um evidente exagero, certamente de olho num alívio futuro que, ao reverso, contribuísse para reduzir as taxas inflacionárias.
Ao que parece – ou se espera – Dilma aguarda que Levy cumpra seu ciclo, com a aprovação – certamente “capenga” – das medidas de ajuste enviadas ao Congresso. A situação de “barata tonta” em que se encontra a parcela do Legislativo que se aglutinava em torno de Eduardo Cunha, de fato, melhora as condições de algum resultado num legislativo em que só vinham desastres orçamentários.
Se a esquerda não topar o jogo hipócrita da oposição de “parar a Câmara” em nome de uma moralidade que nunca praticou e, de outro lado, não entender que Cunha já não tem poder para deflagrar, a menos que seja como um louco desesperado, um processo de impeachment, é provável que tenha chances de fazê-lo.
De qualquer forma, com 2015, encerra-se a era Levy na economia.
Com escreveu-me hoje, de maneira concisa, uma pessoa amiga, “sem ousadia não há como sair de crise alguma”.
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