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28/11/2015
J. Carlos de Assis: Supremo rasga a Constituição e abre caminho para a Constituinte.
Blog do Liberato - sexta-feira, 27 de novembro de 2015
19:25
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Por J. Carlos de Assis - no Jornal GGN
A Constituição fala em poderes
independentes e harmônicos, mas nada fala quando os poderes deixam de
ser harmônicos e tornam-se um campo de batalha uns contra os outros, e
de todos contra o povo e a República. O Supremo acaba de proteger quatro
de seus membros da suspeita de estarem mancomunados com o senador
Delcídio nas tentativas deste de escapar de uma delação premiada.
Curiosamente, a gravação que incriminou o Senador não serviu para
incriminar os ministros do Supremo que ele citou. A inocência deles é
baseada na palavra. E isso parece suficiente ao esperto procurador geral
da República, que conseguiu dessa maneira um instrumento de chantagem
contra o STF, talvez também gravado.
Meses atrás um advogado ligado à OAB e à
CNBB tentava me convencer de que a solução política para o Brasil não
comportava uma Constituinte, porque Constituinte só se justifica depois
de uma ruptura constitucional. Esse argumento já não existe. O Supremo
Tribunal, o Executivo e o Legislativo, todos a seu modo, romperem os
limites da Constituição. De todos, o comportamento o mais grave é o STF
pois ele, formalmente, é o guardião da Carta Magna. E verifico no artigo
dos professores de Direito Romulo de Andrade Moreira e Alexandre Morais
da Rosa, no Jornal GGN,que o
Supremo rasgou nossa Constituição no caso da prisão de Delcídio,
inclusive ao aceitar como prova judicial uma gravação não autorizada.
Estão, portanto, criadas as condições
institucionais para a Constituinte, que entre suas atribuições deverá
ter a de recriar nosso sistema judiciário. Falta discutir o modo de
fazê-la. Com essa estrutura partidária viciada que está aí não dá: esse
Congresso é totalmente inconfiável, e um novo Parlamento eleito com os
mesmos critérios não seria melhor. Ter eliminado o financiamento
empresarial das campanhas foi um bom começo. Mas é preciso definir as
formas alternativas de financiamento já que o arremedo do jogo
democrático não pode permitir que partidos de aluguel, verdadeiras
bancas de negociatas, suguem dinheiro público para pregar bandeiras de
puro interesse próprio.
A meu ver, das excrescências
institucionais do sistema partidário atual um dos mais aberrantes é
justamente o financiamento público do fundo partidário. É isso que está
na origem de 39 partidos no Brasil, uma proliferação em nome da
democracia que, no fundo, embaralha a democracia. Partidos tinham que
buscar seu financiamento diretamente junto ao povo, com contribuições
individuais limitadas a um certo valor. Nâo faz nenhum sentido que,
sendo partidos, portanto partes da sociedade, vivam à custa do Estado
como um todo, que, paradoxalmente, os financia a cada um e a todos eles
para tomarem o poder do próprio Estado com dinheiro público!
J.
Carlos de Assis é jornalista, economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor
do recentemente lançado “Os Sete Mandamentos do Jornalismo
Investigativo”, Ed. Textonovo, SP.
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