24/11/2015
Turquia, membro da OTAN, teve aval dos EUA para derrubar avião russo?
por Fernando Brito
Quer compreender a gravidade do incidente de hoje, quando um avião turco F-16 derrubou um jato russo – segundo os russos em espaço aéreo sírio – que lançava ataques contra o “Exército Islâmico”?
Então imagine um caça Sukhoi da aviação iraniana derrubando um jato norteamericano que estivesse atacando posições do Isis no Iraque, junto da fronteira iraniana.
A Turquia é membro da Otan e é impossível que não tenha discutido protocolos militares – o que fazer diante de determinadas situações, como fazer, até onde ir – diante de contatos de fronteira entre sua aviação e a russa.
Não houve tiro de advertência, para o caso de não ser possível comunicação por rádio, se foi tentada de fato.
Piloto algum, exceto em situação de guerra declarada ou sob ataque, efetua disparo letal sem ordem superior.
A Rússia espera apenas o pronunciamento da Otan, quieta até agora.
Putin disse que foi “uma punhalada nas costas”.
Numa rápida análise no Facebook, o veterano jornalista Nilson Lage, testemunha de todos tipos de guerra, quentes, frias e mornas, escreveu:
A derrubada de avião militar russo na
fronteira entre Síria e Turquia pela aviação turca esquenta o conflito
inevitável do “Ocidente” (incluindo Israel e Arábia Saudita, entre
outros) com a coligação Síria-Irã-Rússia, que conta com a simpatia da
China, entre outros.
O objetivo comum do “Ocidente” é eliminar o estado laico liderado
por Assad, abrindo caminho à destruição do Irã e fragilização da Rússia,
que tem pesados interesses geopolíticos na região.
Os americanos sonham completar sua
“primavera árabe”, que quebrou resistências nacionais por todo o Oriente
Médio, substituindo governos estáveis por teocracias e disputas
tribais.
Os franceses admitem retalhar o território sírio, criando um novo país étnico, o Curdistão. Os turcos se opõem, porque a ambição dos curdos é incorporar parte dos territórios turco e iraquiano.
Israel quer prosseguir calmamente com a ocupação da Palestina e das colinas do Golã, recriando seu sonhado império milenar – agora, com forte suporte bancário e militância ideológica espalhada pelo mundo.
É um contexto extremamente perigoso de coligações frágeis e propagada – que só não explode porque a parte russa (e chinesa), detentora de armamento nuclear, não se dispõe a usá-lo.
Os americanos dão a impressão de que estão doidos para isso.
Os franceses admitem retalhar o território sírio, criando um novo país étnico, o Curdistão. Os turcos se opõem, porque a ambição dos curdos é incorporar parte dos territórios turco e iraquiano.
Israel quer prosseguir calmamente com a ocupação da Palestina e das colinas do Golã, recriando seu sonhado império milenar – agora, com forte suporte bancário e militância ideológica espalhada pelo mundo.
É um contexto extremamente perigoso de coligações frágeis e propagada – que só não explode porque a parte russa (e chinesa), detentora de armamento nuclear, não se dispõe a usá-lo.
Os americanos dão a impressão de que estão doidos para isso.
Hoje, no The New York Times, John Bolton, ex-embaixador de George W. Bush na ONU, defende abertamente que os Estados Unidos e aliados “criem um país” sunita com partes da Síria e do Iraque, controlando as áreas de petróleo nos dois países.
Como após a Primeira Guerra, querem de novo traçar a régua as fronteiras nacionais no Oriente Médio, dividindo tal como possam reinar.
A propósito, coloco a seguir o excelente vídeo, narrado em espanhol e com legendas em português, feito pela Why Maps, com um pouco desta história, que me envio o leitor Antonio, de muito fácil compreensão mesmo para os que não acompanham o cenário da guerra. Foi feito antes dos ataques a Paris e não tem características de propaganda.
PS. Ainda bem que a monarquia na Inglaterra é coisa só para inglês ver. A entrevista do Príncipe Charles dizendo que a causa da guerra são as mudanças climáticas é de abanar as orelhas, não tão pequenas.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista