terça-feira, 24 de novembro de 2015

Contraponto 18.239 - "Turquia, membro da OTAN, teve aval dos EUA para derrubar avião russo?"

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24/11/2015

Turquia, membro da OTAN, teve aval dos EUA para derrubar avião russo?


estopim

por Fernando Brito

Quer compreender a gravidade do incidente de hoje, quando um avião turco F-16 derrubou um jato russo – segundo os russos em espaço aéreo sírio – que lançava ataques contra o “Exército Islâmico”?

Então imagine um caça Sukhoi da aviação iraniana derrubando um jato norteamericano que estivesse atacando posições do Isis no Iraque, junto da fronteira iraniana.

A Turquia é membro da Otan e é impossível que não tenha discutido protocolos militares – o que fazer diante de determinadas situações, como fazer, até onde ir – diante de contatos de fronteira entre sua aviação e a russa.

Não houve tiro de advertência, para o caso de não ser possível comunicação por rádio, se foi tentada de fato.

Piloto algum,  exceto em situação de guerra declarada ou  sob ataque, efetua disparo letal sem ordem superior.

A Rússia espera apenas o pronunciamento da Otan, quieta até agora.

Putin disse que foi “uma punhalada nas costas”.

Numa rápida análise no Facebook, o veterano jornalista Nilson Lage, testemunha de todos tipos de guerra, quentes, frias e mornas,  escreveu:

A derrubada de avião militar russo na fronteira entre Síria e Turquia pela aviação turca esquenta o conflito inevitável do “Ocidente” (incluindo Israel e Arábia Saudita, entre outros) com a coligação Síria-Irã-Rússia, que conta com a simpatia da China, entre outros. O objetivo comum do “Ocidente” é eliminar o estado laico liderado por Assad, abrindo caminho à destruição do Irã e fragilização da Rússia, que tem pesados interesses geopolíticos na região. Os americanos sonham completar sua “primavera árabe”, que quebrou resistências nacionais por todo o Oriente Médio, substituindo governos estáveis por teocracias e disputas tribais.

Os franceses admitem retalhar o território sírio, criando um novo país étnico, o Curdistão. Os turcos se opõem, porque a ambição dos curdos é incorporar parte dos territórios turco e iraquiano.


Israel quer prosseguir calmamente com a ocupação da Palestina e das colinas do Golã, recriando seu sonhado império milenar – agora, com forte suporte bancário e militância ideológica espalhada pelo mundo.


É um contexto extremamente perigoso de coligações frágeis e propagada – que só não explode porque a parte russa (e chinesa), detentora de armamento nuclear, não se dispõe a usá-lo.


Os americanos dão a impressão de que estão doidos para isso.

A estratégia de recusar, diante da necessidade de conter o avanço do “Exército Islâmico” qualquer entendimento que inclua o governo sírio não é uma simples teimosia dos EUA.

Hoje, no The New York Times, John Bolton, ex-embaixador de George W. Bush na ONU, defende abertamente que os Estados Unidos e aliados “criem um país” sunita com partes da Síria e do Iraque, controlando as áreas de petróleo nos dois países.

Como após a Primeira Guerra, querem de novo traçar a régua as fronteiras nacionais no Oriente Médio, dividindo tal como possam reinar.

A propósito, coloco a seguir o excelente vídeo, narrado em espanhol e com legendas em português, feito pela Why Maps, com um pouco desta história, que me envio o leitor Antonio, de muito fácil compreensão mesmo para os que não acompanham o cenário da guerra. Foi feito antes dos ataques a Paris e  não tem características de propaganda.




PS. Ainda bem que a monarquia na Inglaterra é coisa só para inglês ver. A entrevista do Príncipe Charles dizendo que a causa da guerra são as mudanças climáticas é de abanar as orelhas, não tão pequenas.
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