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25/11/2015
Moro ajuda, sem querer, à “destucanização” do PT
Por Fernando Brito
Duas coisas parecem evidentes, com o recrudescimento das prisões da Operação Lava-Jato.
A primeira, é que – como se disse ontem – foi necessário dar manivela ao fole de uma investigação que, agora, deveria estar concentrada em tudo o que se apurou e nas responsabilidades de quem esteve envolvido.
A segunda é que o “inchaço” do PT, provocado pela chegada ao poder de Lula – como toda enchente, aliás – trouxe para ele uma maré de detritos neoliberais como os cidadãos presos hoje.
Para não parecer escrito sob encomenda depois dos fatos, traço a imagem de Delcídio Amaral – inimigo da Petrobras desde sempre, quando se filiou ao PSDB para ocupar um cargo de direção na empresa – e ajudado por escritos alheios, já de algum tempo.
“(…) “Uma coisa o Delcídio tem de
entender: O PT deu tudo o que ele tem na política, que é o mandato de
senador”, comentou o deputado federal Vander Loubet. O PT foi buscá-lo
para os seus quadros depois de ele encontrar as portas fechadas no PFL,
no PMDB e PSDB. E quando tentou sair do PT para concorrer ao Governo do
Estado nas eleições de 2006 pelo PSDB, Delcídio foi vetado pela senadora
Marisa Serrano, a maior estrela do partido em Mato Grosso do
Sul. Rejeitado pelos grandes partidos, o único que escancarou as portas
para a sua entrada foi o PT. Delcídio, na época imaginava estar filiado
ao PSDB e depois descobriu que a sua ficha não tinha sido encaminhada à
Justiça Eleitoral.
Na dura disputa eleitoral com grandes
lideranças políticas do Estado, Delcídio saiu da lanterninha com apoio
da militância do PT e de amigos para conquistar o Senado, derrotando
surpreendentemente o mito da política estadual, ex-governador Pedro
Pedrossian. “Hoje, Delcídio despreza a militância e jogou todos os
amigos para fora”, comentou um petista, que preferiu o anonimato para
não atrapalhar o esforço de mais uma tentativa de reaproximação do
senador com o ex-governador José Orcírio dos Santos. (Correio do Estado, MS, 25/1/2011)
A história rocambolesca de negociação de dinheiro e fuga que teriam mantido com o ex-diretor Nestor Cerveró mostra o espetáculo de intrigas, chantagens e baixeza em que acusados e acusadores estão metidos na Lava-Jato.
Delcídio, sobretudo, foi uma figura que o PT absorveu e integrou e, agora, paga por ele.
É um dos preços da política, o que vem com a maré montante e o que se vai com a vazante. Neste caso, diretamente pelo ralo.
O Dr. Sérgio Moro, sem querer, vai ajudando a tirar do PT a “tucanidade” que se entranhou nele.
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