segunda-feira, 16 de maio de 2016

Nº 19.372 - "Panelaço contra a panelinha"

 

16/05/2016

Panelaço contra a panelinha

panel

Por
 

O grave para Michel Temer é que não foi o povão.

Foi a classe média.

A mesma classe média que gritava “Fora Dilma”.

E que grita “Fora Temer”, agora.

E que provavelmente gritaria “fora, qualquer um”.

Não tem nem um mês – só amanhã – que o circo comandado por Eduardo Cunha, com a bênção do austero Ministro Teori Zavascki, que só depois considerou imoral sua permanência no posto, começava o inevitável afastamento de Dilma Rousseff.

As instituições esculhambaram o Brasil.

Estamos, virtualmente e há um ano e meio, sem governo.

Na falta de tribunais, temos  panelas.

E uma classe média que viu, afinal, uma “panelinha” de políticos abocanhar o poder sem votos.

Este governo só tem acolhida – e bem hipócrita, aliás – entre os  jovens senhores de ternos bem cortados e rostinho escanhoados.

Fora daí,  o Brasil a esta zorra total.

Está claro que o governo de usurpação não tem base nem sequer nos seu berço.

É uma piada, uma chacota por isso mesmo é perigoso, porque a força é o substituto da legitimidade para os governos que não a têm.

Se o homem que indevidamente ocupa a presidência quisesse falar a todos, como é de seu dever, falaria e não haveria uma emissora a boicotar suas palavras.

Mas foi prestar vassalagem à TV Globo, mostrando quem manda no país.

Começou a morrer mal parido foi.

Desmilinguiu-se.

Temer é o cadáver mais rápido da história brasileira.

Mas que teimará em anda sobre a Terra alguns dias ou semanas a mais. E perigosíssimo, porque ou ataca ou morre.

O Brasil está sendo levado ao caos e um país deste tamanho e desta força não pode cair numa situação destas.

Não somos um Egito ou um Afeganistão.

Não é possível uma junta militar ou um governo títere aqui.

Mas também não é possível reerguer-nos com instituições comprometidas como as que temos.

Quem ainda confia no Congresso ou no Supremo?

Até a improvável volta de Dilma, a esta altura, não pode nem sequer ser descartada, embora improvável.
Temer,em 72 horas, tornou-se um molambo.

Até que se faça abolir tudo, quase até a Lei Áurea, o “mercado ” vai colocar a faca no pescoço deste governicho de ocasião e exigir “ação”, e Temer  vai mandar Meirelles  – ou outro, se este demorar – agir sem mordaça.

E está ficando claro que o Brasil vai reagir.

O buraco desta crise é mais embaixo, muito mais embaixo ainda.

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