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18/05/2016
Pacto de ministro interino com entidades médicas ameaça assistência de 45 milhões de brasileiros atendidos pelo Mais Médicos
Do Viomundo - 18/05/2016
O Programa Mais Médicos vai aonde a população está. Fotos: Araquém Alcântara, do Livro Mais Médicos
por Conceição Lemes
Desde o início do Programa Mais Médicos, no segundo semestre
de 2013,várias entidades médicas se posicionam contra a atuação de
profissionais estrangeiros no Brasil, especialmente os cubanos.
A Associação Médica Brasileira (AMB), por exemplo, apoiou o senador
Aécio Neves (PSDB) à presidência da República, em 2014, fez oposição
cerrada ao governo Dilma e aderiu ao golpe, inclusive com cartas de
apoio.
Não à toa na reunião que tiveram com o deputado federal Ricardo
Barros (PP-RR) no final de semana de 7 e 8 de maio de 2016, portanto
antes do afastamento de Dilma, defenderam a saída dos médicos
estrangeiros do Programa Mais Médicos.
Ricardo Barros se comprometeu com as entidades a atender a
reivindicação. Àquela altura, já era tido como ministro interino da
Saúde do governo usurpador de Michel Temer.
Porém, no decorrer da semana passada, os prefeitos começaram a chiar. Eles são os grandes demandantes do Mais Médicos.
Muitos deles não conseguem ter médicos com os meios próprios. E o
programa representou, pela primeira vez, a possibilidade de atender com
qualidade grande parcela da população que antes não tinha qualquer
atendimento.
Nos últimos dias, a imprensa tem noticiado que o ministro interino reduzirá o número de médicos estrangeiros no Programa Mais Médicos. Ele dará prioridade e aumentará os estímulos para a atuação dos brasileiros.
Eu entrevistei o médico Hêider Pinto, que até 11 de maio de 2016, foi
secretário de Gestão da Educação e do Trabalho na Saúde, do Ministério
da Saúde. Nessa condição, coordenou a gestão do Programa Mais Médicos.
Viomundo – Ricardo Barros pactuou com as entidades médicas a saída dos médicos estrangeiros do Mais Médicos. Já os prefeitos são os grandes apoiadores do programa e este ano tem eleição municipal. Como fica?
Hêider Pinto — Ele parece querer atender o que
pactuou com as entidades médicas e, ao mesmo tempo, parece ter receio da
reação dos prefeitos. Sem dúvida, a eleição é o momento mais sensível,
mas a necessidade dos gestores vai continuar após as eleições. A
necessidade do povo é todo dia e não segue o calendário eleitoral. Se,
num gesto de esperteza, ele está pensando em manter o Programa Mais Médicos até a eleição e terminar depois, é um desrespeito com a saúde e inteligência da população. Vai se dar mal. Isso vai explodir.
Viomundo – O que acha de ele retirar os estrangeiros do Mais Médicos e dar prioridade à atuação dos brasileiros?
Hêider Pinto – Reduzir arbitrariamente os
estrangeiros é uma medida pouco democrática e nada inteligente. Já dar
mais estímulos aos brasileiros é positivo.
Aliás, talvez ele ainda desconheça o que algumas entidades médicas fazem de conta que não sabem: a lei que estabelece o Programa Mais Médicos obriga que cada vaga deva ser oferecida primeiro aos médicos com registro profissional no Brasil.
Viomundo – O que diz exatamente a lei?
Hêider Pinto — A Lei 12.871/ 2013, sancionada pela
presidenta Dilma Rousseff, é bem clara: as vagas que não forem ocupadas
por brasileiros serão oferecidas aos médicos brasileiros formados no
exterior; e, só depois, restando ainda vagas é que as mesmas são
oferecidas aos médicos estrangeiros. Ou seja, desde a criação do
programa, a prioridade foi – e está dada – aos médicos brasileiros.
Viomundo –Dos médicos envolvidos no Mais Médicos, quantos são estrangeiros?
Hêider Pinto – Atualmente, 71%. São cerca de 13 mil
médicos, que têm registro no exterior. Alguns são brasileiros formados
no exterior e só podem atuar no Brasil por meio do programa.
Viomundo – Ou seja, só tem muitos estrangeiros no Mais Médicos porque os brasileiros não quiseram ir para áreas onde a população mais precisava.
Hêider Pinto – Exatamente. Em 2013, os médicos brasileiros só se interessaram em ocupar 22% das vagas oferecidas pelo Mais Médicos.
As vagas para atender a populações mais pobres, de locais distantes,
mesmo das periferias das grandes cidades, inclusive São Paulo, só foram
ocupadas graças aos médicos brasileiros formados no exterior e aos
estrangeiros.
Viomundo – Se dependesse da vontade de várias entidades médicas quantos brasileiros deixariam de ter tido assistência médica?
Hêider Pinto – 45 milhões de brasileiros!
Viomundo – Tudo isso?
Hêider Pinto — Infelizmente, sim.
Explico. Desde 2015, com o aumento dos estímulos do governo Dilma aos
médicos brasileiros – pontuação adicional de 10% no concurso para
residência médica, além da bolsa e dos auxílios moradia e alimentação –
todas as novas vagas foram ocupadas por médicos brasileiros.
A maior adesão dos médicos brasileiros, portanto, deve ser
comemorada. Hoje, do total de 18,2 mil médicos do programa, mais de 5,3
mil (29%) são médicos com registro no Brasil.
Só que ainda é insuficiente para atender à demanda da população. Aproximadamente dois terços dos municípios atendidos pelo Programa Mais Médicos continuam não atraindo os médicos brasileiros.
Resultado: dos 63 milhões de brasileiros atendidos pelo programa, 45
milhões só têm atendimento devido à atuação dos médicos estrangeiros e
dos brasileiros formados no exterior.
Viomundo – No início, a mídia divulgava com alarde toda vez
que um médico estrangeiro, especialmente cubano, abandonava o programa.
Quem deixa mais o Mais Médicos?
Hêider Pinto – O tempo de atuação no programa para
todos os médicos é de três anos, exceto os brasileiros que podem
escolher ficar três anos ou apenas um. Mesmo assim, 40% dos brasileiros
abandonam a atividade no Posto de Saúde antes de cumprir o prazo
acordado. No caso dos estrangeiros, a taxa de abandono é de 15%. E dos
cubanos, especificamente, é de apenas 8%.
Viomundo – Por quê?
Hêider Pinto — O principal motivo são novas ofertas
de emprego, concursos, prova da Residência Médica para fazer
especialização. Também por serem oriundos de cidades maiores, de classe
média ou alta e formados para atuar na medicina privada e especializada,
eles não se adaptam à atuação no interior e nas periferias na atenção
básica do SUS.
Viomundo – Eu fiz matérias com gestores da Saúde e pessoas
atendidas por médicos estrangeiros, principalmente cubanos. Sou
testemunha: os pacientes adoram os estrangeiros. Emocionada, uma senhora
contou que pela primeira vez um médico a tocou pra examinar; que os
médicos brasileiros pareciam que tinham nojo dos doentes pobres… O que
explica a tamanha aprovação?
Hêider Pinto -- Os médicos estrangeiros estão nos
locais com maior necessidade. Além disso, o atendimento mais humanizado e
a capacidade de resolver mais problemas, sem precisar encaminhar a um
serviço especializado, têm sido a marca mais forte da atuações desses
médicos.
Isso não se explica pelo fato de serem cidadãos cubanos, italianos, uruguaios ou das mais de 40 nacionalidades presentes no Programa Mais Médicos.
A grande questão é que esses médicos gostam de atuar na atenção
básica, sendo a maioria, especialistas em Medicina de Família e
Comunidade.
Enquanto em diversos países há prioridade para essa especialização,
no Brasil o modelo é voltado para o especialista do setor privado e do
hospital.
Consequência: o modelo brasileiro não prepara os médicos nem para a
atenção básica nem para o SUS. Tanto que das 2.700 vagas em Medicina da
Família e Comunidade oferecidas pelo Mais Médicos, apenas 760 foram ocupadas por médicos brasileiros. O que significa que 1.940 vagas ficaram ociosas.
Viomundo – O que vai acontecer se o ministro interino Ricardo
Barros expulsar os médicos estrangeiros, como pleiteiam entidades
médicas?
Hêider Pinto — De fato, expulsar os médicos
estrangeiros é um desejo das entidades médicas mais conservadoras.
Considero pouquíssimo democrático deixar que a xenofobia e preconceito
de alguns milhares prejudique a vida de mais de 45 milhões de
brasileiros, justamente aqueles que mais precisam e que moram nos
municípios que têm menos condições de substituir esse médico por outro.
Isso sem falar nos mais de 3 mil prefeitas e prefeitos beneficiados pelo
programa.
Tem mais. Essa reivindicação xenófoba e preconceituosa de algumas
entidades médicas vai na contramão do que vários países do mundo têm
feito: aumentar o estímulo para contar com médicos estrangeiros em seus
sistemas de saúde. Nos EUA, mais de 25% dos médicos são formados no
exterior; no Reino Unido, quase 40%.
Viomundo – Ou seja, ou se atende a um grupo de médicos
conservadores ou aos mais de 45 milhões de brasileiros, além de mais de 3
mil prefeitos.
Hêider Pinto – Com certeza. Obviamente, defendo que a população e, como consequência, os prefeitos sejam os beneficiados.
Acho também que se deve oferecer mais estímulo aos médicos
brasileiros, sem prejuízo dos estrangeiros, garantindo a
sustentabilidade do Programa Mais Médicos. No médio prazo, é uma medida não só inteligente como necessária.
Uma boa ideia seria garantir à Bolsa de Residência em Medicina de
Família e Comunidade o mesmo valor da Bolsa do Mais Médicos quando sua
atuação for em localidades que o SUS tem necessidade.
Seria garantido apenas aos brasileiros tudo o que eles já têm no Programa Mais Médicos
e ainda agregaria um título de especialista. Isso é importante não só
para a qualidade do atendimento no SUS, mas também para que esse médico
possa formar outros médicos nas novas escolas de medicina abertas também
pelo Programa Mais Médicos.
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PITACO DO ContrapontoPIG
O "Governo" Temer se mostra disposto prejudicar, diminuir e mesmo acabar programas sociais que trazem imensos benefícios à população brasileira mais necessitada. São alvos desta sanha destruidora, entre outros, programas vitoriosos como :
- Mais Médicos
- Minha Casa Minha Vida
- SUS
- Prouni
- Bolsas de estudos do Ciência Sem Fronteiras
- Bolsa Família e outros
Mostra-se também imbuído da intenção de prejudicar, órgãos do governo que prestam grandes serviços ao povo do país tais como:
- Ministério da Cultura
- Ministérios direcionados às mulheres, aos negros, aos indígenas
- Ministério da Previdência
- EBC e outros
O governo do Conspirador Temer comete crime contra a população, mormente a mais carente do país.
Através do Ministério das Relações Exteriores, tem demonstrado a intenção de desmanchar todo o esforço realizado pelo Brasil em décadas no sentido de fortalecer a integração da América Latina. Demonstra igualmente o objetivo de enfraquecer o BRICS, almejado estreito e deletério relacionamento, com os EEUU.
Por que tanta maldade? A quem tudo isto beneficia? A plutocracia brasileira, com certeza. A classe política corrupta tem orgasmos. A elite do país, perversa, corrupta e ainda com mentalidade escravista delira com tamanho estrago feito por um governo usurpador, entupido de ministros corruptos cheio de más intenções. E a tudo isso a grande imprensa nacional, corrupta, manipuladora e criminosa, incentiva, apoia e promove de olho em ganhos astronômicos.
A Justiça do país, a quem caberia abortar um impeachment cristalinamente inconstitucional - segundo juristas do mais alto calibre - a tudo isto assiste complacente. Conivência? Covardia? Cumplicidade? Ou um pouco de tudo isso.
E o povo?
E o povo?
Temos visto uma reação pronta e crescente dos movimentos populares. Temos assistido a manifestações gigantescas e constantes de protestos contra este estado de coisas. A sociedade reage com energia e intensidade cada vez maior com destaque para a iniciativa e a bravura mulher brasileira. E deverá fazê-lo cada vez mais duramente até que se consiga retirar do poder esta quadrilha de calhordas inimigos do povo e do País.
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