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19/10/2016
O que fazer com a Rede Globo de comunicações?, por Wanderley Guilherme dos Santos
no Segunda Opinião
O que fazer com a Rede Globo de comunicações?
por Wanderley Guilherme dos Santos
O que fazer com o sistema globo de comunicação é um dos mais difíceis problemas a solucionar pela futura democracia brasileira. A capacidade de fabricar super-heróis fajutos, triturar reputações e transmitir versões selecionadas e transfiguradas do que acontece no mundo, lhe dá um poder intimidante a que se foram submetendo o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. A referência aos três poderes constitucionais da República resume a extensão do controle que o Sistema Globo detém e exerce implacavelmente, hoje, sobre toda e qualquer organização ou cidadão brasileiro. Só ínfima proporção do povo desdenha ser personagem de um fictício Brasil, nas páginas de seus jornais e revistas, notícias radiofônicas e matérias televisivas. Ainda menor é o número dos que não se abalam com a possibilidade de soçobrar nos planos de perseguição e vingança do portentoso vozeirão do Monstro comunicativo.
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Nenhum juiz, político, servidor público, organizações do
bem ou do mal, passantes inofensivos e supostos detentores de direitos
posa de valente diante das bochechas do mau humor Global.
O Sistema
Globo de Comunicação superou as Forças Armadas e as denominações
religiosas, inclusive a inquisitorial Igreja Católica, na capacidade de
distribuir pela sociedade os terríveis sentimentos de medo, ansiedade e
inquietação. Ele é a fonte do baixo astral e baixa estima dos
brasileiros e das brasileiras. O Sistema Globo converteu-se no gerente
corruptor e corruptível do medo político, econômico, social e moral da
sociedade brasileira, sem exceção.
Denunciar a gênese não contribui para elaborar eficiente estratégia
de destruição do Monstro. Aliás, de que destruição se trata? O Sistema
fabricou a mais abrangente e veloz rede de transmissão de notícias,
através de emissoras e retransmissoras associadas, com comando
centralizado e sem rival na sofisticação de sua aparelhagem e na
competência de seus operadores. O Sistema Globo de Comunicações é modelo
de excepcionalmente bem sucedido projeto de formação da opinião pública
e de interpretação conjuntural dos valores cívicos da nacionalidade. É
ele quem cria os amigos e os inimigos do País, mediante o controle, pelo
medo, das instituições políticas e judiciárias. Com extraordinária
reserva de recrutas intelectuais e especialistas, está aparelhada para a
defesa de qualquer tese que a mantenha como proprietária praticamente
exclusiva do poder de anunciar, em primeira mão, o que é a verdade –
sobre tudo e sobre todos.
Não é esse poder tecnológico e de competência que deve ser destruído. Ao contrário, preservado e estimulado a manter-se na vanguarda da capacidade difusora de notícias e de valores, bem como em sua engenhosidade empresarial capitalista. O que há a fazer é expropriar politicamente o Sistema Globo de Comunicações, mantendo-o autônomo em relação aos governos eventuais (ou frentes ideológicas de infiltradas sanguessugas autoritárias), e implodir as usinas editoriais e jornalísticas do medo e de catástrofes emocionais, restituindo isenção aos julgamentos de terceiros. O Sistema Globo constitui, potencialmente, excelente opção para um sistema público de notícias impressas, radiofônicas e televisivas. Politicamente expropriados da tirania exercida sobre o jornalismo da organização, seus proprietários jurídicos podem manter ações e outros haveres econômicos das empresas conglomeradas, sem direito a voto na redação do futuro manual do sistema público de comunicação.
Como está é que não pode ficar. Ou não haverá democracia estável no país.
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