terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Nº 20.772 - "A justificativa da Petrobras para contratar empresas estrangeiras acusadas de corrupção não cola. Por Joaquim de Carvalho"

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24/01/2017


A justificativa da Petrobras para contratar empresas estrangeiras acusadas de corrupção não cola. Por Joaquim de Carvalho




Diário do Centro do Mundo -  Postado em 24 Jan 2017


 Pedro Parente
Pedro Parente


por Joaquim de Carvalho


A direção da Petrobras, presidida por Pedro Parente, divulgou nota para rebater as críticas feitas pela Associação dos Engenheiros da empresa (AEPET) em razão de ter convidado apenas empresas estrangeiras para disputar o contrato de sua maior obra em andamento, a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPHN), no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Considera as críticas “simplistas sobre uma inexistente preferência por empresas estrangeiras versus empresas brasileiras”. Diz que convidou as estrangeiras porque as grandes empresas brasileiras estão proibidas de fechar contrato com a Petrobras por causa das denúncias da Operação Lava Jato.

A AEPET ainda não se pronunciou oficialmente, mas um diretor da associação, entidade que tem raízes na origem da Petrobras, com a campanha O Petróleo É Nosso, diz que a nota provoca uma confusão, na opinião dele, proposital.

A associação é favorável à mudança de modelo da contratação, que hoje concentra na empresa de fora o controle total sobre a obra, desde o projeto de engenharia até a compra de material. Os engenheiros defendem que o controle seja da Petrobras, o que poderia proporcionar a contratação de empresas médias.

Na nota, a direção da Petrobras diz que as companhias estrangeiras convidadas para fazer a obra estão instaladas no Brasil há anos.

“A verdade é que elas têm escritório comercial aqui, escritório de representação, em geral não têm fábrica aqui. Sua operação principal se concentra lá fora e, como mostra a experiência do passado, se tocarem essa obra, vão trazer material de fora e profissionais também. O grosso do empresa será gerado em outro país, não aqui”, afirma.

Com o modelo de contratação conhecido como EPC, a possibilidade de superfaturamento é maior, segundo a AEPET.

Na nota, a direção da Petrobras faz uma comparação que esse diretor da AEPET considera estranha. A direção da empresa diz que contratar as estrangeiras para fazer a sua maior obra é o mesmo que dizer que dirigimos carros importados fabricados em São Bernardo do Campo.

Só que, lembra esse diretor, as montadoras de São Bernardo do Campo estão aqui já mais de meio século, têm produção local, geram milhares de empregos.

“Quero que a Petrobras me informe onde estão as fábricas no Brasil dessas empresas estrangeiras que produzem material e serviços aqui? Quero que me mostre o seu departamento de engenharia no Brasil. Nada, estão nos Estados Unidos, Alemanha e China, e o contrato com a Petrobras interessa a esses países, não ao desenvolvimento e incentivo à indústria nacional” afirma.

“Assim como estão fazendo com as reservas de petróleo, estão agora entregando também os contratos de serviços e obras”.



Sobre o Autor

Joaquim de Carvalho. Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com

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