sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Nº 20.794 - "Será que já esquecemos que Temer foi citado QUARENTA E TRÊS vezes numa única delação? Por Paulo Nogueira"


27/01/2017


Será que já esquecemos que Temer foi citado QUARENTA E TRÊS vezes numa única delação? Por Paulo Nogueira



Diário do Centro do Mundo - postado em 27 Jan 2017


Nosso Catão
Nosso Catão

por Paulo Nogueira


Paulo NogueiraViramos um país desmemoriado e descarado.

Parece que esquecemos que o presidente usurpador governa sob o peso de 43 citações numa única delação da Odebrecht.

Uma seria suficiente para colocar Temer sob séria suspeita — e provavelmente inviabilizá-lo na presidência.

Mas são 43.

Um dia a posteridade, retomada a sanidade entre os brasileiros, se perguntará como o país foi capaz de tolerar um presidente mergulhado de tal forma num superesquema de roubalheira.

Não é o primeiro sinal de que perdemos a lucidez, aliás. Os pósteros também lutarão para entender como um gangster como Eduardo Cunha foi deixado livre para comandar o processo na Câmara que foi dar num golpe de Estado. Os múltiplos crimes de Cunha já eram amplamente conhecidos enquanto ele derrubava abertamente Dilma.

Pena que os futuros brasileiros não terão nenhuma justificativa do ministro do STF Teori Zavascki sobre seu comportamento absurdo no impeachment.

Teori esperou uma eternidade para mandar prender Cunha, como pedia a PGR. Teori deu a Cunha o tempo necessário para o golpe.

Ri sozinho ao ler um amigo dele dizer que a monumental demora se deveu a que Teori examinava os processos com “sobriedade”.

Ora, ora, ora. Você pode rir ou chorar com essa desculpa. Sigo os filósofos gregos, e rio diante da miséria humana contida na pretensa justificativa para a lentidão de Teori.

O fato é que perdemos o juízo, o tino, a noção das coisas. É tido como normal, para citar mais um caso, um juiz do STF ter uma atuação tão partidária quanto a de Gilmar Mendes.

Deveríamos ficar escandalizados com isso, mas nem reparamos. Tente encontrar um único editorial da mídia que questione a tagarelice indevida de Gilmar.

Em nenhum país civilizado um juiz como Gilmar seria tolerado, mas no Brasil ele é um astro da mídia.

Também em nenhuma sociedade avançada seria aceito que a chefia do governo estivesse nas mãos de alguém citado 43 vezes num caso de corrupção.

Ou o mundo civilizado está errado e o Brasil certo, ou é o inverso. Sabe aquela história da mãe que vê o filho desfilar diferente de todos os demais numa imensa parada e conclui, orgulhosa, que só seu garoto está certo?

Pois é.


Sobre o Autor

 Paulo Nogueira. Jornalista, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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