25/03/2018
Lula pode organizar o jogo
por LEONARDO ATTUCH
A vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal na última quinta-feira 22, que lhe garantiu pelo menos mais quinze dias de liberdade, prova que ele estava certo ao não movimentar as peças da sucessão presidencial. Nas últimas semanas, Lula foi pressionado por adversários e aliados para que abrisse logo suas cartas. Ciro Gomes, por exemplo, dizia que Lula vinha "tamponando" seu crescimento. No PT, muitos cobravam de Lula a escolha de um vice ou, pelo menos, que ele começasse a gravar alguns vídeos, para que sua imagem pudesse ser usada durante a sucessão presidencial.
Lula, no entanto, confiou na sua intuição e, com os sete votos que obteve no Supremo Tribunal Federal, agora tem tempo para organizar o jogo, mantendo seu plano A, que consiste em esticar ao máximo sua candidatura presidencial. Se vier a ser impedido, ele pode ir matutando com calma sobre quem seria, provavelmente dentro do PT, e não fora, sua escolha ideal. A tendência é que Lula não faça nenhum movimento significativo até 4 de abril, porque o mais provável é que STF lhe conceda o habeas corpus, garantindo ao ex-presidente o direito de permanecer em liberdade durante a campanha presidencial. A batalha que virá será no Tribunal Superior Eleitoral, onde seus adversários tentarão garantir sua inelegibilidade, em razão da Ficha Limpa.
Nesse contexto, os candidatos do campo democrático, que são Lula, Ciro Gomes, Manuela D'Ávila e Guilherme Boulos, poderão refletir sobre a oportunidade de uma Frente Ampla em defesa da retomada da soberania nacional e dos direitos subtraídos de milhões de brasileiros no golpe de 2016. Na prática, um compromisso para que os quatro construam um programa comum e também assumam o compromisso de apoiar o nome que estiver em primeiro lugar no primeiro turno. Com essa possível aliança, e sem fragmentação de votos na esquerda, será grande a possível até uma eventual vitória em primeiro turno.
No campo adversário, a direita sofre um duro revés porque o projeto das forças que construíram o golpe de 2016 não era apenas o de afastar a presidente Dilma Rousseff. Era também necessário desmoralizar Lula e criminalizar o PT – o que não funcionou, uma vez que Lula lidera todas as pesquisas e a mais recente sondagem do instituto Ipsos o apontou como o candidato mais aprovado e menos rejeitado. Dado esse fracasso, apostava-se na prisão em 26 de março para que ele fosse humilhado e também silenciado.
Lula, no entanto, continua fazendo suas caravanas, conquistando apoios e mostrando ao Brasil que um outro caminho é possível. A esquerda desgarrada deveria agora se aproximar do maior líder popular que o Brasil já construir para tentar construir uma agenda comum.
Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste.
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