28/03/2018
Advogados denunciam ao MP grupos de whatsaap suspeitos do atentado contra Lula; em conversas, planejam ataques
Do Brasil de Fato - 28 de março de 2018 às 13h04
Montagem com prints da conversas de Whatsapp do grupo “Caravana Contra o Lula 26/03” / Reprodução
Grupos de Whatsapp planejam ataques contra Caravana; confira conversas
“Tem que meter bala, aproveita que tá de noite, mirar nos pneus, motor”, diz um dos suspeitos
O Ministério Público do Paraná acatou, na manhã desta quarta-feira (28), uma representação do Coletivo de Advogados e Advogadas pela Democracia (CAAD), que denuncia suspeitos do atentado contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido na tarde de ontem (27).
De acordo com o procurador de justiça do Paraná, Olympio Sotto Maior Neto, o atentado, três tiros dados contra dois dos ônibus da Caravana, foi uma “barbárie inaceitável”.
“Estamos diante de uma situação clara onde não há apenas falta de civilidade, mas a prática de crimes. A apologia e incitação a prática de crimes, e ações concretas que culminam até em uma prática de homicídio. O Ministério Público tem o dever legal de apurar, de fazer a investigação e buscar a punição dos culpados. A matéria será encaminhada imediatamente à procuradoria geral”, afirmou o promotor.
O documento, representado pelos advogados Ivete Caribé da Rocha, José Carlos Portella Junior e Tânia Mara Mandarino, foi enviado ao CAAD na segunda-feira (26), e traz prints de conversas no Whatsapp dos grupos “Caravana Contra Lula 26/03” e “Foz contra Lula 26/03”, nos quais integrantes afirmam a intenção de trocar os ovos e pedras, que vinham sido atirados contra a Caravana desde seu início, por tiros de munição letal.
“Gente, vamos trocar os ovos por bala de borracha e munição letal, que vai ser bem mais eficaz”, diz um dos integrantes do grupo Caravana Contra Lula 26/03, em uma mensagem enviada às 9h50 da segunda-feira (26). “Gosto da ideia, seria o primeiro a atirar, mas aí nós seríamos os vilões”, responde outro integrante.
Posteriormente, acontece o seguinte diálogo:
— “Vou para o Paraguai comprar um fuzil, é o único jeito kkkkk”.
— “Vai na loja de arma, compra um puma 38 ou 44, é mais fácil do que você imagina”.
— “Aí é só se posicionar do outro lado do rio e mandar uma bala certa”.
Horas depois, às 23h38, um outro integrante enviou a seguinte mensagem: Tem que meter bala, aproveita que tá de noite, mirar nos pneus, motor e Bala”.
Paralelamente, no grupo “Foz contra Lula 26/03”, às 10h53 da mesma segunda-feira, um integrante do grupo mandou a mensagem “Onde arruma esses miguelitos?”. Um segundo integrante respondeu: “Não vamos dar chance nem deles descerem do ônibus”.
Os miguelitos são uma espécie de cruz feita com pregos, e foram justamente utilizados para furar os pneus dos ônibus das Caravanas ontem, como parte da emboscada.
O coletivo solicitou ao Ministério Público que o atentado seja considerado crime federal e pediu a prisão preventiva dos suspeitos, principalmente de um deles que possui diversas armas regularizadas e participa de movimentos de extrema direita.
“Na denúncia, um suspeito é considerado de grande perigo, pois tem porte de armas e seria ligado ao MBL. Estamos considerando esse grupo como é formação de quadrilha, pois eles planejavam um atentado contra a caravana”, alerta Tânia Mandarino.
Além dos casos registrados no Paraná, o CAAD também vai relatar outros incidentes ocorrendo em Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. O pedido é que o Ministério Público do Paraná encaminhe as denúncias para os Estados vizinhos. A notícia crime identificou 29 suspeitos.
A Caravana segue seu percurso e termina hoje com um ato político na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba (PR).
Abaixo, os prints que constam na denúncia.
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