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07/07/2014
O decálogo do perfeito idiota da direita
Esquerdopata - sábado, 15 de junho de 2013
por Marcos Coimbra
Entre assombrações, equívocos e estereótipos, o pensamento conservador
brasileiro anda atulhado de idiotices. Alguns nada mais fazem que
repeti-las. Outros contribuem para aumentá-las. O título desta coluna
alude àquele de uma obra que teve certa voga há quase 20 anos e hoje
parece antediluviana. Publicado em 1996, o Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano
era um ataque contra a esquerda e expressava o neoliberalismo
triunfante que se espalhava pelo continente. Quem discordasse de seus
axiomas era idiota.
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Passou o tempo e a história mostrou o inverso. Nenhuma das experiências
de governo inspiradas no Manual deu certo. Os povos sul-americanos
escolheram caminhos diferentes, de mais realizações. Quem zombava dos
outros, com a agressividade verbal característica dos autoritários, é
que se revelou um tolo.
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Quais são as ideias típicas dos conservadores brasileiros na atualidade?
Algumas são permanentes, outras conjunturais. Amanhã serão substituídas
por novas idiotices. O estoque é imenso. Vamos às dez mais comuns:
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O Brasil está à beira do abismo
Ainda que os cidadãos normais tenham dificuldade de entender quem diz
isso, os genuínos idiotas da direita estão convencidos: vivemos o caos e
estamos a caminho do buraco. Há exemplo mais patético que a “inflação
do tomate”?
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O Bolsa Família é esmola usada para manipular os pobres
Marca distintiva desses idiotas, a ideia mistura velharias, como a noção
de que os pobres são constitutivamente preguiçosos, com a pura inveja
de ter sido Lula o criador do programa. No fundo, o conservador despreza
os mais humildes.
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O Brasil tem um governo inchado
Mundo afora, depois de a crise internacional sepultar a tese de que
Estado bom é Estado mínimo, ninguém mais tem coragem de revivê-la. A não
ser no Brasil. Fernando Henrique Cardoso deixou 34 ministérios quando
saiu do governo. Esse seria o tamanho ótimo? Cinco a mais se constitui
uma catástrofe?
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O Brasil tem municípios demais
Exemplo de idiotice conjuntural, é prima da anterior. Que sentido
haveria em considerar imutável a organização administrativa de um país
em que a população se movimenta pelo território, fixando-se em novas
regiões?
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O Judiciário é nosso deus e Joaquim Barbosa, nosso pastor
Como seus parentes no resto do mundo, os conservadores brasileiros
desconfiam da política e têm ojeriza a políticos. Quem mais senão o
presidente do Supremo Tribunal Federal encarnaria os “anseios da
sociedade contra os políticos corruptos”? Transformado em ferrabrás dos
petistas, Barbosa virou herói da direita.
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O “mensalão” foi o maior escândalo de nossa história.
Conversa para boi dormir entre os conhecedores da política brasileira, o
“mensalão” não passa de um exemplo do modo como as campanhas eleitorais
são financiadas. Só os desinformados acreditam ser ele um caso
excepcional.
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A liberdade de imprensa está ameaçada
Na vida real, ninguém leva isso a sério. Volta e meia, a ideia é, no
entanto, usada pela imprensa conservadora para defender os interesses de
um pequeno grupo de corporações de mídia. De carona, alguns políticos
da oposição a endossam para preservar as relações privilegiadas que
mantêm com os proprietários dos meios de comunicação.
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Dilma antecipou a eleição
Desde ao menos o início do ano, a oposição de direita repete, em tom
queixoso, o mantra. O que imaginava? Que uma presidenta tão bem avaliada
não fosse candidata? Que fingisse não sê-lo? Qualquer idiota sabe que
os governantes pensam na reeleição. Assim que tomam posse, entram no
páreo.
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O Brasil virou as costas para seus parceiros internacionais e se aliou aos radicais
A fantasia desconhece a realidade da política externa e o modo como
funciona a diplomacia brasileira. É montada em duas etapas: primeiro,
desconstrói-se a imagem de um país ou liderança. Depois, afirma-se que o
governo a apoia. De qual país o Brasil se afastou, de fato, nos últimos
anos?
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O Brasil moderno está na oposição, o arcaico é governo
Trata-se de um erro factual, somado a muita pretensão. Ao contrário,
como mostram as pesquisas, o governo é mais bem avaliado (e Dilma tem
mais votos) entre, por exemplo, jovens e aqueles conectados à internet
que na média da população. A oposição possui, é claro, sua base na
sociedade. Em nada, no entanto, esta é “melhor” que aquela apoiadora do
governo.
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