Conversei longamente com um experiente
analista político, que vê a campanha a partir da ótica de Lula e Dilma.
Dê-se o devido desconto ao fato de ter lado. Mas sua análise é
relevante para permitir saber como o lado de Dilma analisa o atual
momento político.
A Copa revelou, em sua plenitude, os problemas de comunicação do governo, diz ele.
Foram dois anos e meio de inação,
achando que a verdade iria prevalecer por si. Nesse período, todas as
mazelas públicas passaram a ser atribuídas ao governo central pela
mídia, mesmo em temas de competência de governos estaduais e municipais.
O resultado foi que o governo Dilma
aceitou a agenda do adversário, permitiu que crescesse a imagem dos
"malfeitos" em vez de impor sua agenda, de aprofundamento da inclusão
social, de fortalecimento do mercado interno.
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De qualquer modo, em sua opinião esse período pior passou.
Na Copa houve o embate final entre a
campanha #imaginanaCopa e a #CopadasCopas. No final, a Copa das Copas
venceu em todas as linhas.
Significa que Dilma entrará na
campanha com um processo de recuperação que ainda irá ecoar por alguns
dias. Provavelmente, deve bater nos índices de 42 a 43%, enquanto Aécio
Neves permanecerá estacionado em 19/20% e Eduardo Campos em 9/10%.
Para esse analista, as pesquisas que
indicam de 6 a 7% para os nanicos são mera conta de chegada para
viabilizar a aposta no segundo turno. Na última eleição, Zé Maria teve
0,025% dos votos. Como achar que, hoje em dia, ele contaria com 2% dos
votos, como indicaram algumas pesquisas?
Em sua opinião, juntando todos, não devem passar de 3 a 4%.
Não significa que não haverá segundo
turno. É possível que o eleitor queira dar um calor na candidata, como
fez com Lula em 2006. Mas o sinal maior é o de quase estagnação de Aécio
e Campos, mesmo com seis meses de campanha intensa dos grupos de mídia.
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Já os grupos de mídia continuarão
atuando politicamente, observa ele. Eles precisam vender o fim do mundo
todo dia. Por isso, já começam a esquecer a Copa e a falar de economia
novamente.
Trata-se da própria luta de
sobrevivência dos grupos na nova disputa que se dá na Internet. Mas
estarão mais fritos ainda vendendo o fim do mundo, diz ele. E, tendo
atrás de si, provavelmente o maior desastre de comunicação da história
do jornalismo: a aposta no fracasso da Copa, com o resultado do erro
sendo entendido por toda a população.
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Na sua opinião, ao endossar o discurso
da mídia, Aécio Neves vai perder a oportunidade de montar um discurso e
uma imagem para 2018. Um candidato começa a construir sua eleição na
eleição anterior.
Foi o caso de Lula. Sua vitória em
2002 começou a ser construída nas eleições de 1998. Ali, ele começou a
denunciar o estelionato eleitoral de FHC (segurando o câmbio até
terminar a campanha) e a se dirigir a um eleitoral que, até então, não
era preocupação dele.
Saiu derrotado no primeiro turno, mas com um ativo valioso, que lhe garantiu a eleição seguinte.
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Em sua opinião, Aécio sairá dessa
eleição igual ou pior do que entrou, com discurso falando apenas para o
núcleo duro do eleitorado raivoso. Eduardo Campos estaria no mesmo
trajeto, somando o discurso raivoso de campanha a uma bronca pessoal de
Dilma.
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O problema maior serão os efeitos dessa provável vitória na auto-suficiência de Dilma, em um segundo governo.
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