domingo, 7 de setembro de 2014

Contraponto 14.707 - "É o capital especulativo, imbecis!"

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07/09/2014

É o capital especulativo, imbecis!

Quem se deixa levar pela polarização entre uma suposta nova política e a velha política, deixa escapar o essencial dos dilemas da eleição presidencial de 2014.

por Emir Sader em 07/09/2014 às 10:27
 
- Lula ou Neca Setubal -

Quem se deixa levar pela polarização entre uma suposta “nova política” e a velha política, deixa escapar o essencial dos dilemas da eleição presidencial deste ano.

O neoberalismo promoveu o capital financeiro, sob sua forma especulativa – isto é, não a que financia a produção, o consumo, a pesquisa, mas a predatória, que vive da compra e venda de papeis, não produz nem bens, nem empregos – como setor hegemônico da economia, em escala mundial e em cada pais. Ao promover a desregulamentação, ao invés de se dar uma retomada da expansão econômica, houve uma gigantesca transferência de capitais da esfera produtiva da especulativa. Porque, como dizia Marx, o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Se ele encontra melhores condições – maior retorno, menos tributação, liquidez total -, ele se concentra na esfera financeira.

No Brasil isso ocorreu no governo FHC, em que o sistema bancário sucedeu a indústria automobilística, como setor hegemônico da economia. Hoje o Brasil tem sua economia travada pela ação predatória e anti-social do sistema financeiro, que prefere colocar seus capitais na Bolsa de Valores e nos paraísos fiscais, ao invés dos investimentos produtivos que o pais necessita.

O grande capital se nega a acompanhar o imenso processo de democratização econômica e social promovido pelos governos Lula e Dilma. Prefere seguir produzindo para o consumo de luxo da alta esfera do mercado ao invés de reciclar seus investimentos para atender as demandas das camadas emergentes da população, que constituem um novo mercado de consumo popular em enorme expansão.

Essa é a contradição fundamental que o Brasil vive hoje. Os capitais não se dirigem para onde o projeto de democratização social, de combate à desigualdade, à miséria e à pobreza, requer, preferindo sabotar esse projeto e permanecer na esfera especulativa.

O programa da Marina não poderia ser mais explícito em consolidar essa opção, ao propor a independência do Banco Central e ao ter no seu comando político e economistas vinculados às teses neoliberais do livre comercio e à própria herdeira de um dos maiores bancos brasileiros. Sua eventual vitória significaria o fortalecimento da hegemonia do capital financeiro sobre a economia, atentando fortemente contra o processo de distribuição de renda do governo atual. (Os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)
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Esse o dilema que se coloca na campanha atual: a favor do capital especulativo – com aumento da taxa de juros e consolidação das suas posições - ou a favor da sua forte tributação e da baixa significativa da taxa de juros. O que está em jogo é o projeto de inclusão social e de democratização do país, a resolução a favor desse projeto, com a reciclagem dos grandes investimentos para a esfera produtiva ou dominação consolidada do capital especulativo sobre o pais. De forma direta: se por trás da próxima presidente estará o Lula ou a Neca Setubal.
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