23/09/2014
Marina Silva – Parte de plano para desestabilizar o Brasil
SQN 23/09/2014
RedeCastorPhoto terça-feira, 23 de setembro de 2014
23/9/2014, [*] Nil NIKANDROV, Strategic Culture
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Washington lançou campanha de propaganda em grande escala em
apoio a Marina Silva, candidata às eleições presidenciais no Brasil, pelo
Partido Socialista Brasileiro. Continuam a repetir que a vitória dela é
garantida no segundo turno. As pesquisas não oferecem resultados confiáveis e,
até agora, só fala do “primeiro turno” das eleições, dia 5 de outubro de 2014.
Especialistas nos EUA creem que Marina Silva receberá os
votos dos que apoiam Aécio Neves da Cunha, do PSDB, até agora com 14-16% do
eleitorado. Se acontecer, a candidata apoiada pelos EUA receberia cerca de 60%
dos votos, acabando com as chances de reeleição da atual presidenta Dilma
Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, no “segundo turno” das eleições,
marcadas para 16/10/2014. Analistas independentes absolutamente não levam a
sério essas previsões e dizem que esse cenário não passa de ilusão. E há os que
começam a alertar contra fraude eleitoral.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do mesmo Partido
dos Trabalhadores de Dilma Rousseff, não é candidato e trabalha pela re-eleição
da atual presidenta. Para ele, Marina Silva absolutamente não tem chances de
eleger-se. Para o presidente Lula, a grande ameaça não é Marina Silva, mas
alguns veículos de imprensa impressa e de televisão.
Esses veículos usam como bem entendem, para finalidades de
propaganda, as muitas dificuldades que brotam do processo em curso de
implementar reformas sociais e econômicas, feitas para mais bem servir os
interesses dos mais pobres. Seja como for, o país está avançando, com grandes
projetos industriais em implementação. Lula tem-se mostrado confiante de que a
verdade derrotará a mentira.
O apoio do ex-presidente à atual presidenta e candidata à
re-eleição, Dilma Rousseff, é importante. Resultado desse apoio, Marina Silva
já está perdendo votos.
Em recente entrevista a um dos grandes jornais do sul do
Brasil, Marina Silva explodiu em lágrimas, aos gemidos de que não podia
controlar o que o ex-presidente dizia dela, mas que faria o possível para não
“se vingar’ dele... O ex-presidente respondeu imediatamente, que aquelas
lágrimas nada tinham a ver com o que ele dissera sobre mentiras de Marina. Que,
lágrimas daquele tipo, só se a causa fosse completamente diversa.
De fato, Marina Silva começa a temer os números que as
pesquisas eleitorais lhe trazem. A hoje candidata foi membro do Partido dos
Trabalhadores de Lula por mais de 25 anos; fez toda a sua vida política ao lado
de Lula. Foi senadora, antes de ter sido Ministra do Meio Ambiente do governo
Lula, em 2003.
Mas durante todos esses anos, Marina Silva sempre se manteve
muito próxima dos EUA. Sempre esteve sob as lentes de inúmeros fundos
especiais, dos mais variados tipos, e organizações internacionais que vasculham
o mundo à procura de gente com o “perfil” adequado para ser usado como
instrumento dos interesses de Washington.
Basta examinar as medalhas e prêmios que choveram sobre
Marina Silva – prêmios que ninguém recebe se não for “amigo dos EUA” – para
confirmar que, sim, pelo menos desde 1980, Marina Silva já estava no campo de
considerações dos EUA. Essa “seleção’ é prática muito frequente: os EUA mantêm
pessoal especializado em analisar traços de personalidade de possíveis
“candidatos”, dos quais o que mais chamou a atenção, em Marina Silva, foi a
inclinação para complementar os próprios atributos físicos, com “realizações’
políticas que chamassem a atenção (em entrevista, Marina Silva disse que teria
trocado a Igreja Católica na qual fora criada, por um culto neopentecostal,
porque aí “teria melhores chances de me destacar”).
Os serviços especiais dos EUA parecem ter pavimentado o
caminho para ela, eliminando
outro candidato, Eduardo Campos, do Partido Socialista. O avião Cessna
560ХL em que ele viajava sofreu uma pane e caiu, ou explodiu, ninguém sabe. French
Slate.fr listou esse caso de queda de avião como um dos cinco
eventos mais importantes do verão de 2014,que
não estiveram nas manchetes, sobre os quais pouco se fala, mas que
pode(ria) mudar o rumo da política mundial.
Antes da tragédia, Dilma Rousseff era considerada já
vitoriosa. Com Marina Silva, as eleições sofreram, no mínimo, um “tumulto” não
previsto.
Não há dúvida alguma de que, com Marina Silva na
presidência, o Brasil passa a alinhar-se mais decisivamente com os EUA. O
escândalo da espionagem e das escutas clandestinas, e declarações da presidenta
Rousseff, para quem as escutas ilegais implantadas pelos EUA no Brasil seriam
“inaceitáveis” virariam coisa do passado, bem como a UNASUL (União das Nações
Sul-americanas) – união intergovernamental que integra as duas uniões
aduaneiras que há: MERCOSUL e Comunidade Andina de Nações, como parte da
continuada integração sul-americana, e o MERCOSUL (Mercado Comum do Sul, bloco
sub-regional que inclui Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela com
Chile, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru como países associados).
O objetivo de todas essas estruturas é promover o livre
comércio e o fluxo continuado de bens, pessoas e moeda. Tudo isso deixará de
estar no ponto focal da política externa do Brasil.
A reorganização da Organização dos Estados Americanos, OEA,
é a questão mais importante para os EUA; e voltará ao topo da lista das
prioridades de política externa.
O MERCOSUL talvez até continue a existir, mas não como
concorrente contra a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), que Washington
tenta impulsionar desde 2005, quando a ideia foi recusada por Argentina,
Brasil, Venezuela e alguns outros países.
Marina
Silva não é grande entusiasta do futuro dos BRICS. Para ela, a
participação nesse grupo não traz dividendos. Já disse que não tem qualquer
intenção de estreitar relações com Rússia e China, e a aliança com Venezuela e
Cuba deixará de ser efetiva. Tudo que os governos de Luiz Inácio Lula da Silva
e Dilma Rousseff já conseguiram até agora, ir-se-á pelo ralo, só para
satisfazer o poder da Casa Branca e do Pentágono.
A batalha pré-eleitoral está-se convertendo em batalha
feroz. Marina Silva não tem tempo a perder, e a carga está-se tornando pesada.
Conforme mudem os números das pesquisas, a candidata Marina muda suas
declarações e “plano” de governo. Já teve de explicar o que dissera antes,
sobre reduzir a produção de petróleo em áreas chamadas “pré-sal”, abaixo do
leito do oceano. Manifestou-se contra casamentos homoafetivos no passado; de
repente, virou apoiadora.
Marina Silva é, hoje, evangélica, membro da conservadora
Assembleia de Deus. Um dia depois de apresentar seu plano de governo, desdisse
o que dissera sobre ser favorável ao chamado “casamento gay”. No
capítulo “Cidadania e Identidades” de seu programa, incluiu “apoio a propostas
que defendam (...) o casamento civil”. Na sequência, a campanha de Marina Silva
distribuiu uma “correção”. A nova versão defende “os direitos de uma união
civil entre pessoas do mesmo sexo”, apagando a palavra “casamento” que incluiria
direitos mais amplos para os casados.
No segundo debate televisionado entre os principais
candidatos, antes do 1º turno das eleições, dia 5/9/2014, Rousseff perguntou a
Marina Silva como ela financiaria os cerca de R$ 60 bilhões necessários para
cumprir suas promessas. “Onde você propõe buscar esse dinheiro?” – perguntou
Rousseff. A candidata respondeu que o dinheiro será obtido porque “nosso país
voltará à eficiência no gasto público – poremos fim ao desperdício de recursos
públicos”. A presidenta Rousseff acertou quando disse que tinha sérias dúvidas
de que uma pessoa com esse tipo de ideia na cabeça e convicções tão instáveis
pudesse governar algum país.
Mais brasileiros já começam a ver que Marina Silva mudará
todas as políticas dos governos que a antecederam e levará o país ao desastre.
E “desastre” é, exatamente, o que mais desejam os “artíficies de mudança” que
trabalham em Washington.
Marina Silva é pessoa com problemas psicológicos,
desequilibrada – e tudo isso pode ser bastante útil para influenciar o processo
de decisão para bloquear
o desenvolvimento progressista do país e quebrar o equilíbrio
social, depois que as forças políticas no país começam a aprender a interagir
dentro do que a lei autoriza e determina.
O que a missão Washington mais deseja é ver criados os
pré-requisitos para que se encene no Brasil uma “revolução colorida”. Quer usar
a “quinta coluna” e os veículos de imprensa pró-EUA para provocar
“manifestações espontâneas” de cidadãos.
Os EUA já enviaram pessoal de alta capacitação e experiência
para sua embaixada em Brasília, capital do Brasil. A estação da CIA
que ali opera é comandada e operada por gente muito, muito experiente.
O ataché de Defesa e principal oficial da
Defesa, no Brasil, é o coronel Samuel Prugh. É homem de experiência excepcional
na coleta de inteligência humana, com amplas relações pessoais entre os
militares brasileiros.
O presidente Lula e a presidenta Rousseff têm feito o
possível para evitar manifestações públicas de incômodo com as atividades
subversivas que os EUA conduzem no Brasil. Quando lhes pareceu necessário, os
brasileiros usam os bem protegidos canais diplomáticos, para fazer saber a
Washington que identificaram um agente que operava clandestinamente na
indústria do petróleo, num gabinete diplomático ou nas forças armadas do país.
Esses incidentes jamais chegaram ao conhecimento público.
Depois do conhecido escândalo associado aos relatórios de
que a Agência de Segurança Nacional dos EUA gravara comunicações pessoais da
presidenta e espionara a Petrobras, empresa estatal brasileira de petróleo, o
governo brasileiro endureceu e exigiu que os EUA pedissem desculpas públicas.
Os EUA recusaram-se a desculpar-se e, mesmo, ampliaram as operações de
espionagem no Brasil (enviaram mais gente para os consulados).
O consulado dos EUA no Rio de Janeiro destaca-se: ali
trabalham mais de 500 norte-americanos. John Creamer, cônsul-geral, diz que 300
daqueles funcionários trabalham no processamento de vistos de viagem, da manhã
à noite. Segundo Creamer, o processamento, antes, demorava seis meses; hoje,
bastam duas semanas.
Se os funcionários dos consulados estão realmente ocupados
só com emitir vistos de viagem, ou se só vivem a arquitetar alguma versão de
“primavera árabe” ou de “Maidan ucraniana”, no Brasil, sob o alto patrocínio
dos serviços especiais dos EUA, só o tempo dirá.
___________________
[*] Nil Nikandrov é
um jornalista sediado em Moscou cobrindo a política da América Latina e suas
relações com os EUA; crítico ferrenho das administrações neoliberais sobre
as economias nacionais latino-americanas. Especializou-se em desmascarar os
esforços feitos pela CIA e outros serviços de inteligência ocidentais para
minar governos progressistas na América Latina. Autor de vários livros - tanto
de ficção e estudos documentais - dedicados a temas latino-americanos,
incluindo a primeira biografia em língua russa de Hugo Chávez.
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