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18/06/2015


Santayana: os suíços não destruíram o HSBC, nós vamos fazer isso aqui?


Tijolaço - 18 de junho de 2015 | 17:32


Autor: Fernando Brito

Mestre Mauro Santayanna, com a sabedoria de quem olha do alto de 82 anos a cena brasileira, faz um raciocínio que apenas os que falam movidos pela histeria não podem entender.

Estamos ameaçando, senão jogar no lixo, pelo menos depredar gravemente um dos mais promissores setores da indústria brasileira, a construção naval e toda a cadeia de conhecimento e produção que ela traz ao país.

As dificuldades impostas à Petrobras na esteira de um ano de massacre midiático, se refletem em suas encomendas e seus pagamentos.

Das 19 sondas que seriam fabricadas no país, 15,ainda bem, vão continuar aqui – contra a “torcida” da mídia pela falência da Sete Brasil. As outras quatro, nom negócio que são, devem ser assumidas por investidores japoneses, algo ainda em tratativas. Se não, vão ser afretadas fora, àqueles valores “modestos” que se cobra no mercado de perfuração offshore: mais de US$ 500 mil por dia!


A emenda e o soneto


Mauro Santayana


O lançamento do navio Anita Garibaldi, na semana passada, com 228 metros de comprimento, quase 50 de altura e 73.000 toneladas, é um marco emblemático da indústria naval brasileira e da importância de evitar-se a sua destruição e a de outros segmentos da economia, no rastro do combate à corrupção, como ele tem sido conduzido.


Como mostrou a Suíça, no caso do HSBC, não se pode exagerar na dose para não matar o paciente, ou as galinhas de ovos de ouro, de uma economia, com a desculpa de desinfetar o galinheiro. Por lá, o segundo maior banco do mundo, envolvido em um gigantesco esquema de lavagem de dinheiro, envolvendo milhares de clientes, pagou uma multa que não chega a 500 milhões de reais e encerrou-se o assunto.

Uma soma que é uma fração dos bilhões de reais em multas e subjetivas indenizações por “danos morais” que o MP quer impor a construtoras brasileiras muito menores que o HSBC, e uma quantia irrisória frente às gravíssimas, irreparáveis, consequências, que essa decisão que pretende ser exemplarmente punitiva pode provocar no mercado brasileiro de engenharia e de infraestrutura.

Centenas de pequenas e médias empresas que trabalhavam para fornecedores da Petrobras já estão quebrando, e, devido à restrição de crédito e ao agravamento da percepção de risco, as dívidas de prestadores de serviço Petrobras com seus fornecedores já aumentaram – sem que se compute em suas perdas as pretendidas multas – em aproximadamente 1.400% desde o início do ano.

A investigação, julgamento e administração da justiça devem ser feitos sem espetacularização, paixão política ou pessoal, exibicionismo, e com um mínimo de isonomia com relação a numerosos escândalos, como o do CARF, o das Próteses, o dos trens e metrô de São Paulo, que não tem recebido a mesma atenção e rigor, por parte das autoridades, dos meios de comunicação e da opinião pública.

Nunca é demais lembrar que de quem investiga, acusa, julga, se exige, sobretudo, bom-senso e equilíbrio, não apenas no respeito à presunção de inocência e de outros direitos constitucionais, mas, principalmente. para que não saía a emenda pior do que o soneto.

Não é possível que interesse ao MP ou ao Judiciário a interrupção e sucateamento de dezenas de grandes projetos que estão em andamento em todo o país, além dos que já foram paralisados devido às consequências econômicas da operação Lava-Jato, com a eliminação em cascata de milhares de empregos, do Nordeste ao Rio Grande do Sul, de São Paulo ao Vale do Aço, em Minas Gerais.

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