04/07/2016
Os ratinhos burocratas e o governo de mesquinhos
Por Fernando Brito
Lula tem teve toda a razão em dizer que os lavajatistas e seus congêneres enfiassem no c…”o acervo” presidencial…
Acervo que, para quem não sabe, é composto do que o Chefe de Estado ganha como presente de governantes e diplomatas estrangeiros, como forma simbólica de reconhecimento ou consideração.
O Painel da Folha diz que “o governo Michel Temer deu carta branca ao Tribunal de Contas da União para fazer uma devassa nos presentes recebidos por Dilma Rousseff e Lula e levados com eles após deixarem o Planalto”.
Acrescenta que “uma equipe de auditores trabalha dentro da Presidência para buscar os registros. Os técnicos querem ter acesso à relação dos itens ofertados e ao controle do deslocamento desde o fim de 2002 — quando um decreto regulamentou o assunto — para averiguar a necessidade de fiscalizações in loco.”
Temos uma legislação estúpida, que torna estes bens propriedade do ex-governante, permite sua venda (desde que dada prioridade de compra à União, mas os torna responsáveis por sua guarda e conservação.
Aí, um governo de mesquinhos, chama uma dúzia de funcionários do Tribunal de Contas – que ganham muitíssimo bem e não devem ter mais o que fazer, porque se dedicam um espetáculo circense mas não vêem as falcatruas que praticam os conselheiros da sua própria corte.
E estas alminhas de micróbio vão se dedicar a tarefas de alto interesse nacional : “cadê aquela plaquinha que a senhora ganhou de presente?”; “onde está aquela comenda banhada que o Governo do Nãoseiláquistão lhe deu em 2011?
Olha, só contando até mil para não dizer que está lá na… Ou para perguntar se foram conferir, depois da visita de Eduardo Cunha ao Palácio do Jaburu, se os quadros e obras de arte continuavam todos lá…
Uma vez, na campanha presidencial, quando eu era assessor de Leonel Brizola, a Folha, numa destas “folhices” que gosta de inventar, depois que o Maluf contratou um assessor de imprensa ganhando bem, resolveu fazer uma reportagem sobre as “fábulas” que ganhavam os jornalistas que acompanhavam os candidatos.
O repórter escalado, um homem de caráter, de bem, muito sem graça veio me falar da saia-justa em que o tinham metido e ouviu de mim que não haveria problema nenhum em fazer a entrevista sobre isso, desde que fosse dentro da minha casa, um apartamento pequeno, alugado, destes com sala em “L” que no Rio chamamos de “cachimbinho”. Como ele, Neri Victor Eich, era um homem honesto, evidente que descreveu o que viu e ouviu.
Não sei se teria o mesmo tratamento correto hoje, para minha tristeza.
Almas canalhas sempre acham que as outras são como elas.
Já fizeram uma exploração sórdida contra o Lula porque ele teria – tudo funciona na base do “teria” -aceito que uma empresa pagasse um depósito para as caixas de objetos que ganhou e que a lei obriga ele a levar e cuidar. Detalhe: ex-presidente tem direito a assessor, segurança, carro, mas não a salário ou qualquer remuneração. Vai pagar a guarda da quinquilharia com o quê?
Fernando Henrique pegou R$ 5,7 milhões via lei Rouanet – tradução, dos impostos – para organizar seu acervo. Dinheiro, inclusive, da Sabesp. Ninguém foi encher o saco do ex-presidente tucano, porque uma estatueta africana que tenha ganho não é porcaria nenhuma perto de ter vendido a Vale e leiloado um naco da Petrobras na Bolsa de Nova
Agora, noticia a Folha o grupo de auditores “cogita ir ao Alvorada fazer um inventário do que está com Dilma” e que a Casa Civil – chefiada por um sujeito que Antonio Carlos Magalhães, mestre no assunto, chamou de “Eliseu Quadrilha”– e diz que “a natureza privada do acervo não autoriza a interpretação de que está livre de controle”.
Sei que a presidenta é pessoa politicamente correta, mas eu não sou. No seu lugar, juntaria tudo numas caixas de papelão de supermercado, alugava um caminhão, parava na porta do palácio e chamava o imbecil para vir buscar e passar recibo.
Barraco, mesmo.
E que o Dr. Eliseu se desse por muito satisfeito em não levar um tapa na cara.
Os ratinhos? Não, a estes basta o prazer de não terem coragem de levantar os olhos e olhar, cara a cara, e de ouvi-los gaguejar, porque sabem que estão fazendo uma abjeção…
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