16/07/2016
O golpe turco era muito mais ameaçador que o brasileiro.
Brasil 247 - 16/07/2016
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O golpe turco veio com tanques nas ruas, helicópteros sobrevoando a capital, militares ocupando o aeroporto e a TV estatal.
Estava se desenrolando um golpe de estado clássico, provocando temor na Turquia e nos países vizinhos.
A democracia estava sendo ameaçada por um grupo de militares, sem que se soubesse a sua extensão.
Até mesmo o poderoso Putin absteve-se de dizer alguma coisa, à espera dos desdobramento
Analistas já preparavam arrazoados acerca do futuro do mundo se o governo democrático de Erdogan caísse.
Teoricamente acuado, Erdogan lançou um comunciado nas redes sociais ao povo turco: vão para as ruas.
Parecia loucura. Na rua estavam os tanques, os soldados em uniformes de guerra, apoiados por helicópteros.
No entanto, o povo atendeu ao apelo de seu presidente. As pessoas foram às ruas armados somente com seus celulares.
Ao contrário do esperado, os civis não foram metralhados pelos revoltosos. O que se viu foram cenas inéditas, pessoas barrando o avanço dos tanques porque não havia espaço na avenida para o tanque passar e pedindo, sem violência, que os tanques voltassem.
Foi inédito porque nem os tanques dispararam nem os civis os apedrejaram
As ruas foram invadidas por carros abertos nos quais os passageiros carregavam orgulhosamente bandeiras nacionais. Soldados começaram a ser presos por policiais. A TV estatal e o aeroporto foram desocupados.
Não foi um movimento totalmente sem sangue, 179 mortes foram contabilizadas, mas perto do que se temia foi um resultado alvissareiro.
Quem assistiu aos acontecimentos pelas TVs da Europa deve ter ficado estupefato: como é que o povo turco aborta um golpe sob ameaça de armas e o povo brasileiro não consegue abortar um golpe sem tanques, sem helicópteros e sem soldados, comandado por um grupo de políticos decadentes e fichas-sujas?
O que os turcos têm que os brasileiros não têm?
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento setembro 2016).
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