terça-feira, 12 de julho de 2016

Nº 19.853 - "Política externa suicida compromete o futuro do Brasil"


Política externa suicida compromete o futuro do Brasil

 

 Brasil 247 - 12/06/2017

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Emir Sader 

Emir SaderO futuro do Brasil depende da inserção do país na dinâmica internacional de recuperação da capacidade de expansão das economias. O país entrou neste século submetido à tradicional política de subordinação automática aos EUA. Que contribuiu para aprofundar a recessão econômica, ao deixar o Brasil submetido às cartas de intenção assinados pelo governo de FHC.

Um momento fundamental na afirmação do Brasil no mundo como país soberano e como potência emergente, se deu quando, com o triunfo de Lula, Celso Amorim conduziu o país para fora da Área de Livre Comercio das Américas e na direção da integração regional e dos intercâmbios Sul-Sul. Foi um passo coordenado com a retomada do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, com o fim das dívidas com o FMI e com a saída do Brasil do Mapa da Fome.

Tudo isso agora está em jogo, diante de uma política internacional aventureira, irresponsável, de retomada da subserviência do país frente aos EUA, típica do governo de FHC. Não fosse assim, o Brasil estaria condenado ao destino do México, o maior desastre da América Latina, país que não melhorou nada em termos sociais desde a assinatura do Tratado de Livre Comercio com os EUA e o Canadá, há mais de 20 anos, além da desagregação interna pelo narcotráfico e da violência descontrolada.

O Brasil se safou porque diversificou seu comércio internacional, enquanto o México tem mais de 90% do seu comercio com os EUA. O Brasil cresceu muito porque priorizou o comercio com a América do Sul e com a Ásia.

O Brasil se preparou para ter um papel preponderante no mundo, ao incentivar todos os processos de integração regional na América Latina – do Mercosul à Celac, passando por Unasul -, e por representar a América Latina nos Brics. Estar nos Brics é estar integrado ao novo projeto geopolítico do mundo no século XXI, junto aos motores do desenvolvimento internacional.

Embora interino, o ministro de relações exteriores atual, por opção ideológica vazia, por preconceitos e clichês, por ignorância e desconhecimento da situação no mundo, esta’ levando o Brasil a hipotecar seu futuro. Está colocando o país em choque com os países do continente, rompendo as relações estreitas e cordiais que os governos do Lula e da Dilma. Está rifando todos os avanços no Mercosul, na Unasul e na Celac, isolando-os numa relação privilegiada com os EUA, que não tem nada a oferecer-nos.

São atitudes pessoais, aventureiras, quer comprometem o futuro do Brasil. Isolar-nos da região na qual somos a liderança política e isolar-nos dos Brics, é comprometer o futuro do Brasil no mundo e comprometer o próprio projeto de desenvolvimento econômico integrador no plano interno e internacional.

A urgência de derrubar esse governo usurpador se fortalece quando vermos como no plano internacional estamos jogando fora toda a política externa formulada e posta em pratica durante mais de uma década e que projetou como nunca a imagem do Brasil no mundo.

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