01/10/2016
Zarattini desafia Lava Jato a investigar o trensalão
Do Viomundo - 30 de setembro de 2016 às 21h25
Zarattini desafia Lava-Jato a apurar propinas em obras de metrô de São Paulo
Do PT na Câmara, 29/09/2016
Mais um capítulo é incluído na lista de irregularidades envolvendo as obras do Metrô de São Paulo, administrado, há mais de 20 anos, pelo governo do PSDB. Desta vez a Operação Lava Jato descobriu 32 mensagens trocadas entre executivos da Odebrecht com fortes indícios de que a empreiteira pagou propina a políticos para a realização das obras do metrô paulista (linha 2 — Verde e Linha 4 — Amarela), executadas pelo governador tucano Geraldo Alckmin.
Ao comentar o fato, o vice-líder da Minoria, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) se mostrou descrente com os rumos das investigações. Segundo o parlamentar, as denúncias de corrupção envolvendo o metrô paulista já se arrastam por muito tempo sem que se chegue à responsabilização dos agentes envolvidos.
“Mais uma vez a gente vê evidências de ato de corrupção no metrô de São Paulo, administrado pelo governo do PSDB. Já vimos isso acontecer diversas vezes e, por diversas vezes, as investigações se iniciam e não são concluídas”, lamentou Zarattini.
O deputado citou a compra dos trens da empresa Alstom e inúmeros casos de desvios de recursos em obras que já aconteceram no metrô de SP e que ainda não tiveram solução. “Vamos ver se, desta vez, a Lava-Jato demonstra que não se preocupa exclusivamente com o PT e em buscar a criminalização do partido. Vamos ver se os promotores, a Polícia Federal e o Juiz Sérgio Moro se dedicam a aprofundar a investigação sobre o governo do Estado de São Paulo”, desafiou o petista.
Reportagem do jornal O Estado de São Paulo revela que dos 32 e-mails listados pela Polícia Federal, 20 tratavam especificamente das obras do Metrô de São Paulo. As mensagens partiam de diretores da empreiteira Odebrecht, responsáveis pela obra, para executivos do “departamento de propinas” e para Benedicto Barbosa Júnior, então presidente da Odebrecht Infraestrutura.
Ainda, segundo a reportagem, nas mensagens aparecem nove codinomes, destes, seis ligados às obras da Linha 2, onde o percentual de pagamentos de propinas e a porcentagens de pagamentos variam de 0,5% a 4%, e dois ligados às obras da Linha 4. A Odebrecht participou do consórcio que fez os lotes 1 e 2 da Linha 4 e também atuou na expansão da Linha 2, ligando as estações Ana Rosa e Imigrantes.
Entre os codinomes listados estão “santo”, “corintiano”, “santista”, “vizinho”, “cambada em SP”, que constam na planilha de pagamentos mensais da empreiteira para as obras do metrô de São Paulo. As investigações apontam que “santo” recebeu um montante no valor de R$ 500 mil em 2004.
O delegado da Polícia Federal responsável pelo caso, Filipe Hile Pace disse que alguns pagamentos eram solicitados “a título de contribuição para campanhas eleitorais”.
No entanto, o delegado aponta que, ao contrário da alegação de caixa 2, os pagamentos “encontravam-se diretamente atrelados ao favorecimento futuro da Odebrecht em obras públicas da área de interferência dos agentes políticos”.
Questionado sobre as possíveis ações que o parlamento poderia adotar para contribuir no aprofundamento das investigações, o deputado Carlos Zarattini reiterou a sua descrença.
“Normalmente nós temos tentado fazer isso e, mesmo quando não tínhamos maioria na Câmara, o PSDB se articula com partidos que eram da base do nosso governo, mas que em São Paulo são da base do governo Alckmin e consegue impedir o avanço da investigação”, disse Zarattini, se referindo a CPMI do Metrô de São Paulo instalada em agosto de 2014. O colegiado, entretanto, sequer realizou eleição para escolha do presidente e relator.
“Eu acredito que seria muito difícil a gente conseguir abrir uma investigação em Brasília, ainda mais agora que o governo federal é aliado do Governo do Estado de São Paulo”, ponderou Zarattini.
Benildes Rodrigues
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