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04/10/2016
O monte de asneiras – com Temer à frente – sobre a abstenção eleitoral. Com novos dados.
Por Fernando Brito
Este post, de segunda à noite, foi atualizado com as informações publicadas hoje na Folha, que jogam uma pá de cal sobre as tolices que vêm sendo repetidas – com muita gente boa acreditando – sobre a “explosão” das abstenções, brancos e nulos)
Hoje, quando fui levar a faxineira ao ponto do ônibus, que é longe aqui de casa, ela repetiu o noticiário: Fernando, você viu quanta gente não foi votar? 25%!
É o que ela ouve na TV e no rádio e que o próprio ocupante da Presidência da República diz, afirmando que se trata de uma anormalidade:
“acabei de verificar um número
imenso de abstenções, votos em branco e nulos , o que revela o que ouso
dizer a indispensável necessidade de uma reforma política do país”.
Bobagem.
O número de eleitores facultativos no Brasil – pessoas com mais de 70 anos, principalmente, e adolescentes entre 16 e 18 – é de 15% do eleitorado total.
Há ainda outros fatores:a atualização dos óbitos e, principalmente, o fato de muitos estabelecimentos comerciais não fecharem mais no dia da eleição. Antes, era difícil para fumantes como eu comprar um maço de cigarros em dia de eleição. Hoje, quase nenhum posto de gasolina, loja de conveniência, supermercado, shoppings, etc fecha no dia das eleições. Seus trabalhadores são, muitas vezes, compelidos a deixar de votar pela necessidade de comparecer ao trabalho.
O que talvez – e só talvez – mereça análise são os votos nulos e brancos, assim mesmo aqui e ali.
São Paulo, por exemplo, onde tanto se fala nesta explosão, teve 1. 155 mil votos nulos e em branco, contra 891,7 mil em 2012.
Naquele ano, abstenções, brancos e nulos – 2,4 milhões – também superaram com folga os votos de José Serra (1,88 milhão) e Fernando Haddad (1,77 milhão).
Convenhamos que, com 4% de crescimento do eleitorado e, acima de tudo, dois anos de bombardeio de mídia apresentando a política como um antro de ladrões, diariamente, não há a mínima chance de chamar isso de uma “explosão” de abstenções, brancos e nulos”.
Mas jornalistas de segunda e políticos de quinta categoria, como Temer, repetem a matraca.
E a mídia amplifica isso, com uma clara intenção: se o povo não dá tanta importância ao voto é porque eleições têm, também, pouca importância.
Olho nessa gente.
Atualização: A história evidentemente não se sustenta, mas os dados divulgados pela Folha mostram que não existe a “revolução da abstenção” que a mídia e Michel Temer estão alardeando. Leia só, com minhas observações:
Apesar da taxa de abstenção em 17 das
26 capitais ter subido em relação às eleições de 2012, ela caiu nas
cidades que realizaram o recadastramento biométrico obrigatório nos
últimos quatro anos.
Isso sugere que o aumento no não-comparecimento pode ser influenciado também pela desatualização dos dados de eleitores. (Não comparecimento de eleitores não-inscritos e não aptos a votar?Os mortos não foram votar? Uau!)
Segundo dados do TSE, a taxa de abstenção média nas capitais no primeiro turno foi de 16,7% em 2012 para 16,8% neste ano. (Aumentou para menos?) Nas 12 cidades que fizeram o recadastramento recentemente, esse número caiu de 16,55% para 13,2%. (Claro, isso reflete o eleitorado real, não o “virtual” dos velhos registros do TSE, recadastrados pela última vez em 1986!)
Por outro lado, se forem consideradas
apenas as capitais que nunca fizeram o recadastramento –caso de São
Paulo e Rio– as abstenções chegaram, em média, a 21,2%. Em 2012, esse
número foi 18,5%. (Pode ter havido algum aumento pontual, mas está
claro que a maior parte se deve ao fato de ter-se um cadastro de 40 anos
de idade!. Ou o paulistanos e o carioca estão revoltados e os outros
brasileiros felizes e crentes na política?)
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