.
04/10/2016
Santayanna e o “Museu do Lula”
Num texto transbordante de ironias – impróprio, portanto, para a
parcela da população fanatizada pela mídia – Mauro Santayanna sugere que
se monte, num galpão, o “Museu do Lula”.
Só não recomendo que mandem o artigo para Curitiba, porque a
“cognição primária”, digo, a “cognição sumária” de um certo juiz pode
ver nele senão provas, “convicções” contra o ex-presidente.
Ou que o pobre Santayanna por um crime gravíssimo, hoje, no Brasil: a obstrução da estupidez.
O Museu do Lula
Mauro Santayanna, em seu blog
Nestes tempos em que os museus estão
em voga – o do Amanhã, do Rio de Janeiro, acaba de ganhar, na
Inglaterra, o Prêmio Leading Culture Destinations Awards, em cerimônia
fartamente badalada pela Globo, o ex-presidente Lula faria bem, muito
bem, se alugasse um galpão em São Paulo para expor as “provas” e
contra-provas dos numerosos crimes que, supostamente, cometeu.
Desse Museu do Lula poderiam fazer
parte coisas improváveis em que, sem embargo, muita gente acredita e
afirma na internet, de pés juntos, já ter visto; como Presidencialismo
de Coalizão sem negociação de apoio no Congresso; a escritura das
numerosas fazendas do Lulinha; a enorme sede de uma delas, que depois se
revelou ser a Escola de Agricultura de Piracicaba; os originais,
revisados, dos trabalhos de consultoria que os adversários de seu pai
dizem que ele não prestou, ou simplesmente copiou e colou da Wikipedia;
as ações da JBS Friboi em nome da família; a escritura passada em nome
de Lula e de Dona Marisa, do famoso “triplex” do Guarujá, quem sabe
grampeada à escritura do não menos famoso sítio de Atibaia; o crucifixo
que juram que Lula roubou da parede do Palácio do Planalto; o tal
faqueiro de ouro cuja foto fake foi tirada de um site de leilões
norte-americano, que circula, há uns quatro anos, como se fosse dele, na
internet; um esquema mínimo de defesa institucional de Lula, Dilma e do
PT na web – afinal, quem cala, consente – a partir de 2013; uma
estratégia também minimamente viável de defesa do legado da sigla à
frente da Presidência da República, que tenha ido além da imbecilidade
da contumaz marquetagem de plantão.
Na outra ponta, a dos itens “reais”,
de existência mais ou menos comprovada, poderiam figurar os pedalinhos
da família; as 23 caixas com objetos pessoais (adagas, quadros, livros,
etc) apreendidos pela Operação Lava-Jato cuja avaliação foi pedida pelo
Juiz Sérgio Moro, que o TCU – em mais uma interpretação retroativa
inventada “a priori” sob medida para Lula e o PT afirma que são todos
públicos e devem ser incorporados automaticamente e sem exceção ao
patrimônio da União (falando nisso, por onde andam os presentes
recebidos, por exemplo, por Fernando Henrique, em seus oito anos como
Presidente da República?); os documentos e papéis do ex-presidente que
estão em depósitos custeados por uma empreiteira; os cartazes, as
matérias com a repercussão, quem sabe, os vídeos, rodando em loop em
monitores na parede, das diversas palestras feitas por Lula por meio do
instituto que leva seu nome; fotos e vídeos das obras obtidas por ele
para empreiteiras, logo, também para trabalhadores e fornecedores
brasileiros, no exterior, depois que deixou a Presidência da República, e
até mesmo antes disso, como faz qualquer Chefe de Estado que se preze,
em apoio a empresas de seu país, na Europa ou nos Estados Unidos;
gráficos com os 370 bilhões de dólares economizados em seu governo em
reservas internacionais; e de dados macroeconômicos da dívida pública
comparando sua gestão com outras gestões; fotos e vídeos das
hidrelétricas, refinarias, plataformas de petróleo, projetos de
infraestrutura, expansão de ferrovias, duplicação de rodovias, aviões,
tanques, submarinos, mísseis, rifles de assalto, etc, desenvolvidos,
iniciados ou construídos por seu governo, em um país em que não se viam,
há muito tempo, programas e obras semelhantes.
Com o Museu Lula, o ex-presidente
poderia cobrar de seus amigos, e de seus muitíssimos inimigos, uma
quantia módica, digamos, de 10 reais por ingresso, para que cidadãos
comuns pudessem ver de perto, coisas de que a imprensa e muitos
internautas falam todos os dias, financiando, dessa forma, a guarda dos
objetos e documentos que acumulou à frente da Presidência da República,
fechando-os, para exibição – principalmente a estrela do PT – atrás de
vidros blindados, para que eles não viessem a sofrer algum atentado, ou,
Deus nos livre disso, não corressem o risco de ser roubados por algum
amigo do alheio.
O difícil seria colocar, dentro do
museu (dependendo do pé direito do prédio) a torre de telefonia celular,
de algumas dezenas de metros de altura, que a Polícia Federal está
investigando se foi instalada perto do sítio de Atibaia pela OI (Andrade
Gutierrez) como forma de corromper o ex-presidente da República, embora
quem esteja recebendo aluguel do terreno seja outra pessoa – claro, o
terreno da torre, pelo menos até agora, ainda não foi atribuído a Lula –
e não se saiba, também, por enquanto, da eventual configuração de uma
senha, ou de um código exclusivo para ele, para que apenas o sapo
barbudo, como é carinhosamente chamado nas redes sociais – e não as
centenas, milhares de usuários de telefone celulares da região – possa
enviar e receber sinais por meio das antenas da estrutura.
Se a moda pega – ou se investiga todo
mundo a sério e do mesmo jeito, respeitando a Constituição, ou não se
investiga ninguém – outras figuras do universo político brasileiro
poderiam tomar iniciativa semelhante, expondo objetos fantásticos, que
com certeza exerceriam um enorme interesse sobre a curiosidade popular.
Quem não gostaria, por exemplo, de
ver, de perto, um certo helicóptero que, reza a lenda, foi apreendido
com 445 quilos de cocaína em uma fazenda, no Espírito Santo, cujo dono
foi nomeado outro dia pelo Ministério dos Esportes como Secretário
Nacional de Futebol?
Ou um clone, quem sabe de plástico,
impresso em 3D, só para efeito ilustrativo, do piloto que foi detido com
a aeronave, que já está solto há muito tempo e aguada o desenrolar
desse caso em liberdade?
Ou o inútil passaporte do Sr. Paulo Maluf, que não pode sair do país, sob risco de detenção pela Interpol?
Ou, colados na parede, em notas de
cem dólares, os milhões injustamente atribuídos ao Sr. Eduardo Cunha,
com direito a uma explicação de como funciona um “trust” e para que
serve essa modalidade de guarda de recursos financeiros muito usada nos
bancos suíços ?
Em tempo, caso houvesse espaço, Lula
poderia exibir, na primeira parte de seu museu, ao lado de uma cabeça
salgada de bacalhau, da imagem de um santo com óculos e de uma coruja
dormindo no escuro, outro objeto ainda mais difícil de ser encontrado,
nesse absurdo Brasil de hoje.
Um selfizinho a três, com a isonomia no centro, abraçando, de um lado, a Justiça, e, do outro, a Verdade, pode ser?
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista