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25/10/2016
Na falta de acusação, O Globo “enxerta” Lula na delação de Marcelo Odebrecht
Por Fernando Brito
A reportagem – um furo – de Jaílton Carvalho em O Globo na qual se dá conta de que Marcelo Odebrecht e dezenas de executivos de sua empreiteira finalmente fecharam um acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República não traz uma palavra sobre uma eventual acusação a Lula.
Ao contrário, ele afirma que “segundo uma fonte, os acordos, incluindo o do o ex-presidente da Odebrecht, estão um tom abaixo da expectativa dos procuradores, mas ainda assim, são abrangentes”.
Não é preciso queimar a mufa para entender o que significa que “estão um tom abaixo da expectativa dos procuradores”, não é? Não tem acusação direta ao ex-presidente.
Jaílton, porém, menciona no texto que está na delação ninguém menos que o atual presidente da República, Michel Temer. Lá embaixo, no pé da matéria, sem direito a chamada, mas está:
Na fase preliminar das negociações do
acordo, Marcelo Odebrecht e outros executivos citaram pelo menos 130
deputados, senadores e ministros e 20 governadores e ex-governadores.
Entre os nomes citados estão o do presidente Michel Temer, e dos
ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), José Serra (Relações Exteriores) e
Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
Também foram mencionados o ex-ministro Antonio Palocci (que assumiu a
Fazenda na gestão do ex-presidente Lula e a Casa Civil no governo Dilma
Rousseff) e Guido Mantega (Fazenda, nos mandatos de Lula e Dilma).
Executivos também relataram pagamentos indevidos ao ex-deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), que está preso desde semana passada em Curitiba.
O Globo, porém, não se deu por achado.
“Enxertou” Lula na manchete do jornal, servindo-se de uma “convicção” de um delegado de polícia de que ele seria o “amigo” citado em documentos apreendidos na empreiteira.
Também lá no final, a ressalva que não salva, mas apenas atesta a irresponsabilidade com que as coisas são tratadas:
Desde o início da Lava-Jato, a PF
errou pelo menos uma vez a interpretação dos nomes da mesma tabela onde
agora identifica Lula como o “amigo”. Os investigadores sustentavam que
as menções a valores para JD seriam pagamentos para José Dirceu. Com o
avanço das investigações, passaram a sustentar que se tratava de
Juscelino Dourado, assessor de Palloci.
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PITACO DO ContrapontoPIG
A mídia golpista não perde oportunidade.
Lula e Dilma entraram na noticia da delação como Pilatos no Credo.
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