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16/01/2017
A cartola de Meirelles está vazia. Por Arnaldo César Ricci
Tijolaço - 16/01/2017
Por Arnaldo César Ricci
Cantado em prosa e verso como o bálsamo dos bálsamos da recuperação econômica brasileira, a recente abrupta redução das taxas de juros não entusiasmou o empresariado como se esperava. Até mesmo a mídia adestrada recebeu a medida com o pé atrás.
Benjamin Steinbruch, controlador da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), foi um dos que se mostraram prudentes diante da tal festejada redução dos juros. No último artigo que escreveu no dia 10 passado, na Folha de S.Paulo, ele pediu “socorro à indústria brasileira” – A indústria brasileira precisa de socorro, sem preconceitos.
Com base numa serie de estudos de organismo internacionais, Steinbruch alertou que a prolongada crise econômica está provocando um processo de desindustrialização do País.
O governo golpista através de sua desastrada política de comunicação social inundou os jornais de domingo passado (15/1) com anúncios de página inteira. Trombeteavam um pretenso conjunto de medidas positivas na economia. Uma quimera. Mais um dos inúmeros tiros n’água deste governo.
Os setores produtivos do Brasil sabem que mexer nas taxas de juros é apenas um paliativo. Mesmo porque, isso tem um limite. A poupança interna continua rala. Infelizmente, o País continua dependendo dos investidores externos. Para tanto, terá que oferecer remuneração atraente para que o capital venha de fora.
Além disso, a dívida interna não tem parado de crescer. O governo para se financiar igualmente terá que ir ao mercado oferecendo percentuais vistosos de remuneração caso queira tapar seus rombos.
Isso não é nenhuma novidade. Sempre foi assim. O que Temer e sua camarilha não entenderam, até agora, é que para meter a mão no bolso e investir dinheiro no negócio, o empresário – seja ele local ou estrangeiro – exige o mínimo de estabilidade política e institucional. Neste aspecto, as coisas vão de mal a pior.
Todos – Judiciário, Legislativo e Executivo – disputam o butim do golpe. Engalfinham-se em praça pública. Por pouco Carmen Lúcia, presidente do STF, e Renan Calheiros, presidente do Senado, não foram às vias de fato.
É assustadora a frequência com que os nomes dos homens de confiança de Temer – e o dele próprio – aparecem nas listas de falcatruas levantadas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.
Mesmo atuando com extrema objetividade (focados sempre no PT e no presidente Lula), essas duas instituições da República já não conseguem empurrar para debaixo do tapete as lambanças praticadas pelos Geddeis, Cunhas, Moreiras, Jucás, Maias e Padilhas. Quando não aparecem fazendo tráficos de influência são acusados de meterem a mão, sem qualquer pudor, no erário público.
Os empresários e os investidores quando, descaradamente, apoiaram o golpe sabiam o que estavam fazendo. Ninguém é inocente neste ramo. Cometeram apenas um erro de cálculo. Os impolutos integrantes deste grupo que assumiu o Planalto é constituído por uma horda de pretensos corruptos que foram com muita sede ao pote e deixaram evidências demais para serem ignoradas pelos homens da lei.
Geddel Vieira Lima, de tão guloso, passou a carregar entre seus pares à alcunha de “boca de jacaré”. De acordo com as investigações da Polícia Federal, no último e igualmente eletrizante escândalo na Caixa Econômica Federal, o ex-ministro Geddel e o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, agiam em dupla na cobrança de propinas para liberar empréstimos às empresas. Que combinação explosiva Geddel e Cunha agindo em dupla!
Não consegue nem indicar um assessor “ficha limpa” para ajudá-lo com os temas da juventude. Isso para não falar do falacioso ministro da Justiça, Alexandre de Moraes que diante das cabeças cortadas, olhos vazados e corações arrancados nos presídios brasileiros lança mão de uma vergonhosa mentirada para justificar a sua omissão diante de tão grave problema nacional.
Vê-se que Brasil desce ladeira abaixo. Como investir em um cenário desses?
Esta é a questão crucial. Falta ao atual governo credibilidade. O que não tem nada a ver com índices de popularidade – que por sinal também são baixíssimos! – ou com maioria nas casas legislativas.
Até mesmo o empresariado, que com os seus bandos de patos infláveis instigaram o golpe, já não acreditam mais que Temer e seu exército de “bocas de jacarés” conseguirão tirar o País do pântano.
A cartola de Henrique Meirelles, o superministro da Fazenda, já está vazia. Não há queda de juros que dê jeito. Aliás, o que os editorais da chamada “imprensa amiga” começam a sugerir como solução é a queda do próprio Temer juntamente com o bando de répteis que o cercam.
*Arnaldo César Ricci Jacob é jornalista. O texto foi publicado originalmente no Blog do Marcelo Auler.
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