sábado, 1 de julho de 2017

Nº 21.704 - "Cunha manda, ainda e sempre"


01/07/2017

Cunha manda, ainda e sempre


Carta Capital  — publicado 01/07/2017 00h13, última modificação 30/06/2017 11h47


A verdade factual diz que um presidiário, como define Renan Calheiros, continua a decidir os destinos do governo Temer

 Rosa dos ventos
O pior Congresso da história republicana


por Mauricio Dias


Mauricio DiasNão foi por mero acaso que o senador Renan Calheiros, na noite de quarta-feira 28, puxou pesada acusação da garganta e a atirou contra Michel Temer. Despojado da condição de líder governista, à qual tinha renunciado pouco antes, perguntou: “Como continuar com um governo comandado por um presidiário como Eduardo Cunha?”

O que ele falou sobre o governo foi surpresa. Do controle da Câmara por Cunha já se sabia.

Calheiros pisou mais fundo. Valeu-se de outra pergunta: como mudar o pensamento de um governo comandado por Cunha, que, mesmo da prisão, mantém o recebimento de propina?

Há um trecho expressivo dos 40 minutos da gravação feita pelo empresário Joesley Batista com Michel Temer. Ali está claro o poder de Cunha.

Joesley: “Dentro do possível eu fiz o máximo. Ele foi firme... veio e cobrou... eu tô de bem com o Eduardo”.

Temer: “Mantenha isto, viu?”

Ao desempenhar por trás dos bastidores o papel que haveria de caber ao presidente, Cunha não só influencia, manda. Manda igualmente na Câmara dos Deputados. Como se sabe, a ideologia do atual PMDB é a do poder pelo poder. A arquitetura de Niemeyer dá a entender que a Câmara se abre aos interesses populares. Peemedebista, no entanto, só cuida do seu.

Horas depois do discurso veemente feito pelo senador Calheiros, foi protocolada na Câmara a denúncia por corrupção passiva, que lá estava aguardando uma decisão. E é lá que a cobra vai fumar.

A Câmara dos Deputados é denominada “Casa do Povo”. Melhor seria “Casa do Polvo”, caso se considerasse o alcance dos tentáculos perturbadores do processo político.

Antes da deposição de Eduardo Cunha já se falava que sob o comando dele havia cerca de cem deputados. Quase todos eleitos com as verbas liberadas pela JBS. Tudo isso resultaria, ao fim e ao cabo, na eleição de Cunha para a presidência da Câmara.

Emergiu uma bancada de evangélicos ligada a empreiteiras e construtoras, além das risíveis bancadas da Bola e da Bala. Com eles, os parlamentares fabricados por Cunha, é que Michel Temer conta para alcançar os 172 deputados habilitados a mantê-lo na Presidência.


Este Congresso é o pior de todos. O menos representativo da história republicana, intérprete da força do dinheiro da minoria privilegiada. Quem roubou mais? Quem roubou menos? Quem não roubou?


Maurício Dias - Jornalista, editor especial e colunista de CartaCapital. mauriciodias@cartacapital.com.br


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PITACO DO ContrapontoPIG 


O poder de Cunha, ao que parece, é bem maior do que se pensa. 
Veja em "Trairagem ameaça o golpe: segundo Garotinho, Eduardo Cunha desconfia de Temer, arma vingança e tem dito que ministros do STF lhe devem favores" (No Viomundo de 9/5/2016)
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