01/07/2017
NEOGARANTISMO DO STF CRIA SAIA JUSTA PARA MORO NO CASO LULA
Brasil 247 - 1 DE JULHO DE 2017 ÀS 06:56
A sexta-feira gorda do Supremo Tribunal Federal, que libertou o homem da mala Rodrigo Rocha Loures, flagrado com uma mala de R$ 500 mil, e devolveu o mandato do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que negociou R$ 2 milhões em propinas, torna mais complicada a narrativa da direita brasileira, que aguarda, ansiosa, a condenação do ex-presidente Lula pelo juiz Sergio Moro; afinal, como justificar que Lula pode ser condenado por um apartamento que não lhe pertence, quando Aécio e Loures, com provas devastadoras contra si, são soltos?
Embora os casos não sejam conexos, todos fazem parte da disputa política brasileira. Aécio, flagrado numa negociação de R$ 2 milhões em propinas, foi um dos principais responsáveis pela propagação do discurso de ódio no Brasil e vinha incentivando a condenação ou prisão de Lula. Loures, ex-assessor de Temer, foi filmado com o chamado "batom na cueca", quando corria com uma mala com R$ 500 mil em propinas pelas ruas de São Paulo.
Contra os dois, existem provas devastadoras, segundo aponta editorial da Folha de S. Paulo deste sábado. No entanto, contra o ex-presidente Lula há bem mais convicções do que provas. E as evidências só existem em delações – insuficientes para uma condenação, segundo demonstrou o TRF-4 recentemente no caso Vaccari – extraídas após muita pressão psicológica.
Portanto, por mais que Moro venha a condenar Lula, essa eventual sentença só servirá para reforçar ainda mais a imagem de que, no Brasil, existem pessoas acima da lei – como Aécio e Rocha Loures – e outras abaixo da lei, como Lula. Ou seja: uma condenação, em vez de destruir Lula, deverá fortalecê-lo ainda mais, ao evidenciar a seletividade da Justiça brasileira.
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