quinta-feira, 6 de julho de 2017

Nº 21.739 - "José Serra usou empresa de família ligada à Globo para receber caixa 2 da JBS"


16/07/2017


José Serra usou empresa de família ligada à Globo para receber caixa 2 da JBS


Jornal GGN - QUI, 06/07/2017 - 16:38 ATUALIZADO EM 06/07/2017 - 16:40 O Jornal de todos


Cíntia Alves


A LRC - da mesma família que detém a EPTV, afiliada da Globo no interior de São Paulo - recebeu R$ 6 milhões da JBS em 2010, após pedido de Serra. Além disso, outros R$ 420 mil teriam sido pagos ao tucano por meio da APPM Análises e Pesquisas, de Antonio Prado Junior, o Paeco 


Jornal GGN - Uma empresa da família Coutinho Nogueira - dona da EPTV, afiliada na Rede Globo no interior de São Paulo - foi usada por José Serra (PSDB) para receber R$ 6 milhões da JBS via caixa 2, na disputa eleitoral de 2010, aponta o Ministério Público Federal.

O nome da empresa e a sugestão para que seus responsáveis sejam interrogados consta no pedido de abertura de inquérito contra Serra, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal na quarta (5).

Alguns jornais da grande mídia divulgaram o nome empresa, a LRC Eventos e Promoções, mas omitiram a relação de seus donos com a Rede Globo.

De acordo com a delação da JBS, Serra pediu "pessoalmente" a Joesley Batista uma contribuição eleitoral em 2010. A doação de quase R$ 20 milhões foi distribuída assim: R$ 13 milhões foram repassados regularmente, com registro na Justiça Eleitoral; R$ 6 milhões foram pagos por meio da LRC e outros R$ 420 mil, transferidos à APPM Análises e Pesquisas.

À PGR, Joesley afirmou que houve "emissão de nota fiscal da LRC Eventos e Promoções para simular a aquisição de um camarote na Fórmula 1".

Em maio, Época Negócios publicou a seguinte fala do delator: "Eles deram nota de patrocínio de um camarote de um autódromo de Fórmula 1, como se nós tivéssemos comprado um camarote de Fórmula 1. E teve realmente esse camarote. Teve realmente essa corrida de Fórmula 1. Só não podia custar R$ 6 milhões. Aí nós compramos esse negócio lá por R$ 6 milhões."

A revista também apontou que a LRC é "empresa de um amigo de infância de Serra."

Há anos, a LRC vende oficialmente ingressos e translado aéreo do GP Brasil de Fórmula 1.

Hoje ela tem entre seus sócios administradores Fernanda e Roberto Coutinho Nogueira, filhos de Luís Roberto Coutinho Nogueira, morto em 2014.

O pai de Luís Roberto é José Bonifácio Coutinho Nogueira, ex-secretário de Agricultura e Educação de São Paulo e fundador do grupo EPTV. Ele também foi o primeiro presidente da Fundação Padre Anchieta e dirigiu a TV Cultura.

Atualmente, o Grupo EPTV, com quase 40 anos, é dirigido por Antonio Carlos Coutinho Nogueira e José Bonifácio Coutinho Nogueira Filhos, tios dos donos da LRC.

Em 2010, ao lado de Antonio e José Bonifácio Filho, Serra prestigiou o lançamento da TV Digital em Ribeirão Preto. Em 2012, a família Coutinho Nogueira virou sócia da família ACM, ao comprar um terço da TV Bahia.

EMPRESA QUE TRABALHOU NA CAMPANHA DE 2010 TAMBÉM É CITADA

Outra empresa que recebeu parte dos recursos solicitado por Serra a Joesley Batista - cerca de R$ 420 mil - foi a APPM Análises e Pesquisas, apontou Janot.

A APPM trabalhou para o PSDB na campanha de 2010, fazendo os chamados tracking - pesquisas eleitorais diária, via telefone - segundo informação da Veja, de junho de 2010.

A revista apontou que as pesquisas da APPM, à época, levavam a assinatura de Antonio Prado Júnior, o Paeco, e do cientista político Antônio Lavareda. Paeco é atual "comandante" da empresa. Lavareda, que não fazia parte do quadro societário, afirma que não trabalhou na campanha de Serra em 2010.

De acordo com o site oficial, a APPM trabalhou para órgãos ligadas à gestão do PSDB em São Paulo, como a Sabesp. Também atuou para a agência Lua Branca, de Luiz Zinger González, à época, marqueteiro de Serra em 2010.

A esposa de Paeco, Iara Glória Areias Prado, foi secretária de Educação da Prefeitura de São Paulo e passou pela empresa de consultoria PRS, de Paulo Renato de Souza, que foi ministro da Educação no governo FHC.

APPM fez muitas pesquisas em 2010, inclusive sobre os projetos da prefeitura de São Paulo, na época chefiada por Gilberto Kassab.

Janot pediu ao Supremo que o caso de Serra seja redistribuído a outros ministro que não Edson Fachin, porque embora as revelações tenham sido feitas pela JBS, não têm conexão com a Lava Jato.

Folha de S. Paulo disse que "não conseguiu contato com as empresas" acusadas, mas Serra, por meio de assessoria de imprensa, afirmou que "todas as suas campanhas eleitorais foram conduzidas dentro da lei".

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