13/07/2017
A defesa de Lula é Lula-2018
A fala de Lula, hoje, na sede do diretório do PT, em São Paulo, evidencia que a primeira consequência prática da sentença de Sérgio Moro foi ter, definitivamente, inciado a campanha do ex-presidente para voltar ao poder nas eleições de 2018.
“Se alguém pensa que com essa sentença me tiraram do jogo, podem saber que estou no jogo”
Está, e vai jogar dois jogos, a um só tempo, onde a sua principal arma é a “torcida”, o eleitor.
O jogo eleitoral, do qual o querem tirar, e o jogo jurídico, onde as cartas estão marcadas já há muito tempo, exatamente como ele lembrou ao ler um artigo publicado por ele na Folha há quase um ano, dizendo que seus acusadores “estão condenados a condenar e devem avaliar que, se não me prenderem, serão eles os desmoralizados perante a opinião pública”.
Também neste segundo jogo é a opinião da população a única força capaz de conter a discussão jurídica onde ela deve ficar: no jurídico, não no político-ideológico de onde brotam sentenças insólitas como a de Sérgio Moro.
Lula mostrou, na sua fala, dois alvos que visará, no seu discurso de campanha, ainda que formalmente chamada de “pré-campanha”, pela nossa hipocrisia legal de ter-se de “fingir” que não se é candidato.
O primeiro, a nostalgia no brasileiro pelos tempos em que, no seu governo, havia renda, emprego e crescimento da atividade econômica.
O segundo, conexo, o fracasso das elites no pós-impeachment, com o país mergulhado em uma baterna institucional e numa insegurança jamais experimentada desde a ditadura.
“Senhores da Casa Grande, permitam que alguém da senzala faça o que vocês não tem competência. Permitam que alguém cuide deste povo. O povo não está precisando ser governado pela elite, está precisando ser governado por alguém que conheça a alma dele, por alguém que saiba o que é a fome e o desemprego, por alguém que saiba o que é a vida dura do povo deste país. Quando este país não tiver mais jeito, quando os economistas de direita não tiverem mais solução, permitam que a gente coloque o pobre no Orçamento da União, o pobre no mundo do trabalho, o pobre recebendo salário, o pobre recebendo crédito. E a gente faz este país voltar a crescer, o povo voltar a sorrir e a ter o otimismo que teve durante todo o tempo em que eu governei.
Lula, para a frustração de Moro, tem toda a razão ao dizer que “Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Quem tem direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro”.
É ele, o povo, quem é o grande juiz nas democracias.
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