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04/03/2018
Temer é apoiado pelos militares = A carreta vai à frente dos bois
Jornal GGN - DOM, 04/03/2018 - 09:17
Há poucas semanas inúmeras pessoas apoiavam uma “sólida” hipótese que a intervenção militar no Rio de Janeiro foi uma manobra do Temer e sua trupe, para dar uma sustentação ao governo que já deve ser um recorde universal de impopularidade. Baseavam isto numa hipótese absurda, que logo foi confirmada como absurda, que uma intervenção militar no Rio de Janeiro daria popularidade à figura “Temer” colocando-o na vida política com possibilidade de se candidatar a pelo menos síndico de seu edifício. Com as primeiras pesquisas de opinião se mostrou a fantasia mirabolante que era esta hipótese.
Vencida a hipótese de Temer utilizar a intervenção militar no Rio de Janeiro como forma de aumentar a sua popularidade, vem a segunda hipótese, a mais grave, que precipitou esta intervenção e que tam desdobramentos muito mais sérios. Ou seja, a hipótese que foram os próprios militares ou mesmo setores majoritários das forças armadas que propuseram esta intervenção.
Achar declarações nos meios militares favoráveis a intervenção anterior ao evento Rio de Janeiro, é algo extremamente simples e fácil de encontrar tanto na grande mídia como na Blogosfera como um todo. Declarações de tudo que tipo e intensidade desde as mais amenas até as mais absurdas e mesmo sanguinárias, prevendo extermínio da esquerda, são abundantes e motivo de discussão pública do assunto. Logo, dizer que não há ânimo para um golpe militar é um verdadeiro absurdo.
Agora quem capitaneia este possível golpe militar, que está se tornando quase que inevitável, como será a seguir descrito, é uma mera questão de lógica formal que qualquer um que não chegue a esta conclusão tem alguma dificuldade cognitiva. Mas vamos logo a explicação.
De um lado temos o governo mais antipopular da história brasileira, sem a mínima base parlamentar (base popular nem vou falar) e por outro lado as forças armadas, que enquanto não entrarem em ação real nas populações alvo (os pobres) elas possuem um número considerável de apoio na pequena classe média brasileira (pequena em todos os sentidos, numericamente, intelectualmente e politicamente falando), alguns setores populares que são vítimas da milícias e de ações de pequenos marginais e da grande Oligarquia Nacional e Internacional, que apesar de pouco numerosa, o dinheiro permite a compra dos órgãos de comunicação.
Em resumo, temos um governo, configurado pela imagem de Temer que foi vulgarizado como o vampirão cheio de dinheiro e estando confinado a esta imagem, que é impossível de desconstruir, torna-se uma figura politicamente inviável com a capacidade de contaminar TODOS AQUELES que estão a sua volta, inclusive os militares que lhe sustentam. E do outro lado temos as forças armadas que ainda tem uma credibilidade muito superior à de outros elementos de direita, como o judiciário.
Com este cenário claro, as questões a serem postas é o que os militares querem e o que eles não querem. A declaração do ministro do exército na reunião pré-intervenção militar do Rio deixa claro o que os militares não querem, um novo julgamento público de suas ações como ocorrido na Comissão da Verdade, por outro lado eles querem o PODER.
O poder pode ser exercido de várias maneiras, ou diretamente como foi feito em 1964 ou indiretamente como está sendo feito atualmente. Porém, para exercer o poder indiretamente é necessário um boneco de ventríloquo, entretanto para obter um boneco confiável e que a manipulação deste não fique visivelmente aparente que há alguém o manipulando por trás, este deverá ser fiel, que dê algum aspecto de credibilidade e o mais importante que seja incapaz de junto com parte das forças armadas formar o seu próprio esquema militar.
Como a manutenção de Temer na presidência, inevitavelmente contaminará todo o seu suporte militar, ou seja, a medida que passa a figura Temer será associada à imagem do Gen. Etchegoyen, é necessário a impugnação do presidente Temer o mais breve possível. Para isto entra em cena o outro elemento do Golpe, o poder judiciário. Se Temer for impugnado ascende a Rodrigo Maia na presidência, que poderia ser utilizado como o próximo candidato da direita à presidência da República. Tem vários pontos a favor, como a disponibilidade de atuar como boneco de ventríloquo, não teria coragem para tramar seu próprio esquema militar e não precisaria de ordens para implantar a política antinacionalista e entreguista dos militares que tramam o golpe. Talvez o grande impedimento de Maia seja o seu próprio pai, um político com experiência que sabe perfeitamente dos riscos que seu filho tem a entrar numa empreitada tão perigosa sem ter o mínimo apoio real que o ridículo apoio parlamentar.
Porém o uso de um boneco de ventríloquo tem inúmeros riscos, pois este será levado pelas Oligarquias Internacionais a tentar transformar as forças armadas como um mero braço da política antidrogas, que está com seus dias contados na própria capital do Império, e com isto elas perderiam a utilidade e poderiam ser reduzidas a um bando de soldadinhos de chumbo. Por esta razão e mais outras, ditadas pelas contradições internas das forças armadas, que no momento aparecem coesas, mas que certamente no poder se dividirão, é necessária uma intervenção direta, colocando o representante da maioria na chefia do executivo para preservar o mando e as intensões.
Outro fator que leva a necessidade ao golpe militar fica patente com a falta de capacidade dos militares de até mesmo fazerem uma entrevista coletiva a imprensa. Ou seja, a intervenção obrigou que o golpe militar ocorra e que as eleições sejam adiadas ad infinitum, ou que o esquema, Arena-MBD seja reestabelecido.
Os partidos de esquerda de tendência pequeno burguesa estão cometendo um erro sério na sua análise, ou mesmo estes estão sendo cooptados para fazerem o seu papel, ou seja, eles acham que dividindo a esquerda e simplesmente colocando na ilegalidade o PT (coisa que eles protestarão veementemente no Faceboock e em todas as mídias sociais, facilitando nos clubes sociais) sobrará algum espaço para sobreviverem e manterem seus companheiros como assessores parlamentares. Porém, para aqueles que acham isto por convicção, restará a segunda ou terceira leva na cadeia, e para que eles que acham por oportunismo, quando não mais necessários perderão a mesada.
Porém o futuro do golpismo não será tão linear assim, simplesmente porque eles perderam o timing, ou seja, perderam o tempo em conspirações internas, em lutas de quadrilhas e subestimaram dois fatores, a resiliência de Lula junto ao imaginário (e real) popular e a solidez do PT junto a maioria da população.
Está resiliência de Lula e uma enorme consciência cívica deste, não se dobrará ao golpe, e isto levará certamente a uma resistência popular, que mais dia ou menos dia aflorarão numa intensidade que as Oligarquias não estarão preparadas para resistir, nem com polícia militar estadual nem com exército nas ruas. Ou seja, as Oligarquias e seus serviçais poderão pagar um preço bem mais alto do que uma comissão da verdade.
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