09/03/2018
Militares silenciam diante do entreguismo do governo Temer
Do Brasil 247 - 9 de Março de 2018
por RIBAMAR FONSECA
Os países parceiros do Brasil assistem, perplexos, o comportamento entreguista do governo Temer. Os vira-latas remanescentes do governo de FHC, que encontraram terreno propício neste governo resultante de um golpe, estão entregando, em apenas dois anos, para o capital estrangeiro, em especial para os Estados Unidos, o que sobrou da privataria tucana. E os traidores infiltrados nos três poderes estão transferindo para as mãos do Tio Sam a Petrobrás fatiada, o pré-sal, a Eletrobrás, a Embraer, a indústria de carne, a base espacial de Alcântara, parte da Amazônia e o nosso espaço aéreo, entre outras coisas. A dominação norte-americana, no entanto, é muito mais ambiciosa, pois pretende, também, o controle de nossas Forças Armadas. Há um antigo projeto do governo dos Estados Unidos de transformar as Forças Armadas dos países da América Latina, especialmente do Brasil, em milícias, deixando para o seu exército a defesa do território continental. O primeiro grande passo para isso já foi dado, com a intervenção no Rio de Janeiro, que transformou o nosso exército em policia.
Aparentemente a perseguição ao ex-presidente Lula faz parte desse projeto de dominação norte-americana, pois foi durante o governo petista que o Brasil se libertou das garras da águia, tornou-se independente, pagou o que devia ao FMI, tornou-se credor daquele fundo e da grande nação do Norte, conquistando o respeito e a admiração do resto do mundo. Passou a ombrear-se com grandes potências como a Russia e a China, integrando com elas e mais a Índia e a África do Sul o BRICS, um bloco poderoso que causou profundas preocupações ao governo dos Estados Unidos diante da aproximação, aos seus adversários, do maior país da América do Sul. A prisão de Lula, portanto, tramada pelos traidores infiltrados sobretudo no Judiciário e na mídia, é de vital importância para os objetivos de dominação norte-americana, porque visa a impedir o líder petista de voltar ao Palácio do Planalto, o que poderia frustrar os planos do Tio Sam. O que surpreende, nisso tudo, porém, é a aparente indiferença de nossas Forças Armadas, que parecem de acordo com esse entreguismo explícito.
Na verdade, nunca se viu nenhuma manifestação de militares das três armas sobre as privatizações de nossas estatais, nem mesmo quando FHC vendeu, a preços de banana, a Vale do Rio Doce, o que significou privatizar o subsolo brasileiro. E ainda agora, com a farra entreguista do governo Temer, sobretudo com a venda da Embraer, uma empresa de importância estratégica para a soberania do Brasil, as Forças Armadas continuam em silêncio, o que pode ser interpretado como uma aprovação tácita das ações entreguistas do presidente golpista. Não se ouve sequer um gemido nem mesmo diante da iminente entrega da base de Alcântara, no Maranhão, ao governo norte-americano. As negociações para isso, iniciadas no governo de FHC e interrompidas no governo Lula, foram retomadas pelo então chanceler José Serra, nas mesmas bases do contrato original, que foi barrado na Câmara pelo deputado Waldir Pires, do PT, porque transformava a área da base em território norte-americano, onde nenhum brasileiro poderia entrar. Se a entrega se confirmar os americanos terão em Alcântara uma segunda Guantânamo e de lá nunca mais sairão.
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara, onde a questão foi analisada, aprovou, em outubro de 2001, o relatório do deputado Waldir Pires, que excluiu todas as cláusulas lesivas aos interesses nacionais, entre elas o controle total das áreas de Alcântara pelo governo americano, o direito dos técnicos daquele país de inspecionarem qualquer área sem aviso prévio ao governo brasileiro, a proibição para a Alfândega brasileira inspecionar o material norte-americano que ingressasse em território nacional e também, a proibição para que o Brasil recolhesse e estudasse os escombros decorrentes das falhas de lançamento de foguetes. E mais: o Brasil só poderia aplicar os recursos decorrentes do contrato de arrendamento onde os americanos indicassem. É como se o dono de um imóvel só pudesse empregar o valor dos aluguéis onde o inquilino mandasse. Um absurdo! E o governo entreguista de Fernando Henrique concordou com essas imposições dos norte-americanos. O único deputado que votou contra o relatório de Waldir Pires, que eliminou essas excrecências do contrato, foi Jair Bolsonaro, o que significa que ele é favorável à entrega de Alcântara aos americanos conforme os seus interesses e exigências.
O fato é que a base espacial de Alcântara faz parte do pacote a ser entregue aos Estados Unidos por sua participação no golpe que destituiu a presidenta Dilma Roussef e colocou Michel Temer no poder. Segundo o jornalista Brian Mier, em artigo publicado em "BasilWire", Temer vem fazendo a sua parte entregando aos estrangeiros o controle de diversas áreas do Brasil como, por exemplo, na informática, hoje nas mãos da Microsoft. O presidente golpista assinou decreto isentando de impostos, no montante de cerca de FR$ 1 trilhão, além da Microsoft, também a Monsanto, a Boeing, a Chevron e a Shell, todas beneficiadas com o golpe. "O que elas tem em comum?", pergunta Mier e ele mesmo responde: "São todas membros corporativos da Américas Society/Council of the Americas (AS/COA) que apoia políticas de austeridade e governos de direita na América Latina desde sua fundação por David Rockefeller, nos anos 1960". Ele informa ainda que a revista "Américas Quartelys", da AS/COA, de circulação mundial, publicou sete reportagens sobre o Brasil, uma delas apresentando o pessoal da Lava-Jato como super-heróis e o juiz Sergio Moro como um dos caça-fantasmas. E revela as estreitas ligações de Rodrigo Janot e Sergio Moro com a AS/COA, que os convida regularmente para palestras em Nova York, onde foram homenageados no último dia 2. Nos EUA os dois estão em casa.
RIBAMAR FONSECA. Jornalista e escritor
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