10/03/2018
A quem interessa quebrar as empresas?
Do Brasil 247 - 10 de Março de 2018

por LEONARDO ATTUCH
Depois dessa operação, a BRF se soma a várias outras grandes multinacionais brasileiras que vêm sendo varridas em investigações sobre corrupção. Basta citar Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa, JBS e a própria Embraer, que está prestes a ser vendida para a Boeing, depois de também ter sido acusada de pagar propina para vender aviões na América Central. Será que tudo isso acontece por acaso? Será que o mais intenso ataque à burguesia nacional, que conta com o apoio operacional de instituições do próprio País, não acaba servindo – intencionalmente ou não – a interesses internacionais?
No caso da BRF, a primeira questão a se colocar é simples? Consumidores da China, da França, da Alemanha e de outros países que importam produtos da Sadia e da Perdigão comerão menos carne de frango? Provavelmente, não. E quem se beneficia? Hoje, o Brasil é o maior exportador do mundo, com vendas anuais da ordem de US$ 6,3 bilhões. Depois do Brasil, quem aparece? Estados Unidos, com exportações de US$ 3,5 bilhões, e Holanda, com vendas anuais de US$ 2,5 bilhões. Ou seja: como diria Tim Maia, um nasce pra sofrer, enquanto o outro ri.
Se isso não bastasse, executivos da empresa, incluindo um ex-presidente, foram presos porque a Justiça buscou uma forma de driblar decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de proibir conduções coercitivas – que, na prática, são prisões para ouvir investigados. Como o STF disciplinou a questão, a resposta do Judiciário empoderado foi decretar prisões temporárias, com a única finalidade de se obter depoimentos. Ou seja, um juizado de primeira instância decidiu aplicar o drible da vaca no STF.
Diante de tanta destruição de empregos e riquezas, a questão que fica pairando no ar é muito simples: até quando a burguesia nacional vai assistir impassível à sua própria destruição? Ou será que vamos todos nós nos conformar em sermos vendidos a fundos americanos ou estatais chinesas? Coincidência ou não, a BRF já é vista como presa fácil para uma eventual venda.
Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste
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