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Por Fernando Brito
Ficou mais que evidente que apenas as declarações de princípios democráticos não bastarão para resolver a crise criada desde quinta-feira, quando a repressão policial desmedida transformou pequenas manifestações de insatisfação num movimento generalizado, de reivindicações difusas. Pior, sem qualquer liderança capaz de evitar que, em meio à multidão, surjam grupos de provocadores ou simples baderneiros produzindo atos de destruição que transformam um carro em chamas em um país ardendo.
Entender os manifestantes e perceber o sentido positivo e justo de sua insatisfação é um passo essencial, sim.
Que a mídia e a direita tentam manipular o clima para transformar tudo num ataque à Presidenta Dilma – foi patética a cena da dupla Aécio Neves – Fernando Henrique, ontem, querendo se adonar do movimento – também está evidente.
Mais importante ainda foi a Presidenta assumir, pessoalmente - e com a ajuda de Lula – a coordenação desta situação.
Mas já passou da hora de respostas concretas. E é urgente que elas venham.
Em todo movimento massivo – mesmo não essencialmente do “povão”, como esse – aparecem os “cabo Anselmo” que ajudam a criar um clima de confronto incontrolável e de desordem generalizada
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Faz-se passar a impressão de que o país está sem controle e, claro, isso desborda para todos os campos, inclusive o econômico, que é onde a mídia se encarrrega de transformar problemas em desastres e dificuldades em crise profunda.
Cada lixeira ou carro incendiado é multiplicado por mil pelas câmeras de TV, com o monstruoso poder de foco de que a mídia dispõe.
Cada décimo de ponto percentual em qualquer índice de inflação é transformado, com os mesmos meios, num desabamento econômico.
Como os vândalos que se servem das manifestações, incendeiam as conquistas de uma década e não têm o mínimo respeito pelo que pertence a todos.
Como aqueles não serão detidos por tropa de choque policial, estes também não serão detidos pela “persuasão” e por declarações de princípios.
Só há uma maneira de contê-los: retirar-lhes a base social.
E, para isso, duas coisas são necessárias: ação e comunicação.
Não é hora de discutir planilhas de empresas de ônibus, nem de ficar, na economia, preso a uma lógica cartesiana e antidialética, que pretende que as questões de natureza social possam ser resolvida por métodos contábeis.
Nem de esperar que com entrevistas coletivas e notas oficiais se possa dizer e, sobretudo, demonstrar ao povo brasileiro que o governo que ele elegeu é bom, é forte e age sempre no sentido de corresponder ao desejo de justiça do povo brasileiro.
De mostrar que é amigo das ruas e da estabilidade econômica, com atos e de se dirigir diretamente ao povo.
Ao que foi à rua e ao que está em casa, dividido entre a solidariedade aos jovens e o medo da violência que a TV despeja diante de seus olhos.
É o único caminho para isolar os provocadores e os sabotadores.
Tanto os de mascarados de camiseta quanto os de paletó bem cortado.
Na mitologia, Anteu, até então invencível, foi derrotado por Hércules, porque este entendeu que era dos pés na Terra, sua mãe, que aquele gigante recebia a força que não o deixava ser vencido nem mesmo pelos mais fortes contendores.
Tiremos seus pés do nosso chão, que é o povo brasileiro, perplexo e confuso com tudo isso.
Não se pode deixar essa questão entregue apenas a governadores e prefeitos, porque ela diz respeito à vida nacional.
Mas a cada hora que isso não é feito, mais riscos correm a democracia e a escolha soberana do povo brasileiro de um projeto que muda o país a seu favor.
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