21/12/2015
Noam Chomsky: EUA matavam quem praticava o que prega papa Francisco
Noam Chomsky: Os Estados Unidos
declararam e lutaram uma amarga, brutal e violenta guerra contra a igreja.
Travis Gettys, via The Raw Story e lido na revista Fórum
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Os Estados Unidos lutaram por
décadas uma guerra contra católicos que praticavam os ensinamentos que levaram
o papa Francisco a ser eleito personalidade do ano pela Times, segundo o
filósofo político Noam Chomsky.
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Segundo Chomsky, em 1962, a
conferência Vaticano 2º reformou os ensinamentos da Igreja Católica pela
primeira vez desde o século 4, quando o Império Romano adotou o cristianismo
como sua religião oficial, e isso teve um profundo impacto nos líderes religiosos
da América Latina.
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Na semana passada, em uma
entrevista com o ativista de justiça social Abel Collins, Chomsky explicou que
padres e laicos latino-americanos formaram grupos com camponeses para estudar o
Evangelho e reivindicar mais direitos das ditaduras militares da região – que
ficaram conhecidos como Teologia da Libertação.
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“Há uma razão porque cristãos
foram perseguidos pelos primeiros três séculos,” disse Chomsky. “Os
ensinamentos são radicais – de um texto radical – que pregam basicamente um pacifismo
radical com opções preferenciais aos pobres.”
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Ele reafirmou que praticantes da
Teologia da Libertação foram sistematicamente martirizados, ao longo de mais de
20 anos por forças apoiadas pelos EUA, que tentavam evitar que nações
latino-americanas instalassem governos socialistas em benefício de seus
próprios povos, contrariando interesses norte-americanos.
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“Os Estados Unidos declararam e
lutaram uma amarga, brutal e violenta guerra contra a igreja,” disse Chomsky.
“Se existisse imprensa livre, é assim que representariam a história.”
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Ele explicou que os EUA apoiaram
a “posse de governos e instituições ditatoriais com estilos neonazistas”, como
parte de uma guerra que finalmente terminou em 1989 com a morte de seis
jesuítas e duas mulheres na Universidade da América Central por tropas
salvadorenhas.
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Chomsky disse que aquelas tropas
foram treinadas pelo governo norte-americano na Escola Kennedy de Guerra Contra
a Insurgência, e agiram sob ordens oficiais do comando salvadorenho, que
mantinha uma relação próxima com a embaixada norte-americana.
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“Eu nem tenho que atribuir isso
ao governo,” disse ele. “Já é aceito. A Academia das Américas, que treina
oficiais militares latino-americanos – basicamente assassinos – um dos seus
pontos de discussão é que o exército norte-americano ajudou a derrotar a
Teologia da Libertação.”
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O papa Francisco, um jesuíta
argentino, tem feito gestos simbólicos para uma nova aceitação da Teologia da
Libertação na Igreja, depois de anos de condenação por suas aspirações políticas
pelos papas João Paulo 2º e Bento 16.
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Seu recente Evangelii Gaudium –
ou Alegria do Evangelho – foi visto por muitos como um ataque ao capitalismo e
economia de mercado livre, mas Chomsky acredita que até agora o papa não
transformou suas palavras em ações.
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“Gosto do fato de que o discurso
mudou, e de que há uma melhora na discussão sobre justiça social, mas temos que
ver se isso chegará ao ponto de as pessoas se organizarem e insistirem por seus
direitos percorrendo o caminho da opção preferencial pelos pobres, ou seja, de
levar o Evangelho a sério.”
Tradução: Ítalo Piva
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