29/12/2015
Pimenta: Zelotes se vendeu pra Globo?
É muito revoltante o que aconteceu com a operação Zelotes.
O Cafezinho deu o furo: publicou a documentação completa da operação da Polícia Federal, quase 500 páginas de escutas telefônicas, documentos comprometedores.
É incrível! A imprensa comercial fingiu que esse documento não existia!
E daí se iniciou uma operação alquímica para transformar a Zelotes numa coisa completamente diferente!
Reportagem do Valor de hoje diz que a Zelotes é uma operação que investiga a venda de medidas provisórias.
A mídia brasileira virou uma Coréia do Norte às avessas: ela muda a história e a realidade a seu bem prazer.
Todos os acusados da Zelotes foram esquecidos e protegidos. A PF não mais acusou ninguém e interrompeu todas as investigações sobre a sonegação das grandes empresas.
Ao invés disso, passou a concentrar sua artilharia contra o filho de Lula, que não tinha nada a ver com nada na operação.
Aí sim, a grande mídia entrou de sola, dando destaque, longas matérias no Jornal Nacional e no Fantástico - todas as outras mídias então também passar a noticiar.
O Valor hoje fala em pontos de contato entre Lava Jato e Zelotes.
Querem juntar as duas, transformando-a numa só conspiração midiático-judicial contra o governo.
Que lindo! Que romântico!
Enquanto isso, os mais de R$ 500 ou R$ 600 bilhões sonegados anualmente, um valor infinitamente maior do que qualquer esquema de corrupção, seja trensalão, mensalão ou petrolão, são varridos para debaixo do tapete.
Lula dá um depoimento na Polícia Federal, que vaza horas depois para a TV Globo.
Nenhum governador ou ex-presidente é chamado para depor na PF, apenas Lula.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) resume a coisa: “Não posso crer que o curso das investigações na PF seja ditado pelo interesse editorial do Jornal Nacional”.
É exatamente isso que está acontecendo, deputado.
Ao mesmo tempo, o nosso ministro da Justiça afirma que há uma "revolução na PF".
Sim, claro, quanto mais a PF seguir as ordens da Globo, maior será a sua glória!
Talvez até ganhe o Prêmio Faz Diferença em 2016!
Aliás, a sonegação da Globo, outro furo do Cafezinho, também foi arquivada na PF do Rio de Janeiro...
O que é mais sinistro é o pacto de silêncio e cumplicidade das mídias nacionais em torno da Globo.
É como se houvesse um terrível e silencioso sistema de censura branca, pelo qual apenas notícias antes chanceladas pela Globo pudessem ser veiculadas livremente por outros órgãos de imprensa.
Se não sair na Globo, é porque a notícia é subversiva: melhor não publicar...
Se sair na Globo, mesmos as notícias mais vagabundas e mentirosas, vide os "furos" de Lauro Jardim, só aí a mídia nacional sente-se à vontade para correr atrás de mais detalhes.
Mas isso não vai durar muito.
Em 2016, o Cafezinho tem como objetivo contratar um repórter investigativo para me ajudar.
Enquanto a mídia devasta suas próprias redações, demitindo em massa, a blogosfera cresce, contratando gente.
O jogo vai virar.
Os documentos da Zelotes, por exemplo. São 494 páginas.
Basta mergulhar nelas e ir puxando o fio.
***
Da assessoria do deputado Paulo Pimenta, por email.
Pimenta pede à Polícia Federal retomada do foco central da Operação Zelotes e questiona seletividade de investigações
Relator da subcomissão da Câmara Federal que acompanha os desdobramentos da Operação Zelotes, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) questionou, nesta terça-feira (29), o Diretor Geral Substituto da Polícia Federal, Rogério Galloro, por que estão paralisadas as investigações que apuravam desvios de R$ 20 bilhões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) da Receita Federal. Prometidas para julho de 2015, as denúncias contra grandes bancos e empresas, como Bradesco, Santander, Mitsubishi, entre outras, nunca foram apresentadas.
A preocupação do parlamentar é que, segundo informações às quais ele teve acesso, a Polícia Federal não realiza há meses nenhuma diligência dentro escopo original das denúncias da Operação Zelotes.
Nesse período, porém, a PF abriu uma investigação paralela para apurar a compra de medidas provisórias no Governo Federal. “Não posso crer que o curso das investigações na PF seja ditado pelo interesse editorial do Jornal Nacional”, disse Pimenta, em referência ao fato de a Zelotes só ter recebido destaque na imprensa quando envolveram o nome do filho do ex-presidente Lula na Operação.
Pimenta aponta nessa “dobradinha com a imprensa” um dos fatores que podem ter sido responsáveis pelo desvio de foco e paralisação da Zelotes, já que, para ele, a investigação contra os bancos e os grandes anunciantes da própria mídia não têm espaço na imprensa. O deputado lembra que o juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, é defensor desse tipo de relação com a imprensa. Em artigo, Sérgio Moro defendeu que só “com o apoio da opinião pública, elas [as operações] têm condições de avançar e apresentar bons resultados”.
FHC – Questionado pelo deputado se há algum critério dentro da Polícia Federal para que sejam ouvidos ex-presidentes da República, Galloro alegou que não há nenhum padrão a ser seguido e que a autoridade policial tem autonomia para ouvir quem julgar necessário. “Essa subjetividade das escolhas é que causa estranheza. Se o objetivo é ouvir os ex-presidentes sobre supostos escândalos que ocorreram durante seus governos, por que motivo o Fernando Henrique nunca foi chamado, já que a corrupção na Petrobrás e o caso Alstom em São Paulo – para ficar só nesses dois episódios – iniciaram quando ele ainda era Presidente?”, indagou o parlamentar.
Pimenta lembrou que governadores ou ex-governadores também nunca foram chamados para depor sobre supostos casos de corrupção que tenham ocorrido durante o tempo em que estiveram à frente do Executivo. “Deveria haver um critério, então, para todos. Esse direcionamento das investigações é que gera perplexidade”, contestou o parlamentar.
Vazamentos – Outra observação feita pelo deputado foi quanto ao vazamento do conteúdo do recente depoimento do ex-presidente Lula, que prestou esclarecimentos à Polícia Federal na condição de informante para a Operação Lava-Jato. As informações foram vazadas e menos de 24 horas depois foram apresentadas pelos telejornais da Rede Globo.
Pelo Código de Ética da Polícia Federal é vedado ao agente público do Departamento “usar ou repassar a terceiros, através de quaisquer meios de comunicação, informações ou conhecimento de domínio e propriedade do Departamento de Polícia Federal”. Além disso, o artigo 153 do Código Penal prevê para o crime de vazamento de informações sigilosas pena de detenção de um a quatro anos, enquanto a Lei 9.296/96, que tipifica como crime o vazamento de informações sigilosas constantes de processos judiciais, estabelece pena de dois a quatro anos de prisão.
Diante do caso, o Diretor Geral Substituto da PF afirmou que os vazamentos à imprensa “serão objeto de apuração” e se resumiu a dizer que a “PF procura evitar qualquer tipo de exposição” e que, se houver condutas equivocadas, as mesmas serão corrigidas.
Conselheiros – Por fim, Pimenta questionou também por que não são objeto das investigações as escolhas dos conselheiros feitas pelas entidades como a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF). As investigações apontaram que os conselheiros do Carf recebiam propina para anular multas milionárias de grandes empresas com a Receita Federal.
Deflagrada pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, inicialmente para investigar a corrupção no Carf, a Operação Zelotes foi perdendo fôlego ao longo do ano. Pelo esquema, empresas com dívidas com a União pagavam propina a conselheiros do Carf para se livrarem das multas. “São empresas que contam com a blindagem da mídia e a disposição da imprensa de transformar a Zelotes em algo que ela não é. Espero que a PF retome o foco e conclua suas investigações para que o Brasil possa conhecer quem são as grandes empresas sonegadoras do país, e as pessoas que montaram esse esquema bilionário de corrupção dentro do Carf”, enfatizou Pimenta.
Assessoria Parlamentar
Foto: Fabricio Carbonel
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