17/08/2016
Os últimos dias de um país que queria ser grande. E que será.
Do Tijolaço · 17/08/2016
Por Fernando Brito
Domingo, acaba a Olimpíada, que os ingênuos maldisseram por não verem que nosso país pode e deve receber o mundo com seu melhor, como se pobre não pudesse fazer festa.
Até o outro domingo, termina o período de quase 30 anos de legitimidade democrática que o país, aos trancos e barrancos, viveu desde as eleições de 1989. O direito de escolha que os pretensiosos e os reacionários também não aceitaram nunca, porque pobre, além de não poder fazer festa, também não pode decidir quem governa seu país.
Em poucos dias, o país que, na última década, vinha se afirmando
diante do mundo, aparecendo com o tamanho enorme que possui, cai de
novo da vida medíocre que nos fazem crer ser uma fatalidade para o
Brasil.
O acanalhamento da vida volta a ser o normal, a política volta a ser apenas um negócio, o povo apenas um molambo.
Baixamos, desde a segunda eleição de Dilma, a bandeira e, baixada a bandeira, perde-se a batalha.
Os países se formaram por causas e as causas são seus interesses.
Quando os interesses de uma coletividade não se erigem em causas, ela perde seu rumo e capacidade de mobilizar-se.
Os defeitos políticos – boa parte deles inevitáveis e efeitos colaterais do exercício do poder – das forças populares no Brasil, porém, não devem ser superestimados.
Em primeiro lugar, porque eles são próprios da política – ou de qualquer atividade humana. Purismos são, quase sempre, imobilizadores, quando não autoritários. Não se perde a pureza quando não se perde a própria natureza, apenas quando se faz da política apenas escada do ego e da pecúnia.
Em segundo lugar, porque a submissão é apenas se deixar-se, enquanto a rebeldia é a exploração de caminhos, de veredas, de espinhos, por um mapa que tem norte, mas não tem estradas abertas.
Mas, sobretudo, porque um país como o nosso é objeto de cobiças imensas, proporcionais às suas riquezas e seus potenciais. E estas cobiças formam seus suportes internos, imensos como tudo o mais aqui.
A história deste país está escrita na frase que li, ontem, no facebook de meu sempre professor Nilson Lage: “A luta do Brasil pela independência é a luta de seu povo trabalhador. Dele e dos que sonham com ele.”
Só quando pararmos de sonhar seremos, de fato, pequenos.
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