12/10/2016
Congelar o gasto da saúde, já ridículo, é voltar ao século passado.
O excelente Bernardo de Mello Franco, na Folha, comete um erro, embora sua análise esteja totalmente correta.
É que, ao comparar a miséria dos gastos com saúde dos brasileiros e mostrar que é menos da metade do de países vizinhos, como a Argentina, valeu-se de dados que, infelizmente, estavam superestimados.
Em lugar dos US$ 595 que menciona, o correto é, segundo dados divulgados em fevereiro deste ano, pelo Fantástico – a imagem que reproduzo acima é de lá – é de US$ 443,7/ano . R$ 1 489,84, anuais, com o dólar a R$ 3,20 dá esse valor.
A correção em nada invalida o diagnóstico expresso no texto de Franco: a PEC 241, na Saúde (como em quase tudo), será um castigo para os mais pobres.
Barrados no banquete
Bernardo de Melo Franco, na Folha
O governo prometeu “cortar na carne”, mas
ofereceu filé mignon a 200 deputados para aprovar a PEC do teto de
gastos. Antes de servir o banquete, Michel Temer disse que está “fazendo
história” e que movimentos contra a proposta “não podem ser admitidos”.
A imodéstia do presidente parece um bom motivo para ouvir quem se opõe
ao texto.
Um estudo do Ipea, instituto ligado ao
Ministério do Planejamento, sustenta que a PEC causará danos profundos
ao sistema público de saúde. Os pesquisadores Fabiola Vieira e Rodrigo
Benevides afirmam que o setor perderá até R$ 743 bilhões se as despesas
forem congeladas por 20 anos, como deseja o Planalto.
Para os autores, o plano usa o
“pressuposto equivocado de que os recursos públicos para a saúde já
estão em níveis adequados”. Não estão. Em 2013, o gasto brasileiro foi
de US$ 591 per capita. Isso equivale a metade do argentino (US$ 1.167) e
a um sétimo do americano (US$ 4.307).
O estudo mostra que a despesa do Brasil
com saúde se mantém estável há 15 anos, na casa de 1,7% do PIB. Com o
congelamento, deverá encolher para até 1%.
Ao apresentar o plano, o Planalto ignorou
problemas como o envelhecimento da população. A participação dos idosos
deve saltar de 12,1% para 21,5% nas próximas duas décadas. Isso
aumentará a pressão sobre o SUS e elevará gastos com doenças como
diabetes e hipertensão.
O presidente do Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde, Mauro Junqueira, diz que o congelamento
vai agravar as filas nos hospitais e castigar os mais pobres -que não
foram convidados para o banquete no Alvorada.
Ele está inconformado com o discurso
governista de que protestar contra a PEC é “ser contra o Brasil”. “Isso
não é uma luta partidária. É uma luta em defesa do SUS”, afirma. O
secretário atua em São Lourenço (MG), município administrado pelo PSDB.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista