sábado, 1 de outubro de 2016

Nº 20.069 - "A resposta patética da Globo à bofetada de Jandira Feghal"


01/10/2016 

 

A resposta patética da Globo à bofetada de Jandira Feghali

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(Charge: Vitor Teixeira)


Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho


Jandira Feghali abriu desta forma sua participação no debate entre os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro, ontem à noite, na Globo (vídeo aqui):
Boa noite, nós estamos aqui na TV Globo, e eu não poderia deixar de registrar que esta emissora apoiou o golpe contra a democracia e contra uma mulher eleita, que foi cassada sem qualquer crime.
A Globo se auto concedeu o direito de resposta e a apresentadora Ana Paula Araújo falou o seguinte (vídeo aqui):
A TV Globo não é obrigada a realizar debate. Se a emissora faz isso é exatamente por apreço à democracia, inclusive se expondo a ter críticas aqui ao vivo, dos candidatos que estão aqui e concordaram em vir participar desse debate. Então, de qualquer maneira quero lembrar também que não é a TV Globo que ta sendo avaliada aqui, são os candidatos.
Simplesmente patético.

A emissora preferiu não responder diretamente à acusação de Jandira.

O responsável pelo texto lido pela apresentadora, talvez Ali Kamel, provavelmente avaliou que ficaria mais feio ainda negar o apoio ao golpe de Estado recém aplicado no Brasil.

A Globo tentou sair pela tangente alegando que não tem obrigação de fazer debates, mas ao realizá-los demonstraria todo o seu apreço pela democracia.

Ora, em primeiro lugar, uma empresa que apoiou dois golpes de Estado - sendo a grande comandante do consórcio golpista versão 2016 - e foi o sustentáculo midiático da ditadura militar dizer que tem apreço pela democracia por realizar debate eleitoral é um escárnio.

Em segundo lugar, a Globo não é obrigada a realizar debates, de fato, mas deveria ser.

O espectro eletromagnético, pelo qual trafegam as ondas de rádio e TV, não pertence a Globo, mas ao povo brasileiro.

A Constituição estabelece que o direito de transmissão de sons e imagens tem caráter de serviço público, cabendo à União explorar diretamente ou mediante concessão os serviços de rádio e TV. Isso significa que aquele empresário detentor de uma concessão de rádio ou de televisão não é o dono daquele negócio, mas está apenas autorizado a explorá-lo por tempo determinado.

Na democracia liberal em que vivemos, o ápice da participação popular é o momento do voto.
Os detentores das concessões de rádio e TV deveriam ser obrigados, portanto, a dar espaço para que os candidatos apresentem suas propostas à população e debatam entre si, com o ônus pela veiculação recaindo sobre as próprias emissoras.

Qual o sentido de o povo CONCEDER, através do Estado, os serviços de rádio e TV a particulares e depois pagá-los para que transmitam as propostas dos que se candidatam a ser representantes do próprio povo?

Nenhum, mas é exatamente isso que acontece hoje com o horário eleitoral 'gratuito', que não tem nada de gratuito: os partidos não pagam nada, mas o governo, ou seja, nós, pagamos através de isenções fiscais milionárias às emissoras.

Tal absurdo está inscrito nas leis nº 9.096/95 e 9.504/97: 'as emissoras de rádio e televisão terão direito à compensação fiscal pela cedência do horário gratuito previsto nesta lei'.

Quem se habilita a entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade junto ao STF?

Enquanto isso não acontece, os políticos de esquerda deveriam todos ou boicotar veículos de mídia golpistas ou fazer como fez Jandira: deixar as coisas claras, escancarando para quem assiste toda a canalhice política da Globo e seus congêneres.

A apresentadora do debate disse que ali não era a Globo que estava sendo avaliada.

Mas fora da realidade paralela da emissora nós vamos avaliar, discutir e criticar a Globo sim.
Até que a mídia seja democratizada no Brasil.

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