04/05/2017
Com pequenos gestos podemos fazer uma revolução pacífica e silenciosa
Do Viomundo - 04 de maio de 2017 às 15h24
por Marco Aurélio Mello
O primeiro trimestre do Itaú foi ótimo e o do Bradesco idem.
Há setores da sociedade que faturam alto com o quanto pior, melhor.
Se é assim, pergunto: eles preferem o melhor ou o pior?
Os banqueiros gostam de um país endividado porque países endividados precisam de dinheiro emprestado.
Se ninguém empresta, o “prêmio” para quem tiver coragem de comprar os títulos públicos aumenta.
Prêmio neste caso chama-se juro.
Os banqueiros também gostam de um povo gastão e pendurado.
Assim, o risco de não pagamento aumenta e com mais risco a correr, mais spread para cobrar.
Notaram que quando o Palocci disse para o Moro – na semana passada – que estava disposto a falar dos bancos e da Globo a Lava Jato deu uma mudada?
Ou a gente é ingênuo de achar que os bancos e a Globo não têm interesses em determinados políticos, em detrimento de outros?
Sabe qual é o nosso maior problema hoje?
Temos dificuldade em identificar quem são nossos verdadeiros adversários no campo político.
Meu pai já dizia: o dinheiro não tem ideologia.
Portanto, nossos adversários não estão na classe média, nem nas várias tendências da esquerda.
As perguntas que precisamos fazer são:
1. Quem são nossos adversários?
2. Qual é o mal que eles produzem à sociedade?
3. Por que devemos nos opor a eles?
4. Como enfrentá-los e com que armas?
Precisamos impor limites aos bancos e ao oligopólio da Globo, certo?
E sabemos que não dá para confiar no Estado para isso, certo?
Bom, para não depender de bancos precisamos nos reinventar na vida privada: quebrar o cartão de crédito, só comprar se houver dinheiro no bolso e não gastar mais do que temos.
É difícil, né?
Mas é um aprendizado necessário.
Não depender de bancos é a experiência mais libertadora que um ser humano pode experimentar, vai por mim.
A segunda experiência libertadora é extinguir o hábito de ver TV.
Uns dizem que só assistem ao futebol, porque são fanáticos e a Globo tem exclusividade na transmissão.
Outros não assistem a nada, mas quando tem uma mini série de época passa a ser inevitável.
Há aqueles que cresceram acompanhando novelas e virou “dependência química” e assim por diante…
Argumentos para continuar a assistir TV não faltam.
Há 10 anos eu tomei uma decisão radical: não assisto mais à Globo, aliás, quase não assisto a canal nenhum.
E sabe por quê?
Porque minha audiência, mesmo que esporádica, legitima o canal.
Assim como o canal de um rio leva água de um ponto ao outro, o canal de um dente irriga suas extremidades.
E um canal de TV leva informação e entretenimento que, quer a gente queira, quer não, nos condiciona e nos aliena.
Eu já tive ódio deles.
Hoje o que tenho chama indiferença.
A gente não percebe, mas somos nós que legitimamos aqueles que nos oprimem.
Para se livrar de uma dependência, qualquer uma, temos que ir aos poucos.
Primeiro, não ligamos a TV pela manhã.
Depois, restringimos o tempo à noite e, mais para frente, banimos o hábito nos fins de semana…
Em pouco tempo a TV sai de nossas vidas e a gente nem percebe.
Sem audiência o faturamento com anúncios cai e seu tamanho diminui naturalmente.
Na Europa consumidores conscientes vão além.
Deixam de comprar dos anunciantes dos canais de TV.
Mas este é um passo adiante.
Por enquanto, nosso gesto de resistência pacífica pode ser frente a um adversário poderoso por vez.
São ações individuais, silenciosas, que mudam nossa realidade e, em larga escala, mudam a realidade de toda sociedade.
Tínhamos que levar esta reflexão mais a sério.
Mudar nosso destino individual e coletivo só depende de um gesto nosso.
Pense nisso!
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